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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Hoje fui ao hospital levar uma vacina. Estávamos lá umas nove pessoas na sala de espera quando entra uma mulher com o filho. O miúdo, com cerca de cinco anos, vinha com um jogo electrónico com o som altíssimo, uma música e uma voz tipo Mário, completamente irritante. Sentou-se numa mesinha de apoio em vez de sentar-se na cadeira, a falar à bebé (dizia 'fomiga' em vez de formiga e a mãe não o corrigia - isto é tão nocivo para o desenvolvimento da linguagem e do pensamento) com o jogo, sempre altíssimo. A mãe chamou-o, disse que não ia. Levantou-se a mãe e foi dar-lhe um iogurte à colher como se fosse um bebé, ela de joelhos no chão, ele a virar a cabeça. A mãe como se nada fosse.
Como não me cabe a mim educar pais mas aquilo estava a incomodar-me imenso -mais a atitude da mãe que a do puto- levantei-me e fui esperar para o corredor onde não o ouvia. Passados cinco minutos já estávamos seis no corredor. O puto ia-nos expulsando da sala, um a um.
São estes pais que nos tramam: quando este miúdo chegar a uma sala de aulas só vai dar problemas em virtude de ninguém lhe ter ensinado competências básicas de sociabilidade ou lhe ter incutido um mínimo de regras e disciplina, alguma resistência à frustração...; enfim, quem se trama é o professor que o apanhar porque vai ter que trabalhar contra a mãe para o educar minimamente nessas áreas, muito antes de o poder instruir. Agora imagine-se uma turma com uma mão cheia destes...
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