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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Ontem, quando ia a pôr o pé no primeiro degrau duma escada rolante que ia subir lembrei-me da morte brutal da mulher chinesa numa escada rolante e, instintivamente, hesitei: 'Quantos segundos demora uma escada rolante a levar-me até ao andar de cima... 10 segundos? E se acontecesse agora, estar completamente despreocupada, neste dia de Verão e de férias e, daqui a 10 segundos, estar a morrer, engolida pelo mecanismo da escada?'
Estamos tão habituados, no mundo ocidental, a ter a vida e os mecanismos sociais pacificados e controlados que não nos damos conta da contingência permanente da vida, como acontece em partes do planeta onde as probabilidades de se chegar com vida ao fim de cada dia são muito baixas. Em grande parte, é à tecnologia que devemos essa ilusão de segurança, de controlo... a morte é uma violência que interrompe a violência que é a vida.
A minha hesitação durou menos de um segundo mas... subi as escadas um bocadinho desconfortável, a 'ver-me' ser engolida por um buraco dali a uns segundos.
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