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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
O André está por cá.
O André está quase a ir embora outra vez... nós dois quando nos sentamos à conversa falamos cinco horas de enfiada sem parar. Sem pausas. E não fica a conversa acabada. Se nos sentamos outra vez à conversa passados dois ou três dias são outras cinco horas de enfiada à conversa. sem parar. E não fica a conversa acabada...
Nesta altura do ano: férias.
Durante todo o ano: amigos. Aquelas pessoas em quem confiamos como estar em casa e que estão presentes e partilham as suas coisas permitimdo com isso que façamos o mesmo.
O André vai-se embora amanhã de madrugada. Vai voltar lá para o meio dos celtas e desta vez por mais tempo... Já começo a sentir saudades por antecipação. Os amigos fazem-nos bem a quinhentas coisas ao mesmo tempo. São um conforto muito grande e vê-los é uma alegria renovada que aumenta anos de vida.
A amizade não tem horas de expediente e não funciona no vazio. Não nega. Afirma. Não destrói. Constrói.
Ir com amigos ouvir boa música, num sítio interessante, beber um Irish Cofee, ter uma boa conversa.
Carl BouMansour
Não é o mundo que incomoda
nem as pessoas em abstracto
nem mesmo o devir da História
com as mudanças de retrato.
Não, a Humanidade não cansa
não desgosta nem fenece
o optimismo e a esperança
- nela o riso não esmorece.
Quem mata é o homem concreto,
o que nos acompanha o passo
o amigo que tomamos por certo
não trair esse compasso...
A derrota e o cansaço
não vêm do inimigo
mas do que finge o abraço
antes de desferir o castigo.
bja
Amizade é presença. O contrário é ausência.
Amigos aproximam-se. O contrário é distância.
Amizade é respeito. O contrário é indiferença.
Amigos partilham. O contrário é teatro.
Amizade é verdade. O contrário é mentira.
Onde há amor não há desilusão.
Des-ilusão é a ausência de ilusão
Ilusão é a imersão na luz: i-luz-ão = dentro de uma enorme luz.
Dentro de uma imensa luz não há sombras. Tudo é imensamente claro e todo o visível é integrado na luz. Não é um excesso de luz que cega, é um todo de luz que mostra. Mesmo as sombras se 'es-clarecem' e tornam luz. É isso a ilusão: estar na luz. Por isso, onde há amor (de amante ou de amigo, tanto faz), não há desilusão. Tudo é visto como um todo que faz parte da luz: o escuro e o claro, o baço e o brilhante. É ver o todo no pormenor e o pormenor no todo. É ver o defeito na virtude e a virtude no defeito. É isto o amor: um estado de ver na luz e estar na luz, um estado de ver a verdade e estar na verdade. A desilusão é a negação da luz.
...de rabo para o ar! LOL
Acho que tenho tido sorte no que respeita aos amigos. Não só porque faço amigos com alguma facilidade mas também porque os meus amigos, na medida em que me obrigam a 'melhorar', enriquecem-me. Por causa de um/a desenvolvi um gosto, por causa de outro/a tornei-me mais sensível a certas questões, etc.
Alguns amigos não vejo há muito tempo e tenho infinitas saudades deles mas sinto a presença deles comigo. Outros já não estão fisicamente neste mundo mas continuam vivos no coração.
Acho que os amigos me têm, literalmente, acrescentado anos de vida.
Este ano que está agora a acabar (já não funciono por anos civis, só lectivos) foi um dos piores que já tive. Começou com uma morte e acabou com outra. Pelo meio uma descoberta de que pessoas que levamos a sério não nos levavam a nós a sério.
Na escola, um ano lectivo desanimador em termos de esperança de mudança positiva no sector ( a ministra a revelar-se um autêntico bluf) e revelador das consequências do trabalho da Lurdes Rodrigues. Um ano brutalmente desmotivador.
Um ano que começou com grande sofrimento e acaba pouco melhor. Se não fossem os amigos, sempre dispostos a ouvir, conversar, a rir connosco, a animar..bem, nem quero imaginar como seria. Um amigo não tem preço. É um consolo para a alma.
Às vezes acontecem-nos coisas que parecem saídas de um filme, ou assim.
Hoje, a mandar uma mensagem a um amigo enganei-me e mandei a mensagem para um número da lista que tenho aqui há certo tempo associado a uma mensagem mesmo cómica que alguém me mandou, certamente por engano. Bem, enviei a mensagem e passados uns minutos recebo uma sms que dizia, quem és? Achei estranho que o meu amigo me respondesse assim masestava distraída com outra coisa de modo que respondi de volta, E tu es quem? Resposta: tu é q me mandaste uma mensagem. Aí percebi o engano e fui ver para quem tinha enviado a sms. Respondi: foi engano pq tenho esse numero no meu tlm. Alguém me mandou daí uma sms ha algum tempo. Resposta: Lol, entao tambm foi engano pq não reconheço o teu numero. Como t chamas? - Beatriz, respondi. N conheco nenhuma Beatriz. Passaram uns minutos e recebi outra mensagem, Houve um tempo q o meu irmao usava este tlm. Se calhar foi ele. Chama-se....... .........
Opá, então não é que o conheço muitíssimo bem o irmão! Quer dizer, por engano, o irmão mandou-me uma mensagem há muito tempo, que eu guardei por ser muito engraçada mas à qual nunca respondi por perceber claramente que se tratava de um engano. E agora, por causa desse engano eu faço outro engano e acabo por ir dar com um amigo que não via há 10 anos, ou mais!
Estas coisas têm piada!
Ontem à noite recebi uma mensagem de amigos que estão em Veneza. Estavam num bar, a beber uns copos e a brindar aos amigos que já se foram e aos que estão ausentes. Lembraram-se de partilhar comigo esse momento e de beber um copo por mim. Foi pretexto para ir rever as fotografias que tirei quando estive em Veneza. Lembrar-me dos sítios. Gostava de lá voltar. É como regressar no tempo, a uma época shakespereana. Ficamos à espera de ver o Otelo aparecer à varanda do palácio do Doge.
Veneza deixou-me uma impressão tão vívida que lembro-me daquilo tudo. As pontes, as praças, as igrejas, os palácios, os quadros, os frescos, a Basílica, as ruas, os cafés da praça de S. Marcos... Lindo!
canaletto
Never thought I'd feel this way
And as far as I'm concerned I'm glad I got the chance to say
That I do believe I love you
And if I should ever go away
Well then close your eyes and try to feel the way we do today
And than if you can't remember.....
Chorus
Keep smilin'
Keep shinin'
Knowin' you can always count on me
for sure
that's what friends are for
In good times
And bad times
I'll be on your side forever more
That's what friends are for
Verse 2
Well you came and open me
And now there's so much more I see
And so by the way I thank you....
Ohhh and then
For the times when we're apart
Well just close your eyes and know
These words are comming from my heart
And then if you can't remember....Ohhhhh
Hoje comprei um livrinho naquele alfarrabista que tem banca montada aqui no Jumbo. É uma edicão de 1905 da Livraria Editora chamada Figuras Humanas de Alberto Pimentel. O tipo de livro que infelizmente já não se edita. O autor faz o elogio de uma vintena de figuras das letras, portuguesas e francesas. Algumas conheceu pessoalmente. Dessas, sobretudo das que eram suas amigas, traça um retrato intímo da pessoa com aquelas características e pequenas idiossincrasias que lhes eram peculiares e que as tornavam especiais e especialmente amadas e recordadas por seus amigos.
Gosto de apanhar estes livros porque, de repente, pessoas que até então eram apenas nomes de ruas, praças ou edifícios, ganham vida, personalidade e, num certo sentido, eternidade.
Deixo aqui a prosa (com a grafia da época), preciosa, do Alberto Pimentel sobre o Urbano de Castro.
"Tinham-me dito terça-feira:
- Sabes quem está muito mal?
- Quem?
- O Urbano de Castro.
Pensei em ir vêl-o no dia seguinte, esperançado, porém, em que pudesse haver exagêro n'esta informação pessimista.
Quem conta um conto acrescenta um ponto. De mais a mais, em questão de doenças, o Terror corre mais depressa do que a Esperança. É o medo da Morte que se espalha logo, e com razão, porque, a dizer a verdade, a Morte é a unica coisa séria da Vida.
Na quarta-feira, o dia amanheceu diluvioso. Lisboa foi lavada de alto a baixo por uma chuva torrencial. Dir-se-ia a sua primeira barrella hygienica depois dos suores do verão. Todos se aborreceram com esse dia insupportavel, mas ninguem protestou, porque Lisboa precisa muito mais de ser lavada do que a camisa negra de um saloio. Não sahi; tive medo á invernia.
É que, sejamos francos, vae chegando a hora das cautelas e dos resguardos. Começa a desmoronar-se a minha geração. Morreu outro dia esse bravo homem chamado Gomes Fernandes, que eu me lembro de ter visto apparecer no Porto pendurado n'um charuto, flor ao peito, moço, rico, feliz, fazendo sensação e espalhando sympathias. Morreu como um heroe; mas era forte e cahiu. Poucos dias depois morreu o Lino d'Assumpção, tão de repente, que toda a gente dizia ter-lhe falado ainda na véspera. Agora era o Urbano de Castro que estava doente. Não há duvida que é uma geração a desmoronar-se. Cautela, pois. E não sai de casa por causa da invernia.
Mas hontem, logo pela manhã, o dia parecia soffrivel: o sol queria romper por entre as nuvens. Almóço, saio logo, vou á rua de S. Bento, saber do Urbano.
- Talvez já esteja melhor, dizia comigo mesmo.
Chego ao prédio 343 e vejo um coupé á porta.
- Deve ser o medico; parece-me o trem do Curry Cabral.
Subo. Faço soar levemente a campainha.
Ha uma grande escuridão n'essa estreita escada de um predio antigo. Não vejo bem a pessoa que vem abrir-me a porta, mas pergunto:
- O senhor Urbano de Castro está melhor?
Faz-se um momento de pausa.
Depois, uma voz de homem responde com difficuldade, afogada em lagrimas:
- O senhor Urbano de Castro morreu ás tres horas da manhã.
Sinto uma vertigem. Agarro-me ao corrimão para não cahir. Parece que desaba sobre mim o peso de uma geração a desmoronar-se.
Desço a escada, cambaleando, encostando-me ás paredes. Na rua posso respirar melhor; a luz do sol, que descobriu, dá-me alguma coragem. Começo a pensar mais serenamente na morte e na vida d'esse Urbano, que vi a ultima vez ha quatro mezes, no Hotel Bragança, quando foi o jantar que o conselho da arte dramatica offereceu a Hintze Ribeiro.
E de repente acode-me a ideia de que tão certo é o predominio de um algarismo na existência de cada homem, que esse predominio está bem patente na vida e morte de Urbano de Castro.
O numero da sua porta começa por um trez e acaba por um trez:343.
Elle habitava no terceiro andar.
Dentro de pouco tempo devia completar 53 annos de idade.
Morreu no dia 6, duas vezes 3, ás 3 horas da manhã.
Assignalou-se como jornalista em trez gazetas de Lisboa: Jornal da Noite, Correio da Manhã e A Tarde.
Como poeta, a sua ultima poesia faz referência ás trez Parcas.
Finalmente, vae logo ser enterrado, no cemiterio dos Prazeres, ás trez horas da tarde.
Póde ser uma vesania, mas eu cada vez creio mais nessa mysteriosa arithmetica, na influencia de um certo algarismo, que preside aos destinos de qualquer homem.
(...) o numero trez presidiu ao seu destino.
Elle, em geral, não tinha apprehensões, era um corajoso.
Não houve ainda um homem fraco, que tivesse mais espirito do que elle, quer a palavra espirito se tome no sentido de coragem ou de humor.
Foi sempre um alegre com duas costellas de bohemio.(...)era excellente para dar um conselho em qualquer circumstancia difficil. Havia sempre um grande bom-senso na sua opinião. Via bem as questões, serenamente, lucidamente, e aconselhava com acerto. Depois, contava uma anedocta, recitava uns versos, queimva uma cigarrilha.
(...) Excellente conversador, scintillante de graça, Urbano de Castro, quando estava deante do grande publico, no parlamento, por exemplo, deixava fallar os outros e calava-se.
Ainda n'isto se contradizia mais uma vez.
Quizesse elle fallar, como queria escrever, e teria trumphado politicamente.
Como escriptor, foi desde rapaz um amigo dos classicos. Sabia-os de cór. (...)
Caracter diamantino, jámais se envolveu num mexerico, n'uma intriga, n'uma emboscada. Cortava a direito, dizia o que tinha a dizer. Combateu muitos homens na imprensa, mas sempre tão lealmente, que todos lhe faziam justiça e o respeitavam.
É por isso que a sua morte causou sensação em Lisboa.
Toda a gente dizia hontem:
- O pobre Urbano! Que pena morrer o Urbano!
E agora reparo eu que o seu proprio nome era composto de duas vezes trez letras.
Mais ainda. Este pobre Urbano, cuja morte todos lastimamos, valia trez homens: um bom escriptor, um bom jornalista e um bom conservador.
Está evidentemente provado que o numero trez o acompanhou sempre, na vida e na morte, _sempre. (Lisboa, 7-11-902)"
DN
Função pública
Estado paga mais 18% em subsídios e indemnizações
E vai mais longe ao defender que a criação das EPE são uma forma de "desmembramento da Administração que corresponde a uma opção política, de modo a, mais facilmente, colocar as clientelas político-partidárias". Nos gastos com abonos variáveis, que só na Administração Interna mais do que duplicaram, defende a mesma lógica. "As indemnizações por cessação de funções têm crescido todos os anos sem que seja claro porquê". Só na Defesa ultrapassam 112 milhões de euros em 10 meses.
Despesa com salários está estabilizada há três anos, fruto das reformas e da colocação de milhares de trabalhadores na mobilidade especial. A aquisição de bens e serviços está "descontrolada", diz o STE O Estado gastou, até Outubro, mais 65 milhões de euros (+18%) com abonos variáveis - subsídios diversos, prémios, compensações por trabalho em dia de folga, ajudas de custo e indemnizações por cessação de funções. E as aquisições de bens e serviços aumentaram também 7,4%.
Em contrapartida, o STE assinala a estabilização da despesa com salários na Administração Pública, que aumentou, apenas, garante, 0,1% em termos homólogos até Outubro último, o que corresponde a mais 9,4 milhões de euros. Isto apesar da actualização salarial de 2,9% atribuída este ano. "Habituamo-nos a ouvir falar muito do peso das remuneração no Orçamento de Estado e, afinal, essas afirmações não correspondem à verdade porque não há evolução desfavorável da despesa com pessoal" refere (ver quadro). Pois é! O Sócrates mandou desmembrar a administração pública, empurrar milhares de funcionários para a rua e por em campo avaliações injustas e com quotas para poder, com esse dinheiro poupado, pagar a meia dúzia de pessoas que escolhe para gestores, assessores e consultores e a quem depois dá prémios milionários, reformas principescas. A reposição da justiça na carreira dos professores (que são milhares) não pode ser porque custa vinte milhões, mas gastar cem milhões aqui e mais cem ali com os prémios e as reformas dos amigos é que é normal. Como é que pode ser aceitável os sindicatos dos professores andarem a discutir modos de poupar dinheiro com os professores sem outro objectivo que não seja o de poupar dinheiro para que os amigos do poder possam continuar a sugar o país?
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