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Das sociedades, dos homens e dos ratos

por beatriz j a, em 31.05.15

 

 

 

(excertos do discurso de Jimmy Reid (1932 - 2010), activista do sindicato Clydeside, no seu discurso inaugural como Reitor da Universidade de Glasgow em 1972. - podia ter sido dito hoje e aplica-se a quase todos os países do mundo actual [tradução minha])

 

"Alienação é a palavra correcta e precisa para descrever o maior problema social da Grã-Bretanha actual. As pessoas sentem-se alienadas pela sociedade. Nalguns círculos intelectuais é tratada como um novo fenómeno. No entanto, existe há anos. O que acredito é que está hoje-em-dia mais espalhado e penetrante do que alguma vez foi. Deixem-me definir o que entendo por alienação. É o grito dos seres humanos que se sentem vítimas de forças económicas cegas que estão para além do seu controlo. É a frustração das pessoas vulgares excluídas dos processos de decisão. O sentimento de desespero e impotência que invade as pessoas que sentem, justificadamente, que o que dizem não tem nenhum impacto real no desenho e determinação dos seus próprios destinos...

 

A sociedade com estes valores leva a outra forma de alienação. Aliena pessoas da Humanidade. 'Des-humaniza', parcialmente, algumas pessoas, torna-as insensitivas, implacáveis no modo como lidam com os seus semelhantes, auto-centradas e gananciosas. A ironia é que são estas mesmas que são consideradas normais e bem-ajustadas à sociedade. 

É minha sincera convicção que toda a pessoa totalmente ajustada à nossa sociedade actual necessita, mais do que qualquer outra, de análise e tratamento psiquiátricos.

 

Elas lembram-me a personagem da novela Catch 22, o pai do Major Major. Era um agricultor do Midwest Americano. Odiava coisas como seguros de saúde, serviços sociais, subsídios de desemprego ou direitos civis. No entanto, era um entusiasta das políticas agrícolas que pagavam aos agricultores para não produzirem. Do dinheiro que ganhou para não produzir alfafa ele comprou mais terreno para não produzir alfafa. Peregrinos vinham de todo país sentar-se a seus pés para aprender como ser um não-produtor de alfafa, de sucesso. A sua filosofia era simples. Os pobres eram pobres porque não trabalhavam o suficiente. Ele acreditava que o bom Deus lhe tinha dado dois braços fortes para que ele pudesse agarrar o máximo que pudesse para si próprio. É uma figura cómica. Mas pensem - não conhecem muitos como ele na Grã-Bretanha? Aqui na Escócia? Eu conheço. 

 

É fácil e tentador odiar essas pessoas. É errado, no entanto. Elas são tão produtos da nossa sociedade e da sua alienação como os pobres. São perdedoras. Perderam os elementos essenciais da nossa Humanidade comum. O ser humano é um ser social. A realização pessoal, real, para qualquer pessoa, está no serviço aos seus semelhantes, homens e mulheres... O desafio que enfrentamos é o de desenraízarmos tudo o que distorce e desvaloriza as relações humanas.

 

Deixem-me dar dois exemplos da experiência contemporânea para ilustarar este ponto.

Recentemente vi um anúncio na televisão. A cena é um banquete. Um cavalheiro, de pé, propõe um brinde. O seu discurso está cheio de frases como, 'Este espécime de corpo inteiro'. Sentado ao lado dele está uma jovem mulher cheia. A imagem que ela projecta não é de pompa mas de ridículo. Ela está babada acreditando que é o objecto do elogio do homem. Então, ele conclui  com uma piada cruel à mulher fazendo um trocadilho com o nome de uma marca de sherry. E todos riem. Um riso cruel. O ponto da publicidade é que os espectadores se identifiquem, não com a vítima mas com os que a atormentam. O outro exemplo é o de uma publicida com uma corrida de ratos onde estes são comparados aos seres humanos e se incentiva ao sucesso a qualquer custo.

 

Aos estudantes [da Glasgow University] faço este apelo. Rejeitem estas atitudes. Rejeitem os valores da falsa moralidade que subjaz a estas atitudes. Uma corrida de ratos é para ratos. Nós somos seres humanos. Rejeitem a pressão da sociedade para que anulem as vossas faculdades críticas sobre tudo o que se passa à vossa volta, para que mantenham o silêncio face à injustiça se isso prejudicar as vossas hipóteses de promoção e sucesso. É assim que se começa e antes de darem por isso são um membro de pleno direito da horda dos ratos. O preço a pagar é muito alto. Implica a perda da dignidade e espírito humano. 

 

O lucro é o único critério usado pelas instituições para avaliar a actividade económica. O vocabulário em voga é mais apropriado para um zoo humano que para uma sociedade humana. As estruturas de poder que emergiram desta abordagem ameaçam e minam os nossos direitos democráticos. Todo o processo tende para a centralização e concentração de poder em cada vez menos mãos. Os factos estão à vista para todos os que os querem ver.  Gigantes monopólios e consórcios dominam quase todos os ramos da economia. Os homens que controlam estes gigantes exercem um poder assustador sobre os seus semelhantes que é a negação da democracia.

 

O governo pelo povo, para o povo, é insignificante se não incluir decisões económicas pelo povo, para o povo. Isto não é uma mera questão económica. Na sua essência, é uma questão ética e moral, pois quem tomas as decisões económicas importantes na sociedade é quem determina as prioridades sociais nessa sociedade.

 

Nas suites olímpicas executivas, numa atmosfera onde o vosso sucesso é avaliado na medida em que podem maximizar os lucros, a tendência dominante é a de ver as pessoas como unidades de produção, entradas no livrinho da contabilidade. Para apreciar em toda a sua extensão a inhumanidade desta situação, é preciso ver a dor e o desespero nos olhos de um homem a quem dizem, sem aviso, que se tornou redundante, sem que haja alternativa à sua situação de emprego, com a perspectiva de, se for o caso de ter quarenta ou mais anos, passar o resto da vida no Centro de Desemprego. Alguém algures decidiu que ele é dispensável, desnecessário e que, portanto, deve ser deitado fora juntamente com a sucata industrial. 

 

Tudo o que é proposto pelas entidades organizativas é calculado para minimizar o papel das pessoas, para miniaturizá-las. Compreendo quão atractiva esta perspectiva deve aparecer aos olhos daqueles que estão no topo. Nós, peões nos seus jogos, podemos ser mudados de casa em casa até à casa dos Desajustados. 

 

Medir o progresso social puramente pelos ganhos materiais não chega. O nosso propósito tem de ser o enriquecimento de toda a qualidade de vida. Requer uma tranformação social e cultural do país. A restruturação das instituições do governo e, se necessário, a evolução de estruturas adicionais que envolvam as pessoas nos processos de tomada de decisão da sociedade. Os chamados, 'especialistas' dir-vos-ão que isso não acrescentaria eficiência aos processos. Pois eu estou disposto a sacrificar uma margem de eficiência pelos valores da participação das pessoas. E no longo prazo rejeito este argumento.

 

Para libertar todo o potencial das pessoas é preciso dar-lhes responsabilidade. Todos os recursos do Mar do Norte são poucos quando comparados com os das pessoas. Estou convencido que a grande massa de pessoas passa pela vida sem a mais leve suspeita do que poderiam ter contribuido para a sociedade. Isto é uma tragédia pessoal. Um crime social. O florescimento da personalidade e talento pessoais é pré-condição para o desenvolvimento de todos...

 

A minha conclusão é a de reafirmar que espero ser o espírito que permite este objectivo. É uma afirmação de fé na Humanidade. 

 

 

publicado às 12:04

 

 

 

Bispos querem nova lei do aborto Prelados entendem que a atual lei é um atentado aos direitos humanos.

Sweden’s feminist foreign minister has dared to tell the truth about Saudi Arabia. What happens now concerns us all

 

O que têm estes dois títulos para que os relacionemos? Bem, comecemos pelo segundo: há umas semanas a ministra dos negócios estrangeiros sueca denunciou a opressão das mulheres sauditas às mãos de uma monarquia teocrática masculina que impede as mulheres de terem autonomia sobre si próprias e as suas vidas - não podem estas ter propriedade privada a começar pelo seu próprio corpo, são obrigadas a casamentos desde a infância com pedófilos, não podem viajar, etc. Condenou também o modo como Raif Badawi está a ser tratado e denunciou estes métodos como medievais.

A Arábia Saudita não gostou: retirou o seu embaixador da Suécia e deixou de emitir visas para suecos. Os Emiratos Árabes Unidos juntaram-se ao protesto bem como a Organização Islamita e acusaram a Suécia de faltar ao respeito "à riqueza e variedade de standards do mundo". Condenaram a ministra por ter "interferido em assuntos internos do Reino da Arábia Saudita."

A ministra, por sua vez, disse que não é ético a Suécia manter a cooperação militar com a Arábia Saudita face ao desrespeito que mostram pelos direitos humanos, nomeadamente no que respeita à lei sharia e cortou toda a cooperação.

Ninguém veio em auxílio da Suécia (uma pequena nação ameaçada por mais de 50 estados islâmicos por causa desta posição) e este caso está a ser silenciado na imprensa. Os EUA há pouco também lá foram prestar vassalagem ao petróleo.

Os próprios empresários -homens- suecos já fizeram abaixo-assinados a dizer que a Suécia não pode prescindir dos negócios das armas com os árabes.

Posto isto cabe perguntar, porque é que as nações ocidentais criticam os jihadistas e esperam auxilio da Arábia Saudita, Irão, etc., para lutar contra eles, se estes países, eles próprios são os primeiros a defender que negar direitos humanos às mulheres é uma riqueza cultural? E, porque é que as nações ocidentais não se calam, se na prática, na hora da verdade, são cúmplices com todas as barbaridades que se cometem contra as mulheres, pois calam a boca  e aceitam tudo, para não inviabilizar negócios? 

 

Os bispos portugueses vêem mais uma vez dizer o que é que eles pensam sobre os benefícios da instrumentalização das mulheres na sociedade. 

A Igreja Católica (como quase todas) faz do desrespeito pelas mulheres o estandarte da sua pregação: desde logo porque proclamam que as mulheres são inferiores aos homens de tal modo que não podem ocupar nenhum cargo eclesiástico de autoridade (onde há um homem ele tem que ser a cabeça - as mulheres não a têm) e que devem obedecer aos que os homens ordenam. E o que ordenam as igrejas? Ordenam que as mulheres devam ser usadas como incubadoras porque há 'um deserto de natalidade'.

E se as mulheres não quiserem ter filhos... o que propõem...? Bem, se seguirmos a lógica do argumento, os homens poderão forçar as mulheres para acabar 'com o deserto de natalidade' ou fazer chantagem, como proibi-las de estudar ou trabalhar enquanto não tiverem filhos... ou proibi-las de sair de casa como advogava aquele padre do Norte no ano passado quando veio dizer que o lugar das mulheres é o lar... é que se partem da posição que não lhes cabe a elas mas a eles, homens, decidir, mesmo que à força (a lei é força), do destino delas, chegar aos extremos dos afegãos, que legalizaram a violação, são uns poucos de passos... esses próprios afegãos, também começaram há duas dezenas de anos apenas por querer que as mulheres tapassem a cabeça... e veja-se onde chegaram.

 

As crianças crescem a testemunhar o desrespeito da igreja pelos direitos das mulheres, como coisa positiva, crescem a testemunhar a apropriação das mulheres como objectos dos interesses masculinos, como coisa desejável e positiva, pois os homens que o Estado ouve como campeões da ética o defendem activamente. As igrejas educam para a opressão e para o sexismo. E isto não é uma opinião subjectiva: são os factos objectivos à vista de todos.

 

Porque não vão eles, padres, ter filhos, já que querem tanto crianças? Ah, porque fizeram uma opção de vida que inclui não ter filhos? Quer dizer eles podem fazer opções de vida livremente sem que sejam obrigados a dispôr dos seus corpos para acabar com 'o deserto da natalidade'? Ah, portanto um homem pode ter essa opção de ser livre no seu projecto de vida, mas uma mulher não? As mulheres não podem ser livres? É a igreja na pessoa dos homens padres que lhe dita o seu projecto de vida?

 

A minha pergunta é: porque é que, sendo o Ocidente tão crítico com o tratamento desrespeitoso que a religião muçulmana faz às mulheres, continua a compactuar com esse desrespeito dando importância, voz e proeminência a instituições, as igreja cristãs, católica (e outras) que têm como um dos principais estandartes o desrespeito dos direitos das mulheres e a negação da liberdade inerente à sua humanidade. Ao negarem a liberdade às mulheres estão a dizer que elas são menos que seres humanos.

 

Eu pago impostos e não quero ser obrigada a pagar tempo de antena e de voz a pessoas que são uma ofensa em termos de ética humana no que respeita às mulheres. Ofende-me e envergonha-me ver a deferência com que os poderes públicos em situações públicas, falam, também em meu nome e, lhes dão poder, a essas pessoas que defendem um mundo em que as mulheres não têm liberdade, um mundo de opressão de uns pelos outros, para decidir sobre os meus assuntos enquanto cidadã e pessoa livre, que não desisto de ser. E quando são mulheres a fazê-lo ainda me envergonha mais.

Vivemos num mundo em comum, mulheres e homens. Como é que há homens que podem querer um mundo de opressão de uns por outros?

 

Em meu entender, enquanto não se disser claramente a todos os homens de todas as igrejas que não se aceita como parceiros de decisão de coisa alguma indivíduos que não têm nem mostram nenhum respeito pelos direitos humanos das mulheres (tal como fez, muito bem, a ministra sueca), está a ser-se cúmplice e apoiante, implicíta ou explicitamente com todas as barbaridades que acontecem às mulheres, por esse mundo fora, às ordens de religiões. Umas podem ser mais chocantes que outras mas [quase] todas partilham o mesmo princípio: liberdade é um atributo do homem que deve ser negado às mulheres. Ora, ou isto é inaceitável ou vamos rasgar a Carta dos Direitos Humanos e regressar ao tempo medieval teocrático como fizeram os Estados Islâmicos.

 

 

publicado às 04:02


“100 Homens, Sem Preconceitos”

por beatriz j a, em 09.03.15

 

 

 

... e não é que alguns ficam bem de saltos altos? 

A iniciativa da Revista Máxima "100 Homens Sem Preconceitos" (fotos de Branislav Šimoncík) pode ser vista no Centro Cultural de Belém entre 9 de março e 2 de abril.

Para ler o artigo completo, com os nomes dos homens e os textos cique: Máxima

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

publicado às 21:56

 

 

Pena é que essas barreiras sejam, geralmente, os seus semelhantes - em espécie que não em categoria...

Kathy Switzer, autora, comentadora de Tv e maratonista, ficou conhecida por ter sido a primeira mulher a correr a maratona de Boston, em 1967, apesar do bullying e agressão de alguns colegas maratonistas, como se pode ver pelas fotografias. Foram precisos cinco anos para que as mulheres fossem autorizadas a correr com os homens apesar de em 1967 ter havido mais homens a apoiá-la que a agredirem-na.

Hoje em dia as pessoas correm enquanto atletas ou desportistas e não enquanto homens ou enquanto mulheres.

  

 

 

 

publicado às 09:07


Coisas boas: ser construtivo e ser solidário

por beatriz j a, em 22.02.15

 

 

 

Homens turcos manifestam-se vestidos de mini-saias numa demonstração de apoio aos direitos das mulheres em memória de Ozgecan Aslan, uma mulher de 20 anos violada, torturada e assassinada há uns dias.

 

 

 

 

 

 

publicado às 22:52

 

 

 

Tres de cada diez jóvenes justifican la violencia machista

 

Na semana passada levei uma turma do 10º ano a uma sessão com o tema, A Violência no Namoro que a PSP faz nas escolas - uma iniciativa de muito mérito, diga-se de passagem. Um dos exemplos que o Powerpoint deles focava era a questão da roupa. Uma das raparigas, na altura do debate, disse que achava normal que os namorados tivessem ciúmes e pressionassem as namoradas para se taparem... De facto, a socialização implícita é tão forte que até as próprias vítimas de sexismo concordam com ele. A maioria dos meus alunos acha normal o ciúme, valoriza-o como barómetro do amor de uma pessoa por outra e não o vê como o que é: o controlo de uma pessoa por outra, numa relação de poder onde não há, da parte de um dos lados, nem amor nem confiança, unicamente posse. 

Numa altura em que as mulheres são vítimas, um pouco por todo o mundo, da loucura violenta dos islamitas em particular e das práticas dos homens das religiões em geral, toda a ajuda para a mudança é pouca.

 

 

publicado às 16:11


Factos perturbadores

por beatriz j a, em 15.02.15

 

 

 

Lithuania has the highest suicide rate in Europe. INFOGRAPHICS: DANIEL BIDDULPH

 

 Why man are killing themselves

 

publicado às 16:41

 

 

A religião anglicana, desde 1989 que nomeia bispas, mas não em Inglaterra, onde apenas havia pastoras, desde 1994, mas não bispas. 

Pois ontem, a Rt Rev Libby Lane, foi nomeada e aclamada bispa da igreja anglicana. Não sem a ausência, como protesto contra as mulheres, dos padres católicos que costumam estar presentes nestas cerimónias e não sem a interrupção da cerimónia por parte dum pastor anglicano, um tal Paul Williamson que fez questão de gritar que ordenar mulheres é uma traição aos homens... uma chatice... ter que passar a comportar-se de modo decente e já não poder contar anedotas machistas nas suas reuniõezinhas... tche...tche...

Pois é, nem todas as religiões são como a católica, a judaica, a muçulmana, a mórman e outras que só toleram mulheres como escravas submissas, virgens que servem os homens, cozinheiras e bonitinhas como morangos de enfeitar bolos.

 

First female Church of England bishop consecrated in York

 

publicado às 04:54


Derrubando preconceitos

por beatriz j a, em 24.01.15

 

 

NÃO TENHO VERGONHA. SOU FELIZ! por Iva Domingues

 

- Não tens vergonha?

– És velha e feia.

– Olha a mãezinha dele!

– Coitada, vais levar com um grande par de cornos.

– Andas a desmamar meninos.

Dias, semanas, meses. Li, engoli, digeri pérolas como estas, em comentários e mensagens no meu Facebook, quando comecei a namorar com o Ângelo, 11 anos mais novo que eu. Muitos dos que, levianamente, dizem “ Je suis Charlie”, são os mesmos que se refugiam atrás de um computador, e se transformam em gangsters das teclas. A partir daí é a lixeira humana, a céu aberto, no seu esplendor. Não vamos ser hipócritas, se fôssemos um casal em que era ele a ter mais 11 anos do que eu, estava tudo certo.

Mulher está sempre entalada. Se é mais velha, já perceberam. Se é muito mais nova, então está por interesse, é uma oportunista e quer ou o dinheiro ou a influência que ele possa ter.

Não há pachorra.

Quando a mulher dependia do marido, financeiramente falando, não faltavam argumentos para a manter quieta, calada, sem vontade nem coragem de ir à procura da felicidade. Se ela fosse mais velha, dizia-se que o marido rapidamente perderia o interesse, ela seria abandonada e trocada por outra mais nova. Muitas, assustadas, nem ousavam arriscar e fugir ao padrão imposto. Aguentavam, passivamente e esperavam a velhice, derrotadas.

Recuso ser uma dessas mulheres.

Sei que pensar e viver de forma diferente do que está instituído causa nos outros confusão, alguma ansiedade e até medo. O novo assusta.

Tenho feito o meu caminho. Sou bem resolvida em relação à minha idade, ao meu valor como mulher e, sobretudo, ao meu amor. As bocas que ouvi na rua ou li na internet não beliscaram, nem um pouco, a minha relação. Fortaleceram-na. Acho que os venci pelo cansaço. Há algum tempo que já não recebo mensagens a destilar maldade. Agora, quando faço uma declaração pública da minha paixão, sou acarinhada e até invejada, no bom sentido.

Sei que as grandes histórias de amor não estão no cinema. Andam soltas por aí. Acontecem-nos todos os dias. Derrubam barreiras, calam preconceitos e são protagonistas de grandes mudanças na vida de mulheres e homens.

Sou pelo Amor. Acredito que é ele que nos salva.

Sempre.

 

Iva Domingues

 

 

publicado às 21:22


A automação do universo humano

por beatriz j a, em 17.12.14

 

 

 

Machines are replacing workers faster than economic expansion creates new manufacturing positions. As industrial robots become cheaper and more adept, the gap between lost and added jobs will almost certainly widen.” 

From an employer’s perspective, this makes sense. Machines are the perfect employees. They never get sick or complain or sexually harass their colleagues (at least not yet), and the occasional software upgrade is a lot cheaper than the health insurance and pension plan demanded by a human worker. And yet despite periodic fretting by economists, we’re oddly passive about the implications of this trend, no doubt because of our nation’s longstanding enthusiasm for technology. Carr quotes cognitive scientist Donald Norman, who has observed, “[T]he machine-centered viewpoint compares people to machines and finds us wanting, incapable of precise, repetitive, accurate actions.”

 

Rather than humanize the machines, we seem intent on making our human institutions more machinelike. 

 

 

publicado às 05:10

 

 

 

Empresas obrigam mulheres a garantir que não vão engravidar durante cinco anos - PÚBLICO

 

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Lê-se na notícia que o indivíduo que faz a denúncia não revela os nomes das ditas empresas. Está mal. Uma coisa é educarmos os ignorantes dos empresários portugueses outra é acharmos que isso só chega e não vale a pena revelar estas ilegalidades criando hábitos de prevaricação impunes.

 

Penso que devia resolver-se isto do seguinte modo: os pais homens seriam obrigados a gozar, pelo menos, dois meses de licença de maternidade de cada vez que tivessem um filho.

 

Por um lado, deixava de fazer sentido discriminar as mulheres por ficarem grávidas. Acontece os homens serem pais até muito mais tarde que as mulheres: há homens a serem pais aos 40 e tal, 50 e tal e mais anos o que, nas mulheres, é muito raro. Deste modo, ou as empresas passavam a perguntar a todos se iam ser pais (o que os pais, homens, não podem garantir...) ou acabavam com a prática.

 

Por outro lado criava-se o hábito e a normalidade de os pais homens ajudarem as mulheres nos dois primeiros meses a seguir ao nascimento das crianças que é um período violento para as mulheres e a maioria dos homens não faz a sua parte por não ter nenhuma noção disso.

 

 

publicado às 14:13


Vivemos numa cultura de violência

por beatriz j a, em 17.06.14

 

 

 

Toda a gente sabe as causas desta violência: a sociedade exige dos rapazes violência, agressividade e castração emocional. Como diz o artigo, à custa das raparigas e mulheres (agredidas como auto-gratificação) e da própria saúde mental dos rapazes/homens.

Nas escolas desvaloriza-se a cooperação e premeia-se a competição que implica rivalidade agressiva...as religiões promovem o apartheid e a passividade das mulheres e o complexo de patrão e a força sexual dos homens... as amizades entre homens, se são intímas são logo tratadas como 'paneleirices'... como não hão-de eles ser agressivos e emocionalment solitários?

 

Hoje recebi um email de publicidade da Taschen a um novo livro que saiu chamado, My Buddy. World War II Laid Bar, de Dian Hanson,  muito interessante porque diz respeito a uma estratégia de incentivar amizade entre rapazes/soldados da Segunda Guerra Mundial com o objectivo de ajudá-los a serem capazes de suportar os horrores dos combates, a solidão em face da morte e a tendência para extravazar em violência a extrema tensão emocional.

 

A questão é, se todos sabem as causas da violência, porque não se resolve o problema? Porque os que estão em posição de definir políticas de mudança são os mesmos que querem a violência, a guerra, a ganância... seja à custa de quem for. Só no dia em que houver tantas mulheres quantos homens nos lugares de poder estas coisas mudarão. E ainda falta muito tempo.

 

 

The friendship crisis: Why are boys so lonely and violent?

 

Our culture prizes independence over human connection. It devalues and even discourages close friendships, particularly among boys and men. And our definitions of manhood emphasize aggression, toughness and rugged individualism at the expense of girls, women and relationships.

We know these aspects of our culture lie at the root of the problem not only because killers, like Rodgers, tell us so in their journals and media postings. The science has also been telling us so for decades. We simply aren’t paying attention."

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Men are bad at maintaining close relationships. And it makes them lash out.
Washington Post

 

 

publicado às 20:16

 

 

 

Para quem tem filhas, irmãs, namoradas, amigas, colegas, alunas, enfim... para quem é um ser humano.

 

 

publicado às 13:42

 

 

 

 

Church of England votes against allowing women bishops

In dramatic scenes at Church House legislation that would have allowed women to become bishops was rejected by six votes


Nas religiões, até nas mais 'liberais', as mulheres são, na melhor das hipóteses seres humanos de segunda categoria.

Não percebo porque é que as mulheres, sendo religiosas, cristãs ou de outro credo qualquer, não criam a sua própria religião: uma religião aberta a todos, onde todos possam ter voz e onde as decisões sejam partilhadas sem exclusão de género, raça, orientação sexual, etc., pois as religiões devem fundar-se na aceitação, partilha e tolerância. Nada as impede de o fazer, nomeadamente em países como a Inglaterra onde há liberdade de religião.

Não percebo o sentido das mulheres procurarem conforto e suporte para a sua fé numa religião que as trata como seres inferiores, indignos de estar à frente duma congregação, devido ao facto de não terem uma pila. Como se a pila dos homens lhes lhes desse alguma inteligência ou sabedoria especial e divina...

Vivemos num mundo tão estúpido que escolhe quase sempre o ódio, a discriminação, a violência, o abuso de poder, a falsidade, a divisão, a tortura, a morte... e a religião, que tem como fins, o bem e a salvação da alma humana (e não apenas a dos homens) em vez de lutar contra aqueles malefícios ainda os alimenta... dá vontade de dizer, 'vão para o Inferno', 'o Diabo que os carregue'.



publicado às 07:02


Porque é que os talibãs odeiam mulheres?

por beatriz j a, em 11.10.12

 

 

 

 

What has Malala Yousafzai done to the Taliban?

The attempted assassination of a 14-year-old girl was driven by pathological hatred of women – not politics, as the Taliban claims


Malala Yousafzai

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A situação das mulheres nos países muçulmanos é identica à situação dos negros nos EUA há um século: são mantidas em escravatura, vendidas, compradas e tratadas como animais e, qualquer tentativa de se libertarem é punida com a tortura ou a morte, mesmo que se tratem de crianças ou adolescentes.

É preciso arranjar uma maneira de tirar as mulheres desses sítios. Arranjar um pedaço de terra e arranjar um barco ou comboio ou o que seja que ande pelo planeta a recolher mulheres que queiram ir-se embora desses países onde são escravas e as leve para essa terra para que possam ter uma vida livre.

A perseguição aos judeus deu origem a Israel, a perseguição aos negros na América esclavagista deu origem à Libéria. Para quando uma Israel para todas as mulheres que vivem escravizadas por homens e religiões? Se paquistaneses, afegãos e outros que tais odeiam mulheres, pois que fiquem sozinhos num país de homens. Entretenham-se uns com os outros...



publicado às 05:25

 

 

 

Inédito no Egito

Mulher velada apresenta telejornal na TV pública

Fatima Nabil, a jornalista que protagonizou hoje um feito ao aparecer no ecrã com o "hijab" (véu islâmico), considerou em declarações à EFE que, com este passo, se corrige "uma situação estranha e anormal" no Egito, onde a maioria das mulheres usa véu.


... mas onde, infelizmente, ainda há muitas que resistem... mas vai-se já acabar-se com isso...



publicado às 08:00

 

 

 

 

Beja: ex-bancário mata mulher, filha e neta dentro de casa
Um homem que estava barricado numa casa na rua de Moçambique, em Beja, entregou-se às autoridades que descobriram no interior da habitação os cadáveres da mulher, filha e neta.
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É um facto: 90% dos crimes são cometidos por homens. Mas porquê? Não acredito nas explicações evolucionistas que dizem que geneticamente os homens estão preparados para a guerra ao passo que as mulheres, geneticamente estão preparadas para o compromisso e a paz. Não nego que haja uma base biológica para a violência masculina, mas não acredito que a violência dos homens seja inevitável, uma fatalidade inelutável.
Se é verdade que os homens começaram todas as guerras isso só pode dever-se ao facto de serem os homens quem ocupa os cargos onde se decide das guerras.
O que me parece é que a educação dos homens promove a violência natural. Quando a educação das mulheres também a promove elas também se mostram violentas: basta ver o caso das mulheres soldado no Iraque que volta e meia aparecem acusadas de sevícias sexuais aos prisioneiros, assim como os casos de violência de mulheres mais velhas sobre noras e até filhas, no Afeganistão e na Índia, para não irmos mais longe até à China.
Se os casos de violência feminina são uma gota no oceano relativamente à percentagem de homens violentos isso concerteza deve-se à educação para o machismo e masculinidade a que os homens são sujeitos em praticamente todo o planeta.
Lauren Wolfe, num artigo que escreveu para o Washington Post há pouco tempo, sobre o facto de cada vez mais a violação de mulheres ser um instrumento de guerra, defende que a educação estar especializada por género e, sobretudo, o facto de se educarem os rapazes para não serem femininos, no pressuposto que 'homens a sério' têm barba rija, têm que andar à pancada de vez em quando e não podem obedecer a mulheres devendo até mantê-las submissas, leva a comportamentos de padrão violento.
Há pouco tempo a propósito de as raparigas terem melhores resultados que os rapazes nas escolas alguns homens vieram defender a teoria de que as escolas terem imensas professoras mulheres estava a prejudicar os rapazes, a efeminizá-los...
 
Os rapazes são treinados, enquanto soldados ou mercenários, a desenvolverem ao máximo a capacidade de violência em matilha. E, mesmo nas sociedades sem guerras o contexto de educação é semelhante: os homens devem ser machos e mandar nas mulheres. Até existem sociedades secretas como a Maçonaria onde só entram homens, apesar de dizerem que defendem o progresso espiritual universal, e onde se puxam uns aos outros para cargos de poder onde subalternizam as mulheres.
Vemos que nas sociedades que deram atenção maior a este problema e misturaram rapazes e raparigas nas escolas sem diferenças de educação já há várias gerações têm menos exibição de violência 'de macho' a não ser dentro do universo das forças armadas, polícias e afins.
É por isso que sou defensora daquilo que é visto como 'efeminização' dos homens, mas que para mim é apenas a libertação dos homens das cangas de violência e rótulos que a sociedade lhes impõe.
Acho óptimo que os homens sejam mais emocionais, que chorem se lhes apetecer, que vistam saias, que andem de braço dado ou de mão dada se lhes apetecer e que se cumprimentem com beijinhos na cara ou onde quiserem, sem que isso seja considerado contrário à masculinidade. Quanto mais amolecidos menos violentos.
No dia em que os homens em geral chorarem em face da violência como estamos habituados a ver as mulheres fazerem...esse é um dia ganho para a paz de todo o planeta e para a vida das mulheres em geral que, vendo bem, são metade da humanidade, mais coisa menos coisa.
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Women Under Siege por Laura Wolfe

 

 

 

publicado às 22:05


Porque é que tantos homens gostam da guerra?

por beatriz j a, em 28.01.12

 

 

 

 

 

Elmentar meu caro Watson...

 

 

 

 

publicado às 10:11


Que mentalidade...

por beatriz j a, em 08.09.11

 

 

 

O José António Saraiva, ex-director do Expresso, numa entrevista na TV, a certa altura diz que não entende as mulheres...acrescenta que em casa dele são todos homens e são todos muito masculinos com pelos no nariz...hã?

Irritam-me os indivíduos que dizem estes clichés idiotas. 'Não percebo as mulheres'... porquê? As mulheres não são seres humanos? Não percebe seres humanos? Como é que uma pessoa que não percebe a maior parte dos seres humanos pode ser bom jornalista, bom escritor?

E a cena dos pelos no nariz... quer dizer que quem não tem montes de pelos a sair do nariz não é masculino? Ser masculino é ter pelos?

Não sei... olho para o pai dele e para o tio dele e acho que ele está a oitocentos mil milhões de quilómetros deles... no entanto, parece um indivíduo muito vaidoso de si.

 

publicado às 17:35


A moda masculina está a mudar?

por beatriz j a, em 23.06.11

 

 

 

Está pois. E para melhor? Sim, sim. Coisas menos monótonas, aborrecidas e monocromáticas. Felizmente, já lá vai o tempo (ou quase...) em que os homens tinham de estar sempre de escuro e sem enfeites. Já lá vai o tempo (ou quase...) em que achavam que quem falasse ou escrevesse doutras coisas para além de política, futebol ou 'gajas' era visto como fraco e amaricado porque isso eram coisas de mulheres. Felizmente, já lá vai o tempo (ou quase...) em que achavam que ser inteligente era ser muito sério. Felizmente já lá vai o tempo (ou quase...) em que achavam que certos assuntos eram só para mulheres e faziam do machisto bacoco um estilo de ser e viver. Felizmente porque não há razão para que os homens se auto-limitem, só por convenção e preconceito.

Então hoje fica aqui uma amostra duma colecção para homens mesmo gira e provocante ao som duma música fantástica {#emotions_dlg.happy}

 

 

 

publicado às 18:31


no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau. mail b.alcobia@sapo.pt

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