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Das coisas que assustam na educação

por beatriz j a, em 27.04.17

 

 

Recentemente fiz uma formação daquelas de curta duração. Foi um seminário. Teve a participação do Secretário de Estado. Os oradores eram quase todos do ensino universitário politécnico e trabalham na/ou com a DGE. Deveria, portanto, ter um certo nível de qualidade. Não teve. Excepto dois dos oradores, todos os outros mostraram uma confrangedora falta de conhecimentos, desleixo na preparação da intervenção e falta de entendimento do público alvo. Só para dar um exemplo, um deles atribuiu, a despropósito, a Aristóteles, um método inexistente. Disse que isso de copiar e de plágios são disparates, que na era da internet tudo está à disposição e que ele próprio, de cada vez que via alguma coisa que gostava, na internet, se apropriava imediatamente dela. Ninguém na mesa pareceu chocado ou, sequer, surpreendido, com estas palavras. Outra falou da dureza de ter uma turma com trinta alunos. Uma só turma. Os outros, em geral, falaram como se estivessem numa conversa de café, sem dados nem ideias estruturadas, foram paternalistas e usaram de um tom e discurso sem o mínimo rigor científico. Apesar da formação ter como tema práticas inovadores com as novas tecnologias, excepto dois dos oradores que falaram mesmo de técnicas e deixaram uma série de links úteis onde podemos ir buscar sugestões e ideias, os outros pouco falaram disso a não ser para fazerem uma espécie de endoutrinação sobre como é bom inovar. A piada é que todos passaram PPs mal feitos, com letras minúsculas e cores desmaiadas sem contraste. Ainda estou para saber o que diziam...

 

Uma pessoa sai de lá a pensar, 'estas pessoas, com este nível, são as pessoas que estão nos lugares decisórios dos assuntos da educação'. É assustador. 

 

 

publicado às 15:10


16 comentários

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De Aninhas a 28.04.2017 às 18:52

Costuma-se dizer k o exemplo vem de cima! Se essa gentalha não sabe dar o exemplo, de estar e saber estar, falar e saber e fazer entender do está a falar! Como saem de lá os alunos ou os formandos? Alguns mais baralhados do k entraram!
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De Pedro Nogueira a 28.04.2017 às 19:43

Nem é preciso assistir. Basta conversar dois minutos com muitos deles para se perceber que o país está entregue aos bichos.
O rei vai nu e não é de hoje.
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De beatriz j a a 28.04.2017 às 20:00

Aquilo foi triste.
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De P. P. a 28.04.2017 às 20:42

É lamentável.
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De Miúda Opinativa a 28.04.2017 às 22:26

Acho que há 3 problemas:
1. As pessoas efectivamente não são competentes;
2. As pessoas estão há demasiado tempo em certas posições e já não sabem o que é actuar no "campo" e, portanto, estão completamente descontextualizadas;
3. As pessoas consideram-se demasiado importantes para terem trabalho em preparar as apresentações. Os formandos são uns sortudos só por estarem na presença deles, não percebeste? ;)
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De beatriz j a a 29.04.2017 às 05:43

É isso. No fim preenchíamos um inquérito de satisfação com a formação e deixei lá escrito o que pensei daquilo.
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De José M. Carvalho a 29.04.2017 às 15:34

As constatações evidenciadas no texto são mais uma confirmação daquilo que que emerge com frequência em muitas outras situações: formações sobre promoção do sucesso educativo; decisões sobre a estrutura dos manuais escolares; decisões sobre a realização de exames/provas/aferições; alterações aos programas, etc.
Muitas destas ações/decisões sobre aspetos estruturantes do sistema educativo são feitas e/ou tomadas por pessoas que não conhecem a realidade do terreno; não sabem o que é trabalhar com o tipo de alunos cada vez mais difíceis da atualidade. A agravar, assumem uma postura comunicativa unidirecional como se fossem os máximos sapientes, numa configuração controversa de superioridade. Quando sei que os dinamizadores de qualquer formação não têm experiência do terreno, simplesmente evito assistir. Muitas das formações que tenho feito são dinamizadas por pessoas com alguma carolice que têm horário letivo e conhecem bem a realidade. A diferença é evidente.
Parabéns pela publicação.
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De beatriz j a a 29.04.2017 às 16:15

Eu também evito essas formações mas esta foi organizada por uma escola profissional que tem uma forte componente formativa na robótica e inovação tecnológica e me parece fazer um bom trabalho com os alunos, nomeadamente com aqueles que vão das nossas escolas com muitos chumbos e problemas disciplinares. Estava interessada em saber como motivam os alunos de tal maneira que eles mudam completamente a atitude face ao trabalho.
Não estava à espera de alguma coisa extraordinária mas esperava algo com um mínimo de qualidade.
(Um dos oradores, um ex-director de escola queixou-se do trabalho de director... e gabou-se de ter ficado com uma rede de conhecimentos entre os ex-directores que consegue o que quer com uns telefonemas... que as coisas funcionam assim já sabíamos, mas é sempre diferente ouvi-lo de viva voz.)
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De José M. Carvalho a 29.04.2017 às 19:33

Embora, por norma, não tenha muito tempo para entrar em troca 'epistolar' de comentários, desta vez, como estamos em fim de semana prolongado, sobra-me um pouco mais de tempo. Por isso sinto-me tentado a comentar o último post, pois toca no cerne daquilo que suscita tantas preocupações, horas de reuniões, sugestões de estratégias, etc. etc.: o insucesso, as retenções, a indisciplina; três aspetos intimamente relacionados. E de repente, vão para uma escola profissional mexer em parafusos, circuitos integrados, fios e computadores e... milagre! de arruaceiros, indisciplinados, jovens sem futuro, deprimidos, passam a entusiasmados, motivados com boas perspetivas de futuro. Tantas voltas se deu ao sistema desde o 25 de abril. Criaram-se PIEF's; EFA's. currículos alternativos, vias profissionalizantes e estratégias afins, todas com resultados muito desalinhados longe do que se pretendia. Está mais que provado desde as antigas escolas comerciais e industriais que há e sempre houve alunos que precisam de ver na sua aprendizagem um sentido prático ligado com a vida ativa. Os nossos currículos são demasiado teóricos e fastidiosos para os interesses desses alunos, daí o seu desapego para com a escola e consequente 'hecatombe'. O melhor portanto é o tipo de formação em que se insere a escola profissional referida. Aí, está mais de meio caminho andado para a motivação dos alunos: as atividades práticas com o tal sentido para a vida ativa. A formação na sua vertente ética e de cultura geral, ficam aqui um pouco desprezadas, mas há sempre a possibilidade de aproveitar o entusiasmo conquistado pelos alunos para acrescentar nos seus currículos essa componente formativa a par da formação puramente tecnológica.
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De beatriz j a a 29.04.2017 às 20:47

Segundo o que falou o orador dessa escola (um dos dois que gostei de ouvir) não é apenas a aprendizagem prática o que os motiva. Há outras condições de trabalho que não há nas escolas normais e, acima de tudo, dão aos miúdos autonomia, tempos diferenciados de aprendizagem e desafios.
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De Escafandrina a 29.04.2017 às 21:11


Profs do ensino universitário politécnico?? Por cá nao existe isso, ou é politécnico ou universitário, mas as pressoes politicas locais para que os politécnicos ascendam ao nível universitário estão próximas de se tornar realidade. Os politécnicos que foram pensados para formar técnicos de curta duraçao ( ao nivel de bacharel), mas sucessivas pressoes e a moleza dos sucessivos MECs levou a que hoje os Politécnicos concedam todos os graus académicos universitários, exceptuando o doutoramento, mas sendo possivel obte-lo por via de acordos com universidades, em particular espanholas. De resto, e pondo de fora o ISEL, é normal Profs oriundos de Politécnicos de baixissima qualidade tecnico-científica, que sao a maioria dos existentes, nao terem curriculum para serem Profs de qualidade sofrível. Basta atentar á forma como foram constituidos muitos politécnicos e como se recrutaram Profs., pois é sabido como estas coisas por cá funcionam.
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De beatriz j a a 29.04.2017 às 21:20

Acho que não se pode generalizar. Sendo verdade que os politécnicos estão para as universidades como as escolas profissionais estão para as escolas regulares, há alguns muito bons e outros péssimos.
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De Figueiredo a 30.04.2017 às 10:06

"Basta atender á forma"???!!!
E os acentos: "nao", "pressoes", "politicas", "duraçao", "nivel", "possivel", "sao"!!!

Quando se atiram pedras, temos de ter algum cuidado para que elas não nos caiam em cima!
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De Anónimo a 29.04.2017 às 22:04

Inteiramente de acordo. Desgraçadamente, há já muitos (demasiados) anos que o ensino (e não só) está nas mãos de gentalha assustadora. É confrangedor, para não dizer mais nada.
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De M a 30.04.2017 às 09:18

Mais assustador é encontrar estes espertos no ensino superior, inclusive em cursos de pós-graduação que custam milhares de euros em propinas. Quem se manifesta ou faz críticas e exige melhores condições fica marcado e não acaba o curso. Conheço um caso destes que não quer fazer mais ondas pois o país é pequeno e o trabalho remunerado não é abundante.

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