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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Este artigo do Público é excelente. Desmonta o logro das avaliações individuais falsamente objectivas e quantificáveis, mostra os erros trágicos da organização do trabalho contemporânea no modo como destroem o tecido social e as próprias pessoas sem acrescentar qualidade ou melhor produtividade ao trabalho.
Tudo o que aqui é dito se vê nas péssimas leis da educação destes últimos anos.
Infelizmente, como se diz no artigo, o número de pessoas, entre os gestores, suficientemente instruídos para compreenderem as coisas são uma pequena minoria, e como políticos e quejandos seguem as ordens destes, temos o mundo que temos.
A ler na totalidade.
Estou a ver o TVi 24 - discussão sobre a proposta da ministra da educação.
O Nogueira da Fenprof disse claramente não à proposta e invocou as manifestações dos professores para dizer que os representa. Deixou claro que não basta à ministra ser sorridente. Esteve bem. Falou no sentido de voltar a haver uma frente sindical unida.Acho que esteve bem.
Já o da FNE me pareceu muitooooo mais disposto a assinar tudo quanto é acordo. Claramente mostrou que não tem intenção, nem agora, nem nunca, de pôr as coisas nas mãos da Assembleia da República ou de voltar 'para os colchões'. Pessoalmente não me inspira confiança o discurso dele. Pelo contrário. Fico com a impressão que, por eles, já se tinham ajeitado a este ministério...
O Paulo Guinote disse que a ministra tem estado ausente, que o secretário de estado é um testa de ferro do ministério das finanças, que os 30 dias, ou mais, de negociações, produziram nada, que nada ainda caiu das antigas propostas; falou das situações nas escolas de pessoas às mãos de directores ditadores, etc. Disse, e muito bem, que o ministério transferiu a crispação das ruas para as escolas e que o clima lá dentro é péssimo, só que não se vê por fora. Falou também da passagem para a nova carreira que está caótica.
Lançou o repto aos sindicatos para se unirem.
Falou muito bem porque deixou tudo claro que este processo está a ser abortivo.
A proposta da ministra da educação e da sua equipa é de má fé. É de quem está nisto, desde o início, não para tentar resolver os problemas da educação mas apenas para acabar com o que resta da profissão docente.
Estas propostas para não se progredir na carreira são um gozo. Quem deve estar a rir é a outra ministra, porque esta ainda é pior: faz o mesmo mas sendo sonsa.
Espero que os sindicatos rasguem os papéis de vez porque isto não são negociações. Isto é uma manobra de protelamento.
O que custa é sempre o mesmo: a constatação de que escolhem para ministros da educação gente sem categoria e semvisão que detesta a profissão de professor e está-se nas tintas para os problemas da educação. E tudo isto tem a ver com os vinte milhões, que são precisos para a publicidade que o governo faz no Correio da Manhã e para comprar submarinos e tanques para o melhor amigo do homem que agora brinca às guerras com o nosso dinheiro.
'Roubado' agora mesmo do blog do MUP. Como por aqui se vê, os países que têm pior sistema público educativo são os que, não por coincidência, mais mal tratam os professores.
Aqui há uns meses li um artigo no New York Times sobre uma experiência de avaliação de professores num dos Estados (já não lembro qual) que ia ao encontro daquilo que penso sobre este assunto. Sei que guardei isso mas não sei onde, tenho que procurar. Saía caro mas funcionava mais ou menos a contento de todos.
Na avaliação de professores parto de alguns pressupostos:
Ponto prévio: a avaliação serve para melhorar a escola, torná-la mais eficiente, mais profissional, mais capaz de ensinar e acompanhar os alunos. O seu objectivo é pedagógico. Não serve para punir professores, que não são foragidos da justiça (deixamos isso a cargo de certos sucateiros amigos dos amigos do primeiro ministro)
1. Um professor faz-se com o tempo. À formação académica inicial junta-se depois a experiência. Nas profissões onde tudo depende do modo como se estabelecem as relações humanas ( sobretudo aqui que lidamos com pessoas em formação e mudança) a experiência é fundamental e isso não é coisa que possa ser avaliada mês a mês, ou aula a aula.
2. A formação inicial é trazida das faculdades onde depois, ou a par da licenciatura as pessoas têm uma formação e treino específicos para o ensino, com cadeiras próprias, aulas assistidas, provas, trabalhos, exames, etc. Se no fim de tudo isso os seus professores/orientadores o consideram apto para o ensino, temos que aceitar a competência desses professores. Não vejo nenhuma razão minimamente plausível para ainda terem que fazer uma prova para entrar na carreira. Se o governo suspeita da qualidade de uma faculdade ou curso, faça-lhe uma auditoria.
3. Quanto à experiência, não há maneira de a acelerar artificialmente. É mesmo assim. Alguns professores ajeitam-se rapidamente à profissão outros levam mais tempo, outros nunca se ajeitam. Uma coisa que ajuda muito é não terem experiências péssimas no primeiro ano em que vão para a uma escola, com turmas péssimas e deixados mais ou menos à deriva. Eu defendo há muito que um professor novo, pelo menos no primeiro ano em que dá aulas, devia ter um 'buddy' dentro da escola. Um professor experiente que servisse de conselheiro e apoio permanente. Fazia imensa diferença para a eficiência e profissionalismo desse professor no futuro.
4. Toda a questão das aulas assistidas (2 por ano, ou 3 por ano, ou o que for) não faz sentido. O professor que assiste não é certificador da licenciatura do outro! Mesmo que seja com colegas do mesmo grupo, o que é que um professor pode ajuízar dessas aulas sobre o mérito de outro? Nada. Pode dar opiniões,mas opiniões cada um tem a sua sobre a melhor maneira de dar esta matéria ou de apresentar um conteúdo ou de incentivar uma discussão ou um trabalho de grupo. Uma opinião não é melhor que outra só por ser do delegado ou do coordenador. Eu não reconheço competência à minha coordenadora para me avaliar, assim como não reconheço em mim competências para a avaliar a ela. Aliás,não me parece que possa haver competência, seja de quem for, para se avaliar nesses termos.
Para mim a assistência às aulas faz sentido apenas em 3 casos, mas que não contribuiriam, formalmente, para a progressão na carreira:
a) o director da escola tem a obrigação, porque é a autoridade máxima da escola, de ir regularmente assitir às aulas dos professores. E não precisaria de avisar. É da sua obrigação inteirar-se do trabalho dos professores e não é nada demais ir assistir a aulas. Tem obrigação de ir falando com as pessoas, seja para chamar a atenção de problemas como para motivar por trabalho bem feito. Isso seria uma atitude de prevenção, de tomar o pulso à sua própria escola, de poder fazer um diagnóstico das dificuldades e de formar um perfil dos professores, o que é útil para saber quem é melhor nisto e naquilo e pior nisto e naquilo. Porque os professres raramente são bons em tudo. Podem ser bons dentro da sala de aula e não ter jeito para organizar visitas de estudo; podem ser bons a planear actividades mas não a levá-las à prática,podem ser muito bons num cargo e muito maus noutro. Tem a ver com maneira de ser das pessoas.
b) o próprio professor, porque não tem experiência, por exemplo, ou porque não está a saber lidar com uma turma, pontualmente, por exemplo, pode pedir para um colega mais experiente - o buddy(?) - para ir assistir a aulas e dar opinião sobre o que poderá melhorar, ou o que estará a correr mal. É claro que se isto entrar na progressão da carreira o professor nunca pedirá ajuda e prefere aguentar seja o que for e não melhorará, muito antes pelo contrário...
c) um professor está a dar problemas. Há queixas constantes de pais, de funcionários, de alunos, etc. As aulas não funcionam minimamente. Aí deve-se assistir às aulas com objectivo formal de avaliar até que ponto o professor está desajustado da profissão.
A avaliação dentro da escola quanto a mim far-se-ia na vertente do trabalho na escola - todo o trabalho, o que significa que os cargos não podem ser reservados para alguns - desde as aulas à direcção de turma, etc., para o qual o professor deve fazer um relatório do que foi o seu trabalho nos anos em que está em avaliação e o seu currículo em termos de formação. Sem grelhas ou cenas parvas ou provas jurídicas. A secretaria tem o registo do professor com os dados pertinentes e o professor juntará nesse relatório tudo o que entende que mostrará melhor o que fez.
O Director tem obrigação de conhecer o trabalho dos professores. Tem obrigação de ir falando com as pessoas. Se tem dúvidas, chame o professor e pergunte o que tem a perguntar. Pode pedir a outros professores ajuda, criando uma comissão com professores mais experientes ou consensuais para ajudar nesse trabalho. Parece-me pouco complicado.
O director poderá entender que o trabalho de um professor foi excepcionalmente meritório. Ou o próprio professor poderá entender que o seu trabalho foi excepcional. No primeiro caso o director propõe, fundamentando, que esse professor tenha alguma recompensa, que até pode ser em dinheiro, mas que não está associada ao cargo. É uma recompensa que o professor recebe duma vez só. Ou o próprio professor o pede e fundamenta e o director dará, ou não, seguimento a esse pedido, fundamentando a sua decisão.
Considera-se excepcional aquele que tem uma prestação positiva e muito acima do seu dever profissional, para que os professores não se ponham todos, com o maior despudor e sem vergonha, a dizer que são excepcionais como aconteceu depois das leis da ministra horrorosa. Não há professores excepcionais, quer dizer, excepcionais em tudo, o tempo inteiro. Há professores que num ano, ou num período foram excepcionais, no trabalho que lhes foi atribuído, ou que foram excepcionais num determinado cargo, o que é diferente. O facto de alguém se distinguir num ano, ou num cargo ou função excepcionalmente e se por isso premiado, relativamente a esse cargo, trabalho ou função não faz dos outros piores professores. Acho que as pessoas não entendem isso. Por isso não faz sentido que um professor tenha que ser excepcional para progredir na carreira. Excepcional foi o filósofo Sócrates que até morreu a defender os seus ideais pedagógicos. Não estou a ver as escolas portuguesas, ou outras, com professores dessa estatura...ou até em outras profissões.
É evidente que não poderá haver quotas para um professor que cumpre como deve ser o seu trabalho ser impedido de progredir na carreira. Não faz sentido ser punido por bem cumprir o seu trabalho.
A avaliação do trabalho na escola não me parece complicada. O professor trabalha, faz um relatório do seu trabalho, o director está atento, como cabe a quem é chefe, e acompanha e avalia. Tem um comissão que ajuda a apreciar os relatórios. Que poderá ser do Conselho Pedagógico, ou não. Devem ser pessoas com experiência e inteligência, de preferência a idiotas que se usam dos cargos para auto-promoção e chatear colegas com poderzinhos.
A esse respeito parece-me claro que o Director e todos os outros que compõem a direcção deveriam ser eleitos e limite de mandatos.
O que se passa nas escolas é escandaloso com pessoas a permanecerem nos lugares 10, 15, 20 anos a fio, porque começaram por tapar os lugares com cargos para os amigos submissos (por isso, geralmente, os menos capazes, para pagarem o favor com obediência). A certa altura são autênticos ditadorzinhos nas escolas e não trabalham para as escolas mas para si próprios, exclusivamente,
Depois, podia, e devia haver, quanto a mim, uma avaliação exterior à escola que seria paralela à outra interior feita pelo director. Foi sobre uma avaliação destas que li aquele artigo.
A avaliação, interior e exterior, far-se-ia de 4 em 4 ou 5 em 5 anos para que não saísse tao cara e trabalhosa. E para que os professores se dediquem mais ao ensino e menos a fazer portfolios auto-promocionais e dar graxa às coordenadoras/avaliadoras que adoram ter gordurosos a lambuzá-las..
Mas sobre essa outra avaliação escrevo amanhã, ou isso...
DN
Organização internacional comparou sistemas de vários países e considera que atribuição de recompensas, nomeadamente de natureza pecuniária, é uma forma eficaz de motivar os professores e melhorar a qualidade do ensino em geral
Formas “eficazes de avaliar e recompensar os professores”, nomeadamente através de prémios monetários, “podem ajudar a atrair e conservar pessoal docente de alta qualidade”.
A conclusão é da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), que não deixa de avisar que “nenhum modelo se aplica a todos os países”, e que o sucesso destes programas depende sempre da consulta adequada dos parceiros, incluindo os professores e os sindicatos.
Não acredito nesta solução de dar dinheiro, nem na profissão de professor nem em outras, quando se trata de serviços públicos.
Aliás, viu-se o que aconteceu com os prémios na administração pública: como fomentaram a corrupçao e o compadrio e tiveram responsabilidade de leão em levar o país à ruína.
Nas escolas, foi o mesmo: deram-se prémios de títulos que correspondiam a dinheiro aos piores que andavam e andam nas escolas (que me perdoem as excepções, que existem), os que andavam nos últimos anos (sete) a apoiar as políticas do poder, os que andavam há anos e anos nos Conselhos Executivos por não terem lugar efectivo nas escolas e terem medo de ir parar a 'cascos de rolha', os que lá iam ficando por não gostar nada de dar aulas, os que aproveitaram não ter horários a cumprir nos CEs para irem tirar aqueles mestrados de tanga nas ESEs com orientadores e professores eles mesmos fugidos às escolas primárias e postos ali por não terem entrada noutros sítios, etc.
O resultado desses prémios está à vista: é essa gente que define as políticas nas escolas e em algumas dedicam-se exclusivamente a chatear e perseguir colegas. O que nas escolas as pessoas fizeram umas às outras pelo dinheiro que vinha com o título foi o pior legado da outra mulher.
E não venham dizer que se arranjaria um sistema de avaliação que detecteasse o mérito porque isso nunca acontecerá, a não ser como excepção e não como regra. Quem manda quer mandar e premeia os que o apoiam, e mais nada. É esse o critério.
Os lirismos que tenho lido sobre a avaliação, sobre as aulas assitidas e portfolios e entrevistas e avaliação tipo confissão auto-crítica entre colegas como se isse fizesse sobressair quem tem mérito...
Li um post no blog ProfBlog sobre avaliação interpares. Estou completamente de acordo. Isso seria a instauração de uma guerra civil nas escolas que acabaria com o que resta de ânimo aos professores. Mais, não entendo como é que isto não é evidente para os professores.
Entendo que os sindicatos não vejam isto porque estão há muito tempo fora das escolas e têm um hábito de trabalho corporativo. 'Conspiram' em conjunto, assentes nos mesmos princípios e para os mesmos fins. Mas as coisas não são assim nas escolas.
É muito raro um grupo disciplinar funcionar muito bem do ponto de vista da confiança entre pares. Há pessoas que são colegas nas mesmas escolas há 10, 15 e 20 anos e têm grande volume de contencioso entre si. Já foram opositores para cargos ou em Conselhos Pedagógicos, ou um deles passou à frente dos outros por se fazer amigo do chefe, outro fez queixa de um outro, outro ainda acha que fulano de tal é péssimo professor e boicota-lhe o trabalho (às vezes dentro da sala de aula, com os alunos), outro que quis muito ir para um cargo destruiu definitamente a relação com 2 ou 3 para isso, etc. Tudo isso se agravou com os titulares. Há grupos onde os professores, para serem titulares, fizeram coisas, no mínimo, vergonhosas...
Engana-se quem pensa que não existe política nas escolas e é ingénuo quem pensa que os professores são pessoas sem motivações pessoais. Se a isto acrescentarmos a ideia de que entre eles uns serão avaliados com bom outros com muito bom, teríamos que os grupos deixariam até de comunicar entre si. Entrariam em guerrilha permanente, intestina e corrosiva.
Tudo o que mine a possibilidade, a capacidade dos professores colaborarem uns com os outros não serve o ensino, antes pelo contrário.
por PEDRO VILELA MARQUES Hoje
Movimentos organizam acção de contestação à proposta apresentada pelo Ministério. Professores criticam em especial as limitações à progressão na carreira e a manutenção de quotas para as notas mais altas
Os movimentos de professores vão organizar uma acção de protesto já este mês contra o modelo de avaliação proposto pelo Ministério da Educação. Depois de um curto período de "tréguas", que dura desde a nomeação da ministra Isabel Alçada, os professores mostram-se agora frustrados com os resultados das negociações com os sindicatos, em especial com a manutenção das limitações na atribuição das notas altas, através de quotas impostas às escolas. Razão pela qual garantiram ao DN que vão retomar a luta através de uma acção simbólica.
"A classe não está pacificada e está disponível para retomar a contestação". Quem o garante é Ricardo Silva, da Associação de Professores e Educadores em Defesa do Ensino, que está a preparar um modelo de avaliação a ser apresentado ao Ministério até final de Dezembro (ver caixa), em resposta à estrutura da carreira docente proposta pelo Governo, em que nem todos os professores podem atingir o topo.
"Desde que o professor cumpra de forma correcta o seu trabalho não devem haver razões para que lhe seja cortada a progressão na carreira, a não ser por motivos economicistas. As conquistas sociais custaram muito a alcançar e não podem ser deitadas fora", alerta Ricardo Silva, que condena ainda o desaparecimento "das consequências das avaliações de mérito para progressão na carreira e para aqueles que não entregaram objectivos nem a auto-avaliação" da mesa das negociações.
Negociações que para Ilídio Trindade, do Movimento Mobilização e Unidade dos Professores, se estão a arrastar mais do que o esperado, sem os resultados esperados. "A manutenção das quotas não faz sentido nenhum, a não ser por razões economicistas, e gera instabilidade por duas grandes razões: porque o trabalho do professor é colectivo, em que é precisa uma grande entreajuda, e porque as quotas são sempre castradoras, já que o professor ou merece a nota ou não merece".
Ilídio Trindade adianta que já há nas escolas quem fale em voltar à luta, reconhecendo que os professores estão "atentos e podem retomar a contestação". Até porque o representante do MUP já se questionou se "nalguns aspectos, será melhor aquilo para onde caminhamos do que o que já tínhamos".
Era o que se adivinhava. Esta ministra e a continuação da outra, só que em versão 'pão-de-lózinho'. Aliás, os ajudantes são os da escola da outra.
Com esta proposta somos transformados em putos da primária a fazer dossiers da treta e somos avaliados pelos pares que concorrem connosco às mesmas vagas. Ah! Já esquecia: temos 10 escalões para sairmos disto aos 80 anos, ou morrermos antes de passar lá para o oitavo.
Isto é a gozar connosco e a mostrar que a discussão da educação é assessória para o país.
O que interessa é o tipo que faz de primeiro ministro não perder cara e vinte milhões (ainda há obras por ajuste directo, talvez, ou amigos a precisar, quem sabe?)
Isto já cansa.
Fazer provas para passar do 3º para o 4º escalão e do 4º para o 5º e do 6º para o 7º?
Mas então para que serve a avaliação? Somos avaliados e depois de sermos avaliados ainda fazemos provas da avaliação? Isto é a brincar? Se estou congelada há 8 anos num escalão e fiz tudo o que tinha que fazer e fui avaliada, pois isso não chegará? Vou ter de fazer uma avaliação da avaliação? E depois? Essa outra avaliação não chegará também e farei mais uma outra avaliação da avaliação?
E isto tudo para quê? Para pouparem 10 milhões? Li ontem que o Oliveira Costa e dois amigos roubaram 9 biliões e tal de euros. É só sacar dessa gente os roubos e tirar uma pequeníssima parte que dá para pagar todos os congelamentos de todos os professores durante muitos anos. Ou é só com os Varas e os sucateiros e filhos de sucateiros criminosos que o primeiro ministro se preocupa por serem amigos?
Custa-me aceitar que vão inventar um artíficio para não me deixarem progredir na carreira por quererem poupar uns tostões para entregarem a criminosos que roubam biliões. Porque é que só se lembram de poupar quando chega aos professores? Não perdemos já nestes últimos anos mais de 10% de poder de compra? Ou querem continuar com o esquema de subornar uns professores (com títulos ou não) para que façam de inspectores obstáculo dos outros?
Então continuamos a não querer saber da educação mas apenas de destruir professores? É esse o objectivo das políticas para a educação? Espero que não. Uma pessoa já anda cansada de tanta mentira, de tanto embuste, de tanta hipocrisia, de tanta cobardia, de tanta falta de visão de tanta falta de seriedade.
por Lusa Ontem
A ministra da Educação considerou hoje "um tempo curto" o prazo de 30 dias recomendado sexta-feira pelo Parlamento para o Governo apresentar um novo modelo de avaliação dos professores, esclarecendo que o processo poderá não ficar fechado nesse período.
"Não quer dizer que esteja fechado o processo nesses 30 dias, mas de qualquer forma vamos trabalhar para concluir esse trabalho", declarou Isabel Alçada.
Quarta-feira, haverá nova reunião no Ministério da Educação com os sindicatos, que pretendem também o fim da divisão da carreira em duas categorias (professor e professor titular), para "tentar encontrar pontos de encontro", disse Isabel Alçada, reiterando tratar-se de uma questão complexa e escusando-se por isso a avançar um ponto em particular das discussões em curso.
O fim da divisão da carreira é uma questão complexa? A mim parece-me simplissíssima! Se existe a intenção e a vontade.
Espera-se que os sindicatos não confundam as coisas porque, se poderá haver razões para que no fim do prazo de trinta dias o modelo da nova avaliação seja apresentado ainda com lacunas, não há razão nenhuma para que a divisão da carreira não esteja feita, acabada e enterrada!
Não há reservas de paciência para assistir ao protelar da questão fazendo de nós tolos.
Espero que também o PSD se aperceba, se for esse o caso, do logro em que foi metido, e arrepie caminho, porque não era esta a sua intenção, julgo, ao apresentar as propostas no parlamento.
Hoje um jornalista escrevia no DN que a mudança da avaliação de professores e o fim da divisão da carreira iriam custar ao estado vinte milhões.
Vamos lá a ver: Isto é a confissão do único e verdadeiro intuito da avaliação e divisão da carreira congeminados por aquela outra mal encarada e incompetente → escolher uns professores, de entre os que se mostraram carreiristas e, por isso, subservientes ao poder, promovê-los a titulares e depois pô-los a fazer de inspectores carrascos dos colegas de modo a que ninguém, praticamente, subisse na carreira, e se poupassem assim muitos euros. Ou, dito de outro modo, ter pelo menos cem mil professores a trabalhar como escravos.
Horários sobrecarregados a fazer de baby-sitters e quase de borla, pois assim que entrassem no sistema só com uma sorte do camandro e muita subserviência subiriam na carreira. E para que é que se queria poupar esses milhões? Para dar ao Vara, ao sucateiro, à mãe, aos tios e primos espalhados pela china e pelo mundo, ao mestre de todas as cadeira do curso, a jornalistas de serviço, e a todos os outros amigões que servem o poder obedientemente.
Eu já nem lembro quando foi a última vez que progredi na carreira. Estou estacionada há oito anos (acho) para que o senhor Vara tenha um salário de 30.000 euros - do que se sabe, fora as alcavalas...
Mas é claro que isto não chega a este poder ávido. Queriam que os professores nunca mais progredissem. Nunca. Ficariam assim a ganhar cada vez menos para que a outra e os amigos que tiram cópias a 300.000 euros e os irmaos desses (aqueles acusados de coisas hediondas) pudessem continuar a sorver o povo.
O salário de um ano só de meia centena de gestores públicos dá para pagar todas as progressões de 100.000 professores!
Só no BPN já foram injectados 3.5 biliões de euros a fundo perdido!
Vinte milhões deve ser um décimo do que sai todos os meses de Portugal em nome de meia dúzia de senhores rumo a paraísos fiscais.
Gostava é de saber se me vão devolver o dinheiro de quase uma década de congelamento de salários que correu a par dos aumentos milionários que os políticos deram a si próprios.
Haja vergonha!
Trinta dias para arranjar um novo modelo de avaliação parece-me razoável. É preciso pensar as coisas para não fazer outra porcaria igual à que estava. Mas porquê trinta dias para acabar com a divisão da carreira? Porque é que isso não foi feito logo? Não são precisos trinta dias para acabar com isso e parecer-me-ia um indicador de boa fé.
Pessoalmente, como tudo depende do Sócrates, que é personagem a quem já tirei as medidas há muito tempo, continuo muito céptica. É ver e crer como S. Tomé...
É que, para além de discursos de abertura e de diálogo e de sim senhor vamos colaborar e tal, ainda não vi nada de concreto. Essa é que é essa!
A garantia foi dada pelo deputado Pedro Duarte num esclarecimento escrito enviado ao Movimento Mobilização e Unidades dos Professores (MUP), que, perante as "inúmeras manifestações de apreensão" recebidas, pediu uma "clarificação" aos sociais-democratas.
"Parece-nos óbvio que todos os procedimentos relativos ao 2º ciclo avaliativo deverão ser imediatamente suspensos. É uma questão de bom senso que, certamente - no caso do Projecto do PSD ser aprovado -, os directores e o próprio Ministério da Educação compreenderão", lê-se na resposta assinada por Pedro Duarte e publicada no site do MUP .
Pedro Duarte defende que o projecto do PSD, que será discutido e votado no final desta semana no Parlamento juntamente com diplomas de outros partidos, vai mesmo mais longe "prevendo que - no prazo de 30 dias - haja uma substituição (logo, uma revogação e não uma mera suspensão) do actual modelo."
Em relação ao 1º ciclo de avaliação, que diz respeito ao passado ano lectivo e que termina a 31 de Dezembro, o PSD admite que os professores que obtenham as notas de Muito Bom e de Excelente não sejam prejudicados e continuem a beneficiar dos direitos que adquiriram (em termos de concurso e carreira).
Mas também defende que os professoes que não foram avaliados pelas escolas (por não terem entregue os objectivos individuais) não possam ser prejudicados.
"Esta solução parece-nos a melhor para resolver o bloqueio que se vive na Educação", resume Pedro Duarte.
Parece-me bem.
Cerca de 50 000 pessoas prestaram hoje a derradeira homenagem no estádio do Hannover 96 ao ex-guarda-redes do Benfica Robert Enke , que se suicidou na terça-feira, aos 32 anos, no auge da carreira, vítima de graves depressões. (jornal i)
Quando o sucesso é apenas exterior - fama e dinheiro - e não corresponde às vivências interiores, que o diminuem ou até o anulam.
E, no entanto, é para este tipo de sucesso que toda a sociedade está construída. É para ele que se inventaram as grelhas e as avaliações psicóticas nas escolas. É para ele que se endeusou a ciência e se destruiu a cultura das humanidades. Olha-se para as pessoas mas não se vêem as pessoas, vêem-se casos - de sucesso, de insucesso.
Nas escolas, os miúdos, desde pequenos, habituam-se a considerarem-se menos pessoas se têm más notas. Mais tarde têm dificuldade em interiorizar que uma nota só avalia um trabalho realizado e não a pessoa que o fez, que uma nota de 7 não equivale a dizer que são pessoas que valem 7, de tal modo a sociedade os bombardeia por todo o lado com ideias de competição e avaliação e mérito pessoal baseado em certo tipo de sucesso de aparência.
Esta generalização do darwinismo a todas as áreas da vida pessoal e social é catastrófica, corrosiva. O stress de não se ter um minuto de descontracção, por força de se estar sempre a percepcionar numa corrida em que, quem fica para trás, desaparece.
A avaliação deixou de ser um instrumento de progressão, nomeadamente interna, para se transformar numa regra 'dos nove - noves fora, nada'.
Preparar as pessoas para sucessos de fachada sem cuidar do que está dentro sendo a vida uma experiência tão complicada...o Jardel, em entrevista ao jornal i, diz que luta diariamente para não ir parar ao buraco - entregar-se ao Diabo, nas suas palavras.
Que raio de educação andamos a dar às pessoas?
Estive a ler no blog do MUP o projecto do PSD para a educação (avaliação, carreira, etc. ). Parece-me bem. É claro que é preciso ver depois que tipo de avaliação alternativa é que estão a propor. Mas para já parece-me bem.
Parece-me completamente indiferente que, a haver acordo no parlamento para a questão da avaliação, se diga que se substituiu a avaliação em vez de dizer que se suspendeu. Na realidade é até mais humilhante para a outra que se substitua a avaliação pois isso significa que a avaliação que ela (a outra) forjou é uma merda tão grande que facilmente se substitui numa semana com vantagem para tudo e todos.
Se o Sócrates precisa do termo substituiu para não perder aquela face desavergonhada pois que seja. Desde que se acabe com a divisão da carreira e se garanta que os professores que não entregaram objectivos (eu sou uma delas) e os que não entregaram a ficha de auto-avaliação não sejam prejudicados por terem sido coerentes e honestos com os seus princípios.
Aí é que me parece que não se pode transigir. Afinal, agora que todos vêem que todas as decisões da outra foram catastróficas, é preciso dizer que se não fossem esses, os que não entregaram objectivos, ainda agora andava tudo cego, pois por vontade dos sindicatos tudo tinha ficado decidido com o famoso memorando.
Se a moeda de troca da não penalização dos professores é a promoção de todos os parasitas que foram a correr pedir muito bons e excelentes, pois que o seja também. Não é dramático. Que se publique em cada escola a lista deles para sabermos quem são.
O que é dramático é os professores serem punidos por serem íntegros e não se vergarem à desonestidade. O que é dramático é que professores venham a ser punidos por terem o azar de estarem em escolas onde os directores são mini-sócrates e mini-santos silvas e mini-lurdes rodrigues. Se a lei diz para punir, pois que se mude a lei. Num futuro mais ou menos próximo quase todas as leis da outra vão ter de ser mudadas de qualquer modo sob pena de nada nunca vir a funcionar.
Já estamos todos fartos disto e se as coisas não se resolvem as escolas implodem.
É bom que os sindicatos não pensem que podem fazer qualquer coisa como se governassem os professores, à semelhança do que aconteceu no passado.
Seria bom que a ministra mostrasse estar de boa fé porque ter como chefe alguém que mostra não ser sério é o mesmo que envenenar a comida logo no início do jantar. Ninguém vai querer comer.
Os professores foram tão abusados e maltratados nestes últimos anos que estão cheios de marcadores. À mínima coisa os marcadores disparam, as pessoas descrêem e a situação volta ao ponto explosivo.
por SUSETE FRANCISCO
Governo vai enfrentar já na próxima semana o que designou como "coligações negativas": partidos da oposição preparam-se para unir esforços para suspender o actual regime de avaliação. Uma notícia que acaba por surgir precisamente depois de uma ronda negocial em que ministra e sindicatos abriram uma janela de entendimento nesta matéria.
"Eu não sou a favor de nenhuma suspensão e sugiro que isso não seja feito, seria absolutamente irresponsável." As palavras são de José Sócrates, durante o debate do programa do Governo, mas a oposição prepara-se para ignorar olimpicamente a "sugestão" do primeiro-ministro. PSD, CDS, BE e PCP vão levar a debate e votação vários diplomas que visam a suspensão do actual modelo de avaliação dos docentes, bem como o fim da divisão entre professores titulares e não titulares. E preparam-se para votar favoravelmente todos os projectos em cima da mesa.
O debate foi agendado ontem, em conferência de líderes parlamentares, e ficou marcado já para o final da próxima semana (a discussão começará quinta-feira, as votações serão na sexta).
A mensagem da oposição é clara: ou o Governo resolve as duas questões, ou a AR resolverá pelo Governo.
( aparte - Alexandre Ventura, agora secretário de estado da Educação, foi um dos autores de um estudo internacional em que as mudanças no ensino português eram elogiadas, que o primeiro-ministro, José Sócrates, chegou a apresentar como um documento oficial da OCDE. Algo que seria desmentido alguns dias depois, criando algum embaraço no Governo).
ISABEL ALÇADA no Público
Não há suspensão do actual ciclo avaliativo. Quanto ao próximo, o Ministério da Educação vai comunicar com as escolas para que “não haja trabalho que não corresponda às necessidades efectivas, que não tenha consequências”, declarou Isabel Alçadaapós reuniões com organizações sindicais de professores.
A ministra comprometeu-se a manter o diálogo para analisar o actual modelo de avaliação e o Estatuto da Carreira Docente. Contudo não estabeleceu um prazo para rever estas matérias. “Tudo faremos para que os professores se reconheçam no estatuto e na avaliação”, prometeu. Até lá “todos os professores vão completar o seu processo de avaliação, que será tido em conta na progressão da carreira”, afirmou.
Sobre a divisão da carreira, a ministra disse que será uma matéria a analisar, mas adiantou que deve haver articulação entre o estatuto e o modelo de avaliação.
'Será uma matéria para analisar', 'diálogo', 'logo se vê', 'isso fica para mais tarde', etc.
Não sei porque é que os sindicatos e movimentos estão todos contentes com as declarações da ministra. O que eu leio nelas é: não vamos mudar grande coisa e vamos arrastando a conversa até, ou os sindicatos assinarem um entendimento ou os professores se cansarem.
Se a ministra tivesse intenção de fazer as mudanças que queremos, tinha-o dito. Logo. Assim que chegou ao cargo. Mas não. Deixou que Sócrates e o da Assembleia assegurassem que nada vai mudar e agora vem dizer 'que depois se vê', que há-de pensar-se no assunto', mas mais tarde, que agora é 'para todos serem avaliados' com o regime da outra indivídua...e calados.
Não tenho expectativas positivas desta ministra. Isto tudo me parece fogo-fátuo. Estratégias para não perder face e votos. Mas a educação neste país não precisa de estrategas de votos. Precisa de pessoas que tenham consciência dos problemas, que tenham uma visão educada, que saibam reunir esforços para encontrar caminhos, que tenham uma política, objectivos, visão de futuro, etc.
Esta ministra já disse alguma coisa sobre o que pensa ser o desafio da educação? O que pensa devam ser os grandes objectivos? De que modo esses objectivos servem o país para o seu futuro?
Não vejo liderança à altura dos desafios. Vejo moços de recados ao serviço da agenda pessoal do Sócrates. Nada mais.
Jorge Lacão, ter deixado claro que a suspensão do modelo estava "fora de questão". (IOL)
O primeiro-ministro, José Sócrates, considerou hoje que suspender o actual modelo de avaliação dos professores, como defendem todos os partidos da oposição, "seria totalmente irresponsável. (SOL)
O deputado socialista Luiz Fagundes Duarte considera «difícil e incompreensível» que PS e Governo recuem quanto à divisão da carreira docente entre professores e professores titulares, como reclamam sindicatos e partidos da oposição. (IOL)
Isabel Alçada diz que não há nenhum aspecto do Estatuto da Carreira Docente e da avaliação de desempenho que não possa ser alterado. (JN)
Uma aventura(?) entre a 5 de Outubro e S. Bento ou 'La cage aux folles'?
Tenho grande dificuldade em decidir...
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