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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Está uma pessoa bem disposta e de repente dá de caras com a falta de coragem dos outros e isso deprime.
Estou aqui a pensar se a falta de coragem é sempre cobardia e vice-versa, se o oposto da cobardia é sempre coragem.
A coragem não é bravura entendida como ausência de medo. A coragem, que tem na sua raíz a palavra cor, coração, é mais a força do coração, quer dizer, a força espiritual/racional para se agir apesar do medo ou angústia face a uma situação ou às consequências de uma situação. A coragem tem a ver com a noção de dever ser superior ao medo ou ao egoísmo. É a capacidade de nos pormos num ponto de vista oposto ao egoísta e, portanto, imparcial. É uma força moral.
A falta de coragem, na medida em que é uma fuga, uma evitação de uma situação ou das consequências dessa situação, é uma cobardia, entendida como um egoísmo da acção, uma incapacidade de interiorizar a noção de dever e de pôr-se num ponto de vista imparcial.
Mesmo a coragem física tem por detrás -se não se é louco- uma coragem moral.
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