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dos alunos

por beatriz j a, em 14.11.18

 

Os adolescentes são emocionalmente instáveis mas se são bem formados voltam sempre a si. Na segunda-feira entreguei testes a uma turma e um aluno teve uma nota péssima, muito abaixo das possibilidades dele de modo que entalei-o um bocado porque se não desacomodamos os miúdos eles não evoluem, antes começam a reforçar os vícios. Ele levou aquilo a mal e como estava chateado consigo próprio projectou aquela raiva para cima de mim e falou-me num tom irritadíssimo. Hoje veio falar comigo no fim da aula. Pediu-me desculpa, disse-me que andava desmotivado e outras coisas. 

Ofereci-me para ajudar, claro. Criámos logo ali um 'mini-bond' e isso geralmente é o início de uma mudança no comportamento de trabalho dos alunos. Essa confiança, quero dizer. Hope so :)

 

Estou quase no limite que imponho a mim mesma de entrega de avaliações de modo que até à próxima segunda tenho que levar as avaliações dos trabalhos de apreciação estética. Se uma pessoa leva muito tempo a ver as coisas eles esquecem-se porque já estão noutra matéria qualquer e depois tivémos um trabalhão a corrigir e anotar os méritos e deméritos do trabalhos e tudo acaba por ter pouco proveito. Às vezes, se vejo que me estou a atrasar a ver as coisas, para me obrigar a vê-las digo às turmas, 'se não trouxer os testes ou trabalhos até dia tal subo um valor na nota de toda a gente.' É claro que eles começam a dizer, 'professora, não se preocupe, não traga os testes' :) e é claro que arranjo maneira de os ver a tempo...

 

Tenho muitos ex-alunos no FB. Tenho lá alunos do 3º ano em que dei aulas :) Falamos de vez em quando, espaçadamente, mas vou acompanhando a vida deles, o que aprecio. Já têm filhos. É giro. Muitos, com certa regularidade, mandam-me mensagens a propósito disto e daquilo. Se entraram há pouco tempo na faculdade pedem-me livros, ajuda para trabalhos. Se estão com problemas na vida e não têm ninguém que os ajude pedem-me ajuda ou só querem mesmo falar e desabafar. Às vezes falam-me para contar as novidades da vida deles ou só para dizer olá.

Agora mesmo estava à conversa com uma ex-aluna que já deve ter aí uns 32 ou 33 anos e trabalha na área do desporto com crianças deficientes e disse-me que fez trabalho de Acção Social numa casa de acolhimento da SCDM. Adora o trabalho. Fala com um entusiasmo que dá gosto ouvir. Ligou-me porque anda a fazer uma pós-graduação no ISPA e queria que a lembrasse de um livro que lhe emprestrei quando andava no 12º ano e que a marcou muito, sobretudo o caso de um cirurgião com síndrome de Tourette. Sim, lembro-me muito bem do livro que lhe emprestei, Um Antropólogo em Marte do Oliver Sacks.

 

Cada vez gosto mais do trabalho das aulas com os alunos. Tem coisas muito gratificantes. E divertidas. Hoje, eu e uma turma tivémos um ataque de riso à conta das parvoíces de um aluno.

Uma pessoa treina os alunos e forma-os e ensina-os o melhor que sabe e depois cada um vai à sua vida. Há de tudo. Às vezes vidas muito diferentes daquilo que imaginávamos serem capazes quando eram alunos. Aqui há tempos dei com um ex-aluno a cantar fado numa casa de fados. Nem queria acreditar. Um rapaz que era tão tímido e bloqueado... é fadista :) Achei fantástico.

 

publicado às 20:23


7 comentários

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De Tudo Mesmo a 14.11.2018 às 20:38

Beatriz,
Quando venho aqui faz-me recordar os meus Professores. Uma que adorava foi a que comentei consigo, a de Filosofia. Tive-os/as outros/as tantos/as ao mesmo nível, como por exemplo de Português, que era de uma dedicação sem limites. É algo que fica a acompanhar-nos para o resto da nossa vida.
A única que não ia lá muito " à bola " era de Moral e Religião. Que não seja castigada, mas ... ai, ai... Era mesmo dado por um Padre. Ufa...
Boa noite
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De beatriz j a a 14.11.2018 às 20:59

Tive um professor de moral que era padre, no meu 5º ano (que agora é o 9º) quando isso era obrigatório. Chamávamos-Lhe o milagre de S. Manços e não digo porquê :)))
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De Tudo Mesmo a 14.11.2018 às 21:01

LOL
O meu não... O Senhor Padre era muito religioso. Eu tinha a cadeira antes de ginástica... ai, ai...
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De beatriz j a a 14.11.2018 às 21:07

Nessa altura quem dava moral eram quase sempre padres. Tive outro que muito sofreu com a nossa turma a quem chamávamos o Boguinhas, não sei porque nem me lembro do nome do homem.
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De Tudo Mesmo a 14.11.2018 às 21:13

E eu nem podia queixar. Fui que escolhi a cadeira. LOL
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De beatriz j a a 14.11.2018 às 21:15

Nunca escolhi tal coisa.

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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau. mail b.alcobia@sapo.pt

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