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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Ontem vi vários jornais com títulos do género, 'FT faz grandes elogios a Costa e ao governo' ou 'Costa sagaz é a esperança da Europa'. Pensei para mim, 'mas esta gente droga-se logo pela manhã...?' Afinal, leio agora neste artigo que o FT fez justamente o oposto do que dizem esses títulos sicofantas e diz o que aqui todos já sabemos, i.é., que Costa beneficiou do trabalho do anterior governo que deu origem a um êxodo massivo de trabalhadores, que fingiu que ia acabar com a austeridade, que teve uma sorte do caraças com a conjuntura internacional e o turismo e que não tem uma ideiazinha sequer do que quer fazer de modo que navega à vista e à sorte.
Então, com que intenção se escrevem aqueles títulos nos jornais? Para enganar quem passa e lê? Uma das respostas à questão, 'porque é que os jornais estão em crise' está aqui.
Nuno Cintra Torres
O Editorial diz: “A aliança [PS/PCP/BE] não pode receber todo o crédito pela recente sorte de Portugal. A recuperação global e o boom do turismo internacional desempenharam papéis importantes. Assim como o difícil, mas necessário trabalho do anterior governo de centro-direita, que implementou um programa de austeridade entre 2011 e 2014, em troca de um resgate de 78 mil milhões de euros do Banco Central Europeu, da Comissão Europeia e do FMI.
“A medida ajudou a reduzir o déficit orçamental e a reforma do setor público. Também empurrou o país para a pior recessão em quase quatro décadas, provocando um êxodo em massa de trabalhadores. Fazendo campanha na última eleição no final desse período, o astuto senhor Costa beneficiou do legado dessas ações duras de centro-direita, mesmo quando se apresentou como um candidato anti austeridade.”
Mais ainda, o editorial diz que António Costa deve “continuar no caminho agora comprovado de prudência fiscal, mas sem austeridade punitiva. O primeiro-ministro também deve realizar reformas mais profundas da administração pública desatualizada. Há trabalho a ser feito também no setor bancário, embora a estabilidade no setor tenha melhorado significativamente nos últimos anos.”
O editorial termina com um aviso a todos os políticos portugueses, revelando que eles “lá fora” sabem bem o que aqui se passa ao revelarem que sabem que não há uma estratégia para Portugal, um pormenor que aqui tenho referido várias vezes. Diz o FT: “À medida que economia mundial acumula nuvens de tempestade, Portugal deve ter uma visão mais clara da sua futura orientação e estratégias económicas.”
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