De Fábio a 10.06.2014 às 18:39
O livro do Herberto Helder tem uma tiragem de 3000 exemplares. Não existe, em Portugal, outro poeta com uma tiragem que se aproxime. Não existem, em Portugal, 3000 leitores de poesia. Procure quantos exemplares do livro foram colocados à venda no olx e outros sites desse género no dia em que saíram. A tiragem é bastante maior do que a de qualquer outro poeta. Se as pessoas querem fazer negócio não culpe o poeta. E imagino que a lógica muito portuguesa de que fala seja a de "falar de cor".
3000 exemplares é muito pouco! Sobretudo num autor que tem peso na poesia. Não é como se estivesse a falar de um desconhecido ou de um poeta menor! Mesmo as pessoas que não costumam ler muita poesia ompram o livro. E, tendo em conta que as edições dele costumam ser únicas...
Não estou a falar de cor. Sou uma leitora que leio muito e leio muita poesia e compro muitos livros e já outras vezes tentei comprar livros dele e não consegui...
Portanto, como eu disse, os livros dele são para meia dúzia de pessoas... não para o povo, como eu.
Ele tem todo o direito de publicar poucos livros, mas eu, como leitora que sou, também tenho direito à minha opinião sobre o assunto...
De Fábio a 10.06.2014 às 18:58
Com certeza que tem, mas quando a tiragem média de um livro de poesia é, na maior parte dos casos, entre os 200 e 500 e não se vendem todos os exemplares, parece-me que 3000 é um número razoável, até porque nem um romance hoje em dia, tem essa tiragem. A ausência de 2ª edição é uma escolha estética que respeito. Penso que a grande questão quanto aos livros do HH é o mercado paralelo de revenda que se criou e que leva a que os livros se esgotem. Na minha opinião a lógica do poeta não se deve vergar à lógica do poeta, mas é a minha opinião. O ponto que quis deixar é que a tiragem do livro do HH não é, de modo algum, escassa para os leitores de poesia que existem em Portugal, o que se confirma nas vendas e tiragens dos livros de poesia.
De Fábio a 10.06.2014 às 19:00
errata: lógica do poeta não se deve vergar à lógica do mercado
Estaria de acordo se estivéssemos a falar de um poeta desconhecido ou menor, mas não do HH que, sabe-se, cada livro que publica esgota logo e, se não fosse edição única. Apesar de tudo somos mais de 20 milhões de portugueses espalhados pelo mundo e muito de nós, lemos.
Respeitar a opção dele, claro que respeito, mas tenho a minha opinião emquanto leitora que nunca consegue comprar nenhum livro dele.
Uma pessoa que comprou o livro, diz aí num blog que, 'como de costume teve que enviar o dinheiro antes de ter o livro' e o modo como falou mostra que os livros dele vão directamente para algumas pessoas e o grande publico nem os vê... o que sei por experiência própria.
enfim, cada um tem as suas opções, claro...
De Fábio a 10.06.2014 às 19:24
Eu faço parte do grande público e lá vou conseguindo, com alguma sorte à mistura, ter os livros. Admito sim que se tornou difícil, muito por uma moda e popularização e posso dizer que conheço casos de pessoas que nem chegam a abrir o livro. Não acho que fosse expectável que sempre se pautou por uma postura coerente de afastamento da cena social fosse, aos 83 anos (salvo erro), alterar a sua forma agir em relação à edição e tiragem dos livros. Acredito que, até certo ponto, o hh nem se aperceba do caos a venda dos seus livros. Compreendo perfeitamente a frustração, só não acho que o autor seja o culpado dela.