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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Apenas um quarto dos municípios garantem sucesso escolar, conclui estudo da associação Empresários pela Inclusão Social e do Cesnova que é apresentado esta quarta-feira.
De acordo com o Atlas da Educação, 35% dos alunos do básico e secundário têm pelo menos uma retenção ao longo do seu percurso escolar.
“A solução não passará necessariamente por proibir a retenção ou de a iludir pela busca de sucesso a qualquer custo”, defende a equipa do Cesnova, que foi liderada pelo sociólogo e antigo ministro da Educação David Justino. Os investigadores propõem que o combate ao insucesso escolar passe pela prevenção, mas, sobretudo, por “contrariar a cultura dominante” que aceita as reprovações dos alunos como algo “natural”. O sistema de ensino português “não está concebido para promover o sucesso e a equidade”, lê-se nas conclusões do documento.
Partindo desta análise concelhia, a equipa do Cesnova preconiza é que a aposta na prevenção do abandono e insucesso escolar deve assentar num princípio de descentralização e de mobilização das escolas e das comunidades locais. De resto, os investigadores concluem que o sistema de ensino português apresenta “características muito marcantes de gestão centralizada”, o que poderá explicar “o insucesso dos grandes planos de reforma”.
Não percebo o que significa os municípios garantirem o sucesso... obrigam as escolas a passar os alunos?
E que significa isso do 'ensino de português não estar concebido para promover o sucesso e a equidade'?
E a cultura dominante que aceita as reprovações é o quê? Está a dizer que a culpa das reprovações são os professores que têm uma cultura de chumbar alunos? Mas as pessoas não vêem o caos que o MEC tem instigado nas escolas nestes últimos oito ou nove anos?
Mas pensar-se-à que a educação se faz numa espécie de bolha separada da realidade contextual? Que ter 30 alunos nas turmas, professores com excesso de turmas, excesso de trabalho burocrático inútil, programas que mudam de repente, exames contraditórios com o trabalho que se faz, escolas onde as estruturas decisoras estão inalteradas há anos, petrificadas, ataques à autoridade dos professores, desresponsabilização dos próprios alunos e famílias no seu próprio sucesso, a pobreza e falta de condições das famílias e outros mil e um problemas que têm minado o trabalho das escolas não têm consequências para os alunos?
E descentralizar o quê num país do tamanho de uma província espanhola? Para quê? Para que o ensino do português garanta o sucesso a todos? Uma coisa é autonomia para adaptar alguma parte dos curriculos a particularidades do contexto local, poder gerir o modo como se atingem os objectivos, em que tempos, em que espaços e em que hierarquia de prioridades e necessidades, outra é dizer que cada um faça mais ou menos como quiser, deixando que estas estruturas que ficaram inalteradas desde o tempo da Lurdes Rodrigues se ponham a decidir qual é o portugês que os alunos devem ter ou não e outras coisas do género...
As reformas não têm resultado porque são feitas para experimentar novidades e teorias da moda, de tal maneira que algumas colidem com o que já existe, outras destroem justamente o que funciona bem e outras são contraditórias nos próprios termos, outras reformam as reformas antes de avaliarem o que correu bem e é de manter e o que deve mudar... dito de outro modo, temos tido reformadores duma grande mediocridade. E, pelos vistos vão aprofundar um bocadinho mais o mal que têm feito até agora.
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