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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Portugal pode ser o pior porque, atendendo aos muitos benefícios que Deus lhe deu – o clima, a beleza das paisagens, o sabor das azeitonas e das uvas, mais tudo aquilo que existe sem ser pelo mérito dos portugueses –, Portugal poderia ser muito melhor do que é.
Quando agradecemos o bom tempo, a luz e as praias, está implícito que só continuamos a dispor destas coisas boas porque os políticos não conseguiram até hoje arranjar maneira de vendê-las ou estragá-las de uma vez por todas.
Assim, o Portugal que temos é o que resta milagrosamente das piratarias dos nossos dirigentes através dos séculos. Não conseguimos elogiar pessoas como Gonçalo Ribeiro Telles por ter criado parques naturais. Preferimos aplaudi-lo por ter impedido os políticos corruptos de ter vendido tudo em lotes aos construtores civis.
Um português não consegue olhar para a paisagem mais bonita sem ter consciência de que não deve faltar muito para ir para o galheiro. “Por enquanto, é assim... sabe-se lá por quanto tempo...”
Assim se traz tristeza e desespero à contemplação. Da mesma maneira se olha para as paisagens arruinadas, sem qualquer impulso de esperança ou de activismo: “Aqui fizeram o que queriam e o resultado está à vista...”
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