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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Pus-me aqui a pensar neste problema de não saber em quem votar nas próximas legislativas e imaginei um cenário metafórico onde os partidos políticos são médicos para ver se o quadro me inspirava alguma luz.
Então imaginei que estou doente, dói-me a perna, por exemplo, e vou ao médico. Vamos lá a ver como me tratavam e em quem posso ter confiança para me resolver o problema.
Se o médico fosse... o A.C.
B - Bom dia.
AC - Bom dia, então diga lá o que se passa?
B - Dói-me a perna.
AC - Mas vamos lá a ver... veio a guiar? Trouxe o carro para o centro de Lisboa? É que isso não pode fazer bem à perna.
B - Hã...?
AC - 'Bem, não interessa. Vou já chamar um assistente para tratar do seu problema'. Pega no telefone e diz à secretária que precisa de um assistente. Aparecem 6. 'Mas o que é isto? Só preciso de uma pessoa como assistente', diz AC.
Boy nº1 - Olhe, senhor doutor, fui eu que lhe arranjei a entrevista com aquele senhor que deu aquele capital para o seu departamento médico. Não se esqueça...
Boy nº 2 - Mas quem é que andou pelos andares do hospital a levar os velhos e os paralíticos à mesa de voto para o senhor ser o chefe do departamento...? Fui eu, como se lembra.
Boy nº 3 - Só quero lembrar que sou o tio preferido da sua mulher...
Boy nº 4 - E eu lembro que sou eu quem tem na mão a enfermeira-chefe sem a qual o senhor nada faz...
Boy nº 5 - E eu sei tudo o que se passa no hospital... por exemplo, sei qual destes boys avisou o senhor de Évora das festas que aqui se fazem à noite...
Boy nº 6 - Eu de momento só quero pôr uma questão que terá importância no futuro: a sra. B. vai a Évora à visita ou alega impedimento por via da perna?
B - OI!! EU ESTOU AQUI!! ESQUECERAM-SE DE MIM?
AC - Claro que não, dona B, os pacientes estão em primeiro lugar. Aliás quando for o Director do hospital vou mandar fazer uma estátua ao doente para pôr no Átrio.
Boy nº 2 - O senhor doutor não acha que é melhor usar o dinheiro em outra coisa mais úitl?
AC - Não, não acho e há-de chegar a minha vez de mandar. O chefe sou eu e quero prestar homenagem ao sofrimento do povo doente com uma festa de arromba.
B - Então e a minha perna?
Todos os boys em uníssono - doutor AC, não se compromenta com um único tratamento que ainda é cedo. Há muito tempo para pensar em pernas e em tratamentos. Devemos ler toda a literatura disponível antes de agir. Talvez fosse melhor contratar mais assistentes para ter mais vozes. Vamos ver o que faria o Grande Pai nesta situação que ele sempre se soube safar muito bem...
AC - Grande ideia! Olhe, dona B, vou formar uma equipa de assistentes para estudar o problema da sua perna. Passe por cá para o mês que vem que talvez já tenhamos uma primeira resposta. E até lá não ande de carro aí no centro que isso faz mal à perna.
B - Um mês? Mas a perna vai entrar em degradação! Isto é uma crise!
AC - Tenha calma que há vida para além da crise. Pede-se um crédito para uma nova perna, põe-se uma prótese, enfim, qualquer coisa se há-de arranjar... afinal somos portugueses, alguma coisa se há-de desenrascar.
B - Hã...!!!???
[este está riscado da lista]
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