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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Não percebo como há pessoas que defendem que estamos em tempos políticos interessantes.
Uma pessoa dá uma vista de olhos pelos jornais -nos canais de TV ainda é pior- e não vê nenhuma discussão sobre o futuro do país. Tantos os que governam como os da oposição só discutem cargos e de resto mentem-nos todos os dias. Não há discussão de ideias, não se percebe bem se nem sequer as têm ou se já nem sequer valorizam as ideias políticas e se reenderam ao pragmatismo da gestão corrente dos votos, do dinheiro e dos cargos a qualquer custo.
Temos a certeza que no dia em que estes se forem e os da, agora, oposição, lá forem parar, será a mesma coisa só que com outras caras.
Não conhecem as realidades senão no seu aspecto económico e, às vezes, nem isso, são papagaios de um dogma qualquer de um guru economista da moda.
Esta semana li uma entrevista do director do MNAA, que vai deixar o cargo, acerca do desinteresse do governo em fazer o mínimo para manter as instituições saudáveis. Diz ele, e com razão, que os políticos portugueses são uns provincianos embasbacados que admiram e elogiam as instituições culturais estrangeiras mas não percebem que para terem esse estatuto e qualidade necessitam de investimento e suporte continuado.
Os governos alimentam alegremente o crescimento da pobreza e das desigualdades e falam como se não houvesse alternativa; até já dizem que os portugueses, ao contrário do resto da humanidade, não podem aspirar à equidade o que significa que devem resignar-se a este estado de coisas desonesto e deprimente.
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