por beatriz j a, em 13.03.14
Para quem diz que as notícias de fuga de gente qualificada é demagógica... o facto da maioria dos emigrantes serem os do costume (construção civil) é normal, pois são esses os primeiros a ficar num grande aperto sem trabalho e, são em muito maior número que os licenciados; o que não era costume era que, além desses, os outro, os qualificados, tivessem que emigrar por falta de perspectivas de futuro: enfermeiros, engenheiros, gestores, investigadores das áreas científicas, aos milhares, cada ano (trabalhadores da hotelaria terem que emigrar, num país onde a indústria do turismo é das poucas que está em crescimento, é um dado muito significativo do que se passa em termos de oportunidade de trabalho no país...)
Porque os outros, os trabalhadores da construção, quando precisarmos deles há onde ir buscá-los; mas os qualificados, quando precisarmos deles, não temos onde ir buscá-los porque não se forma um enfermeiro, um engenheiro ou um biólogo marítimo em três meses e, dos que emigram agora, muitos já não voltam para um país onde o máximo que podem esperar é um emprego onde se ganha pouco mais que o salário mínimo.
Houve um esforço, nos últimos dez anos, em aumentar o número de licenciados no país (que mesmo agora está muito abaixo da média de outros países europeus), de qualificar a mão de obra e, o que se passa é que desperdiçamos esse investimento deixando que outros se usem desses recursos.
Logo, ficam por cá muito menos pessoas qualificadas (só temos números de 2011, sendo que 2012 e 2013 tiveram vagas maciças de emigrantes qualificados)
Portanto, é verdade e, não é demagogia, dizer que o país está em perigo de ficar sem pessoas jovens, produtivas e, reprodutoras, qualificadas e não qualificadas, minimamente suficientes, num futuro já muito próximo, para continuar a existir enquanto país independente.
Já nem falo das áreas das Humanidades onde a situação é calamitosa em termos de emprego e perspectivas de fututro... apesar de termos uma dramática falta de pessoas de qualidade nessas áreas que são atacadas nos discursos oficiais e nas práticas de desincentivo.