Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Vi este documentário na BBC. É um documento extraordinário para se compreender a obra dela, para se compreender a arte em geral e a vida também. Ela é muito inteligente e intuitiva: lê muito bem as situações (políticas e outras), as intenções e relações entre as pessoas, as forças obscuras da vida e depois de ouvi-la faz-se luz sobre muitas pinturas que não percebíamos bem; ou melhor, eu não as percebia bem, como o caso da série, 'mulher cão'. No entanto, o que impressiona mais é a honestidade dela. Ela é completamente honesta, verdadeira e sem disfarce. Ela diz ali coisas muito difíceis de dizer e, di-las, não apenas sabendo que serão públicas mas, em frente ao filho que é quem lhe faz a entrevista. Mas a honestidade dela não é uma coisa catártica, uma espécie de confissão redentora em fim de vida para limpar os pecados e tal, não... ela diz os factos da vida, como eles aconteceram e lhe aconteceram. Não há ali moralismos, há uma desvelação da vida e das circunstâncias da vida. Ela tem a honestidade e a crueza da verdade que as telas dela têm. A catarse dela, fá-la nas telas que pinta.
É uma pessoa real como não se encontram muitas.
Depois vemo-la pintar, ouvir histórias diante da tela em branco, imaginar, compôr o cenário para a tela.
O pai dela, quando ela era mais nova e queria ir estudar arte disse-lhe para ir estudar para Londres porque Portugal não era um sítio para mulheres, que as mulheres aqui não tinham oportunidades de futuro, de serem artistas independentes, etc. - isto era nos anos 50, no tempo de Salazar.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.