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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
fotoculus
Tenho saudades do Algarve de noites quentes, quentes.
salinas Tavira
praia do Barril
Hoje aproveitei a manhã para ir ao mercado de Tavira que fica junto às salinas das Quatro Águas comprar fruta e legumes. O dia amanheceu solarengo e os rectângulos das salinas estavam cheios de gaivotas, alfaiates e pernilongos. No mercado comprei uns figos daqueles maduros já a abrir na raíz e a cheirar a doce. Meio Kg, 50 cêntimos. Ainda trouxe um pepino que a senhora da banca não me deixou pagar. Disse-me que tem ali banca mais para o convívio porque se sente muito isolada na Serra e sempre conversa com os conhecidos. Pelos vistos há várias mulheres que estão ali mais para encontrar conhecidos e falar com quem está de férias cá em baixo que pelo negócio, propriamente. Ainda comprei batatas verdadeiras (nada daquelas coisas castanhas sem sabor que se vendem nos supermercados), tomate daquele que se come à trinca e umas uvas da Serra negras, docérrimas. E outros legumes e frutas. Tudo por meia dúzia de euros.
Hoje o almoço foi um regalo de sandes de pepino e figos maduros. Espero que o sol se mantenha para a tarde que daqui a uma ou duas horas quero estar a gozar a praia, que para o jantar há petisco de marisco...
Há mais de 30 anos que faço praia no Algarve sempre no mesmo sítio. Antes de ser efectiva, quando começávamos as aulas em Outubro e ficávamos sem receber ordenado em Setembro, passava lá todo esse mês. O Algarve sem ninguém, a praia fenomenal... Agora passo menos tempo, mas gosto imenso daquilo.
É uma zona do Algarve que ainda não está saturada de turistas e construções e o sítio para onde vou fica à noite quase completamente às escuras, com excepção de umas luzes de presença perto do chão para vermos o caminho e de alguma luz ténue que vem das casas espalhadas por ali.
À noite o céu fica pejado de estrelas. Vê-se perfeitamente a via láctea, e uma quantidade grande de constelações. Fica-se maravilhado a olhar o céu. De vez em quando vamos até à praia depois do jantar porque ainda se anda um bocadinho entre as dunas, embora agora já não me aventure a ir tomar banho à noite como fiz umas poucas de vezes.
A sensação de enfiar os pés na finíssima areia branca, que nos refresca do ar quente da noite e de ouvir o restolhar das ondas com aquele céu por cima é uma coisa difícil de descrever. Uma dessas vezes, a caminho da praia, numa altura em que ia a olhar o céu, vi uma explosão duma estrela - enfim, penso que foi o que vi, não vejo outra explicação. Um enorme clarão repentino de explosão muito longe no meio de um polvilhado de estrelas. Fica-se tocado pelo espectáculo pela consciência de estarmos a ver um fenómeno que já aconteceu há muitos anos - 100, 500, mil anos? - e cuja imagem só agora chega a nós.
Cheguei ao Algarve. Isto está cheio de gente,aqui onde estou.
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