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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Hoje falei com alunos que estiveram na Finlândia e pedi-lhes que contassem a experiência deles. O que mais os impressionou foi o silêncio. Nas aulas, nos corredores da escola, na rua, nos autocarros, nos shoppings, não há barulho. As pessoas interagem pouco. Nos autocarros nunca se sentam num banco onde já esteja outra pessoa. É claro, estranharam o dia começar tão cedo e acabar tão cedo e ter que descalçar os sapatos para entrar em muitos sítios.
Na escola, disseram-me que viram turmas pequenas, com cerca de dez alunos. As portas das salas estão reforçadas por causa do terrorismo e têm a sensação de estar presos lá dentro.
Os professores entram, despejam a matéria que têm que dar, sem uma única palavra para os alunos que andam de um lado para o outro com o telemóvel na mão. Não ligam nenhuma ao que o professor diz. O professor também não quer saber e não ajuda. Pode, por exemplo, pôr um exercício de matemática no quadro para a aula inteira e depois senta-se à espera que chegue a hora de sair. Perguntaram aos professores porque deixam os alunos andar de telemóvel. Disseram que não vale a pena proibir porque o usam às escondidas.
Falaram nas salas com psicólogos onde os alunos vão fazer terapia. Acharam tudo impessoal, demasiado sério e sem vida, nas palavras deles.
A escola onde estiveram é uma escola típica. Tem alunos desde a pré-primária ao secundário.
A autonomia das escolas funciona como as paróquias das igrejas: se a escola está num bairro rico pagam bem aos professores, se está num sítio pobre pagam mal.
É que isto não tem nada a ver com o que pintam por aqui acerca das escolas na Finlândia. No entanto, esta foi a experiência de alunos e de professores.
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