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‘A woman is embarrassed little that she does not possess certain high insights.’ (Observations on the Feeling of the Beautiful and Sublime, Kant)

 

‘The desire of a man for a woman is not directed to her as a human being, on the contrary, the woman’s humanity is of no concern to him; and the only object of his desire is her sex.’ Kant’s lectures on ethics

(citado em The African Enlightenment por Dag Herbjørnsrud)

 

 

O sexismo e o assédio enquanto direito natural do macho em importunar, agredir e tomar posse de mulheres, vêm de milénios e foram defendidos por grandes mentes que moldaram, por dentro e por fora, o mundo em que vivemos; de onde se provam duas coisas: a primeira é que o contexto sócio-cultural e a sua interiorização pela educação nos primeiros anos é mais forte que a objectividade do olhar adulto inteligente, mesmo em grande mentes e, até, nas próprias mulheres que dele são objecto; a segunda, que destruir o olhar machista/sexista é tão difícil como desincrustar os fósseis que estão no substrato das camadas geológicas inferiores. 

Uma pessoa lê os pensamentos de Kant e de outras dezenas de pensadores que admira em termos intelectuais, no modo como viram os padrões dos grandes problemas humanos e os superaram mas, ao mesmo tempo, tem pena deles, porque impressiona a cegueira de não terem sido capazes de ver-se a si próprios com a mesma clareza, como seres marcados por visões estereotipadas estéreis, contraditórias com os próprios princípios de universalidade que defendem com tanto rigor, impressiona a pequenez das suas mentalidades de arrogância sexista, a recusa psicológica de se verem como humanos iguais aos outros, antes pensarem-se superiores aos outros à nascença... porque houve pensadores, homens, que foram capazes de elevar-se acima desta mentalidade de género que nos agride desde a infância. Zera Yacob (1599-1692), um etiópio citado por Dag Herbjørnsrud neste artigo, foi um deles. O que faz pensar que no processo civilizador, só agora começamos a desprendermo-nos, a grande custo, do substracto.

 

publicado às 08:52



no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau. mail b.alcobia@sapo.pt

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