Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]
no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Afastei-me da janela para não ver o rio, a serra, as ruas e o branco azulado do céu a acinzentar-se de noite. O ocorrer da vida distrai da realidade. O condutor que não sabe ser paralelo ao passeio, o cão que atravessa a rua, a bandeira de Portugal na janela do vizinho e a Dona Elvira que vem do supermercado carregada com os seus oitenta e seis anos sem doenças. A realidade está na palavra bem escrita. Oh mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal Nenhum pranto é tão grande e profundo como o mar do poema onde estão contidas as realidades da distância, do luto, da perda, da imensidão da viagem, da saudade... Um mau texto distrai-nos da realidade como um mau filme nos estraga a poesia e a tristeza.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.