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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Ao pescador de carangueijos, mayor de Tangiers, uma ilha na Virgínia que perdeu dois terços de massa terrestre, tem os quintais já submersos e está a ser engolida pelo mar mas, mesmo assim, não acredita que as alterações climáticas tenham mão humana e acredita que Deus vai tomar conta deles...
Serão, talvez, os primeiros refugiados das alterações climáticas. Um novo tipo de refugiados...
... olhe-se só o respeitinho com que lhe aperta a mão, sem violência e a mostrar que vai portar-se bem. Master Putin and his aprentice, Trump :))
Um Presidente que se filma, como um grunho, a dar murros em jornalistas... que embaraço para um qualquer americano decente.
Quando fui a Istambul, um dia em que fizémos um intervalo numa excursão com guia a uns palácios, fiquei a conversar com um americano que lá tinha ido ter com uns amigos da embaixada. O tipo, um negro, estava especialmente orgulhoso de ter um Presidente negro que dava mostras de ser uma pessoa acima da média em tudo, desde a inteligência, a cultura até à elegância. E estava a gabá-lo e disse, ´é um alívio podermos falar assim do nosso Presidente a seguir ao Bush'. E depois perguntou, 'então e como é o 'guy' que está no poder em Portugal?' Bem... quer dizer... fiquei um bocado embraraçada de dizer-lhe que, apesar de ter o nome de um grande filósofo, estava ao nível do Bush ou algo abaixo. Contei-lhe umas cenas. Ele fartou-se de rir.
Em vez de fortalecer a União Europeia, pois esse seria o melhor instrumento para enfraquecer o Trump ou outro qualquer oposicionista à questão do clima está a querer liderar uma operação de ostracizar o americano - pensará que fazer bullying ao Trump é tão fácil como fazer bullying ao Varoufakis ou a um dos pequenos pobres países da UE? Pois, pelos vistos, pensa. Mesmo na hipótese irrealista de o conseguir, isso não traria nenhum ganho à política do ambiente porque não poria o Trump e os EUA a respeitar os acordos, só aumentava o grau de desconfiança e inimizade entre ambos e, entre o seus [dele] apoiantes e os dela. Ao passo que, fortalecendo a UE em torno desse objectivo, ganha em dois campos: melhora o poder de influência da UE e acaba por pressionar os EUA, por força dos resultados, a mudar a sua posição. Só que o hábito de vencer por bullying está-lhe muito arreigado e é o que lhe sai por default, como se diz na informática. Bullying é o modus operandi dos que têm poder mas não têm razão. Nem ética de trabalho. Nem visão de futuro. Para além de que, vencer por mérito, quer dizer, por obter resultados, custa dinheiro e partilha de poder... há um ditado que diz que quem tudo quer, tudo perde.
Há muito tempo que entrámos na era germânica: as ideias políticas dos séculos XIX e XX saíram da forja dos filósofos alemães; a economia dominante é anglo-saxónica mas as ideias que forjaram as convulsões dos séculos XIX e XX na Europa e em grande parte do mundo, para o melhor e para o pior, são as dos alemães: do Kant, do Hegel, do Marx, do Engles, do Nietzsche e Heidegger.
Ainda o império britânico parecia brilhar incontestado e já se desmoronava enquanto crescia a influência da Filosofia alemã que está por detrás de todos os movimentos políticos e alguns económicos que começaram a forjar-se no século XIX e ainda nos regem.
Esta ascenção alemã teve um interregno abrupto por causa da Segunda Grande Guerra. Durante muito tempo a Alemanha esteve sob ocupação e, mais tarde, sob protetorado americano, contra a outra Alemanha [comunista/soviética] de Leste. Os EUA, por força da entrada decisiva e vitoriosa na Segunda Guerra e por força do plano Marshall, tornaram-se uma espécie de potência meio protetora, meio paternalista, da Alemanha, que aceitou esta protecção, até porque durante muito tempo não soube como gerir/contextualizar a sua História recente e evitava qualquer iniciativa relacionada com exércitos e tudo o que pudesse dar ideia de agressividade.
Esta situação convinha aos EUA porque, mantendo-se como a potência que mais contribuia financeiramente para a NATO (e para a ONU), acabava por deter, por conta disso, um poder decisório e decisivo, muito grande, na Europa e no mundo.
No que respeita à NATO, os países do seu protetorado, nomeadamente a Alemanha mas, também outros que beneficiaram do plano Marshall e ainda pagavam em lealdade essa beneficência, seguiam a liderança dos EUA em praticamente tudo e, mesmo quando não concordavam com as ofensivas americanas, mantinham-se passivos, sem fazer oposição.
Pois o Trump, que só pensa em dinheiro como comerciante que é, acabou de destruir essa posição de força que tanto custou aos EUA construir, pois se todos agora passam a pagar o mesmo, mais ou menos, não há razão para que a Alemanha, já não dividida e hesitante quanto ao seu lugar no mundo, mantenha a posição de submissão que tinha relativamente aos EUA e, pela mesma ordem de ideias, não há razão para o domínio americano se manter.
Estamos em plena era alemã e a situação internacional mudou.
Neste momento o interregno da ascenção da influência da Alemanha na Europa acabou e a Alemanha deu-se conta que está em plena posição de igualdade de força moral com os EUA. (Merkel says EU cannot completely rely on US and Britain any more). Se a Europa já não pode contar com os EUA, os EUA também já não podem contar com a Europa...
Foi um grande passo em falso dos EUA e arriscam-se (se a Alemanha levar as suas próprias palavras a sério ["O Ocidente é uma ideia de valores universais (...) uma ordem internacional em que acreditamos que essa ordem internacional é mais do que a soma dos interesses nacionais", frisou, evocando "o fracasso dos Estados Unidos como uma grande nação". (Sigmar Gabriel, chefe da diplomacia alemã)] e não as disser apenas para efeitos de campanha eleitoral onde a Merkele aparece agora, todos os dias, a beber cerveja e a dizer as mentiras que os políticos dizem nessas alturas) a ficar permanentemente arredados do lugar de nº 1 mundial no que respeita a ditar políticas internacionais, pela simples razão que, se a Alemanha quiser e a Europa quiser o que a Alemanha quiser, a Europa passa a ter a sua própria força militar.
Ora, se a Alemanha fizer as coisas como deve ser, quer dizer, se trabalhar para uma Europa unida, em vez de criar dissenções como tem feito até agora, não há razão para que a Europa não queira o que a Alemanha quer e, nesse caso, a Europa torna-se uma grande força no mundo, mesmo sem a Inglaterra, com o seu próprio exército e iniciativa militar sem necessidade da ajuda americana.
No mesmo dia em que Trump andava aqui a bater com o punho na mesa à Merkele, esta esteve com o Obama em Berlim numa conversa sobre fé e democracia. Que o Obama tenha ido a Berlim falar de democracia no mesmo dia em que Trump, o seu Presidente, estava a uns metros a falar do futuro da NATO e da participação dos EUA no acordo de Paris, não pode ter sido inocente... nem do lado dele, Obama, nem do lado dela, Merkele...
Os próximos anos vão ser de reconstrução de exércitos europeus. Essa cartada já os EUA a perderam porque Trump é um ignorante, politicamente falando e, é aconselhado por Kushners e companhias que são best pals dos russos. Os EUA estão com problemas internos, graves. O Putin está a capitalizar... e os ingleses devem estar confusos.
Uma Europa militarizada acaba por ser uma inevitabilidade, indesejada, digo eu, que não acho bom prenúncio evoluirmos para Estados cada vez mais militarizados, nem vejo como isso se coaduna com a visão de sermos uma ideia de valores universais.
Mas não há dúvida que vivemos tempos interessantes.
Faz lembrar o tempo do Socas e da Rodrigues aqui no rectângulo quando não se conseguia sequer ler as notícias sem repugnância. A diferença é que este dois só fizeram estragos dentro de um pequeno país e o outro fá-los, não só no seu país mas, pelo mundo fora.
THAAD já está operacional, apesar de apenas numa fase inicial em relação à sua total capacidade.
Pelo menos no que respeita aos últimos 100 anos, todos os Presidentes dos EUA que foram para o cargo a defender que os EUA deviam ter menos intervenção no planeta e preocupar-se mais com os problemas internos, foram os que mais guerras começaram, os que mais invadiram e bombardearam outros países. Este não foge à regra mas não é nada que surpreenda... o homem é um comerciante que não percebe mada de política nem sabe nada de História de modo que é manipulado pelos tipos das armas e do dinheiro com quem se identifica.
... quando pensava que o Trump era controlável.
Um encanto de pessoa. Faz-me lembrar o Archie Bunker.
Archie Bunker
(link na imagem)
O mapa do planeta visto de cima fala outra língua.
Neste momento, vastos territórios da Rússia fazem uma fronteira natural de gelo com o Alasca dos EUA, separados pelo estreito de Bering mas com o aquecimento do planeta e o consequente degelo as terras agora inóspitas ficam à distância de uma viagem de barco relativamente curta. Esse facto, conjugado com o problema da Rússia ter já vastos territórios de milhares e milhares de quilómetros desocupados, é um dos grandes problemas que preocupa muito Putin, como lemos em vários sítios de especialidade.
Putin pensou, em parte, resolver o problema seguindo o exemplo da Alemanha (sobretudo) que foi pôr-se à cabeça de um império e importar cristãos dos países do sul da Europa apertados com grandes dívidas. A partir de uma ideia do presidente do Casaquistão impulsionou a EurAsEC (União económica EuroAsiática) que já leva 5 países com tratados parecidos com os da UE. Na altura convidaram a Ucrânia para pertencer ao grupo que tem agora cerca de 40 países interessados, entre eles a Turquia, que é observadora. No entanto, o povo da Ucrânia preferiu a UE, depôs o presidente pró-russo, elegeu um pró-UE, o que estragou completamente os planos de Putin e, em parte, levou à crise da Crimeia, como se sabe.
Neste impasse, aproveitou para minar as eleições americanas, a UE, aproximar-se da Turquia e destabilizar a cena internacional aproveitando-se dos erros e hesitações dos americanos na Síria. Entretanto, porque pode, vai progredindo na Ucrânia como um buldog quando ferra o dente e já não abre a mandíbula.
Uma pessoa olha para o mapa e vê que Kiev fica no centro com um rio a dividi-la à laia de fronteira natural. Enquanto o Ocidente se entretem com Trump, Putin vai avançando e, mesmo que não consiga tomar conta de metade da Ucrânia como a URSS fez na Alemanha com muro e tudo, manter metade do país sob o seu controlo militar em guerrilha constante faz o mesmo serviço. Basta que avancem mais um bocadinho.
A situação está muito complicada e acho que o Obama andou a preparar-se para ela nos últimos tempos da sua presidência com acordos com países de posição estratégica.
Como o Trump é um comerciante e politicamente ingénuo muita coisa vai mudar enquanto ele faz parvoíces. Para já acho que vamos assistir aos países das economias emergentes entrarem em decisõesda cena internacional como até agora nunca tinham entrado, sob a proteção/orientação duma potência qualquer... resta ver quem... quem os vai ganhar para a sua causa.
A situação está perigosa mas isto é interessante.
link na imagem
Parece que ele andou a dizer que achava interessante fotografias da Kate Midleton nua... isso é capaz de causar alguns embaraços na conversa...
foto do DN
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