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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Nuno Almeida Alves é sociólogo, investigador do ISCTE e um dos autores do livro Jovens em Transições Precárias.
Portugal tem demasiados licenciados?
Não. Podemos pensar que sim, se tivermos como referência o emprego que está a ser gerado. Se a capacidade da economia portuguesa é gerar postos de trabalho em call centers ou a virar hambúrgueres, provavelmente sim. Temos de fazer o esforço de desligar a formação escolar do mercado de trabalho. Por exemplo, um licenciado em Línguas e Literaturas Modernas tem um conjunto de competências que lhe permite trabalhar em determinadas áreas que não só dar aulas. Muitas vezes, as empresas dizem que o mercado de trabalho não lhes oferece o que eles precisam. Naturalmente que não. Uma empresa pode recrutar um engenheiro e dar-lhe as competências necessárias para o adequar ao posto de trabalho. Não é solução diminuir o output das universidades portuguesas.
Portugal precisa de investir em formação intermédia?
Deve investir em ensino profissional de qualidade, mas não concordo que o crivo seja feito aos nove ou dez anos. Durante o ensino secundário, pode ser oferecida uma componente mais profissionalizante. Esse acompanhamento dos alunos e das famílias é feito, as escolas detectam, mas a aposta tem de ser feita na qualidade.
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