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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
O que eu lamento é que para o interior, nomeadamente para o agrupamento de Cinfães, de que sou director, não haja gente a querer vir. Das 25 pessoas que pediram para sair por motivos de saúde só uma não viu o pedido deferido, e foi por questões formais. Todos os outros foram embora”, comentou Manuel Pereira.
Só em quatro agrupamentos do distrito de Bragança já foram colocados por esse motivo 260 professores. E aos estabelecimentos de ensino da cidade de Coimbra chegou cerca de uma centena...
Se o governo não tivesse dado cabo da rede de cuidados de saúde e não tivesse desertificado o interior isto não acontecia. Quem tem um familiar doente não pode ficar colocado longe de um centro urbano com cuidados médicos. Famílias com filhos pequenos têm medo. No ano passado uma colega pertencente a um quadro de uma escola no alentejo profundo, como se diz, destacada na minha escola, dizia-me que tinha medo de ir ficar na sua escola de origem: é que, para além de ficar longíssimo de casa e não poder suportar duas casas (os professores ao contrário de médicos, juízes, políticos e afins, não têm nenhum subsídio de deslocação ou recompensa [é o grande lobby corportativo a funcionar]), o pior era o filho pequeno, que às vezes tem graves crises de asma e alergias, sendo que o centro médico mais próximo fica a dezenas de quilómetros de estradas alentejanas. Disse-me que uma vez teve recorrer ao veterinário da zona...
As políticas de cortes a eito têm estes efeitos. Mas os governos, como se sabe, não são conhecidos por saberem pensar... Quem é que quer ir dar aulas para o interior completamente desertificado de serviços, de interesses, de vida, de acesso a um médico, a um enfermeiro, etc.?
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