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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
A racionalidade do iluminismo trazia em si o germe da sua destruição?
O racionalismo da ciência galilaica e do séculos das luzes, ao delimitar o campo do que pode ser investigado (do que é científico), foi apertando o seu escopo até o reduzir ao espectro das produções do método científico. Ao fazê-lo criou uma fronteira artificial entre diversos campos da realidade que compartimentou com etiquetas de exclusão mútua: certas questões estariam fora do campo da ciência (como a literatura, a arte, a psicologia, a filosofia, etc.) por não serem passíveis de se sujeitarem ao método científico - matemático/experimental. Ora, a ciência, como se sabe, é mecânica no seu funcionamento e desde sempre foi buscar o alimento para a imaginação (que é o que a faz avançar) a campos exteriores. A partir do momento em que se impediu de o fazer retirou a si própria a autonomia que o iluminismo lhe destinava. Os 'homens da ciência' não são mais autónomos, são 'escravos' do método científico e das suas limitações e perpetuam este estado de confinamento às gerações futuras. A racionalidade, enquanto instrumento de autonomia tornou-se instrumento da limitação e dogmatismo que combateu para se afirmar.
É preciso, hoje em dia, deitar abaixo essas falsas fronteiras, reconhecer várias dimensões de cientificidade e, sobretudo, reconhecer a possibilidade de interacção entre corpos sistemáticos de diferentes campos, acho.
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