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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Um ex-aluno que se tornou um querido amigo está mesmo a acabar a licenciatura em matemática e acabou de dizer-me que já se decidiu por seguir matemáticas puras porque é o que gosta e não quer mentir e atraiçoar-se a si mesmo só por questões de pragmatismo, isto é, de ganhar mais e imediatamente dinheiro na matemática aplicada, o que seria muito fácil porque tem várias propostas de emprego já neste momento. É uma enorme felicidade vê-lo construir o caminho dele com integridade e valor. Faz cinco anos que o conheci, no 11º ano dele. Foi meu aluno um ano só mas foi o que bastou. Pessoas raras :)
Anima imenso ver os miúdos crescerem e construirem positivamente o seu caminho e é gratificante acompanhar uma época emocionante da vida deles.
Hoje mesmo, tive uma turma do 10º ano a discutir trabalhos, não comigo mas uns com os outros, em equipas opostas, sobre temas actuais no âmbito dos valores e escolhas éticas. Temas que estão a ser discutidos na sociedade e na AR, como a eutanásia e os direitos de adopção dos casais homoparentais, etc. Andaram três semanas a preparar-se para esta discussão e a maioria preparou-se a muito a sério. Nada de parvoíces como são os debates apalermados e demagogos que se vêm na TV. Têm que saber enquadrar os argumentos nos fundamentos filosóficos que estivemos a dar nas aulas.
Era preciso vê-los, muito compenetrados a discutir os temas, com a linguagem apropriada, e dados e factos a apoiar os argumentos, uns com os outros, como se as leis dependessem da discussão que estava ali a fazer-se. Arrumaram a sala como se fosse um pequenino hemiciclo. Anima muito ver estas coisas. É claro que, infelizmente, muitos saem da escola e perdem-se das intenções e desta capacidade de verdade que tinham mas... não todos, não todos 🙂
Tenho muita sorte de ter com frequência alunos que são pessoas genuínas, interessantes e de valor; mais sorte ainda de ter entre eles alguns grandes amigos.
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