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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Hoje, um amigo disse-me que é o primeiro dia, desde há 33 anos, em que não é professor. Difícil... Decidiu sair do ensino. Ainda há coisa de um mês uma vendedora de uma loja aqui de Setúbal, por acaso, falou-me dele com grandes elogios, disse-me que ele tinha sido professor e DT das duas filhas e que ela e as miúdas tinham gostado imenso dele (ainda nem lhe disse isto). Muita gente vai-se embora, não porque queira, mas porque já não se pode ficar. É claro que só vai quem pode, de uma maneira ou de outra... Ainda a semana passada encontrei uma amiga, ex-colega que já não via há muitos anos e que deixou de dar aulas este ano, ao fim de quase trinta anos de trabalho. Uma pessoa empreendedora, criativa, inteligente e com valor. Disse-me que já não respirava e que havia muitos dias em que entrava na escola e ia vomitar... Tantos que, gostando de ser professores e, sendo bons professores, dizem o mesmo, que iriam embora hoje, se pudessem. A escola já não tem lugar para quem gosta de ensinar e de ser professor. O que fizeram às escolas e ao ensino é inqualificável. Um dia há-de estudar-se e falar-se desta época negra da educação que começou com a Lurdes Rodrigues (essa mulher que deixou milhares de copycats por aí) e está longe de ter acabado. Como sempre, quando se perceber bem a extensão das malfeitorias já será tarde, tudo já destruído sem retorno...
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