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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Não se pode aplicar, porque estamos a falar de pessoas e de efeitos dificilmente reversíveis. A Secretaria Regional de Educação diz que não vai desistir do projecto só por não ser 'politicamente correcto'. Como se a não discriminação fosse uma prática meramente correcta para manter etiqueta social e não estivesse cimentada em muitos anos de estudos e observação no terreno.
Este projecto-piloto que vai ser experimentado em sete escolas é um caso de discriminação não-positiva.
O secretário vincou, ao Diário de Notícias do Funchal, que o conceito de “bom” e “mau” está “ultrapassado” e não faz parte do léxico do Executivo madeirense, (...)
O que ele não percebe é que o conceito de “bom” e “mau” não é uma linguagem de decreto de Executivos, é uma linguagem social interiorizada e é evidente que os próprios alunos vão percepcionar-se desse modo. Ora, sabemos há muito dos efeitos das profecia auto-realizáveis que estão muito estudados e documentados.
O secretário diz que estas turmas vão ser menores, ter mais apoios, mais condições... A minha questão é: porque é que TODAS as turmas não são menores, porque é que TODAS as turmas não têm apoios nas disciplinas/alunos que necessitam e porque é que TODAS não têm boas condições?
Se todas as turmas tivessem boas condições, fossem de dimensões adequadas e tivessem possibilidade de apoios, não havia necessidade de separar alunos em bons ou regulares e maus ou com problemas. Sabemos que numa turma de bom nível, havendo condições, os alunos menos bons sobem imenso de nível, porque o ritmo da turma puxa por eles; e, quando têm dificuldade em acompanhar, apoios cirúrgicos, dados nos momentos adequados, põem-nos no caminho certo outra vez.
É pena que seja preciso um projecto especial para dar boas condições de trabalho aos alunos e professores e é ainda mais de pesar que este projecto seja uma experiência que vai contra aquilo que sabemos ter influência positiva no desenvolvimento das crianças e adolescentes, com o pretexto de 'é melhor fazer mal que fazer nada'.
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