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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Há uma dúzia de anos aconteceu ter uma turma de Profissional de Desporto a quem dei uma cadeira de Psicologia A, num programa que se estendia pelos três anos do secundário.
Quando chegámos ao 12º ano, o programa era relativamente novo, com temas novos e não havia manual para a disciplina. Resolvi fazer eu com os alunos o manual (chamámos-lhes A Sebenta) e fazer dessa tarefa o nosso trabalho do ano e a avaliação deles.
Eu introduzia os temas, na primeira parte da aula e explicava-os e depois a turma desenvolvia o assunto. Dividimos a turma em grupos e cada grupo fazia uma parte da pesquisa de conteúdos, imagens pertinentes, gráficos, etc.. escreviam os textos. No fim de cada tema trabalhado escolhíamos, em conjunto, a melhor abordagem entre os trabalhos dos alunos e era essa que ficava na Sebenta, às vezes com pequenas alterações de edição.
É claro que isto só foi possível porque a escola tinham imensos computadores portáteis e era possível requisitá-los para as aulas.
Este trabalho, que os alunos gostaram imenso de fazer -eram uma turma de Desporto habituada a ser vista e a ver-se como gente que só quer jogar à bola sem capacidade para coisas teóricas e a ideia de serem autores de um manual/sebenta foi uma excitação. Aquilo ficou giro.
A questão é que, hoje em dia não seria possível fazer isso. Quer dizer, uma dúzia de anos depois temos menos e não mais hipóteses de fazer um trabalho destes porque não há computadores que os alunos possam usar a não ser meia dúzia de unidades, já muito antigos, na mediateca.
Penso que talvez seja por isso que tanto se manda defender, nos jornais, que os alunos estudem por telemóveis. É para delegar nos pais o pagamento de internet e dispositivos digitais.
Margarida B. Lopes
De acordo com o relatório "Educação em números 2019", da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência, há dez anos havia um rácio de um aluno por computador no 1.º ciclo, enquanto agora são quase sete alunos por computador. A isto junta-se o facto de os computadores estarem obsoletos, de o acesso à internet nas escolas ser limitado e de as estas não terem sido dotadas nos últimos anos de material informático.
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