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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Para quê mais estradas no interior? Não há lá escolas, não há lá hospitais, centros de saúde, farmácias, qualquer dia não há correios, depois serão as empresas de comunicação que não estão para estender as linhas até sítios longuíquos e moribundos...para quê, mais estradas? A não ser que andemos todos a pagar para que os amigos se desloquem mais depressa entre as suas coutadas e a capital...
E o homem tem o descaramento de falar em atenuar desigualdades quando foi o maior criador de desigualdades dos últimos 30 anos!
Ontem li um artigo no Washington Post sobre as razões que poderiam explicar que a Alemanha tivesse aguentado tão bem a crise estando já a crescer enquanto os EUA estão ainda em grandes dificuldades. O autor do artigo comparava os dois modelos, o da Alemanha, que defendeu um curto endividamento e o equilíbrio das contas públicas e o dos EUA que defendeu um grande endividamento para alimentar a retoma. O indíviduo concluia que há dois factores que estão na base da vitalidade e resistência das economias, nomeadamente em tempos de crise: o primeiro é fazerem reformas sustentáveis (apostam na educação, na disciplina das finanças, no emprego sustentado) a pensar, não nos próximos dois anos, mas nos próximos dez a vinte anos e, em segundo lugar, terem governantes esclarecidos e determinados - destes dependem aquelas reformas. O autor concluia que os EUA tinham estado demasiado tempo entre os que só vêem os próximos dois anos e que estavam a lutar por sair do grupo desses países para entrar no grupo dos outros, como a Alemanha.
Dei por mim a pensar que por cá não temos, nem uma coisa nem outra: nem reformas e medidas a pensar nos próximos dez ou vinte anos (é tudo com horizontes de dois ou três anos, sempre até às próximas eleições) nem governantes esclarecidos. Não admira que andemos sempre mais ou menos com a corda na garganta a construir caminhos que levam a lado nenhum.
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