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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Há mais de 30 anos que faço praia no Algarve sempre no mesmo sítio. Antes de ser efectiva, quando começávamos as aulas em Outubro e ficávamos sem receber ordenado em Setembro, passava lá todo esse mês. O Algarve sem ninguém, a praia fenomenal... Agora passo menos tempo, mas gosto imenso daquilo.
É uma zona do Algarve que ainda não está saturada de turistas e construções e o sítio para onde vou fica à noite quase completamente às escuras, com excepção de umas luzes de presença perto do chão para vermos o caminho e de alguma luz ténue que vem das casas espalhadas por ali.
À noite o céu fica pejado de estrelas. Vê-se perfeitamente a via láctea, e uma quantidade grande de constelações. Fica-se maravilhado a olhar o céu. De vez em quando vamos até à praia depois do jantar porque ainda se anda um bocadinho entre as dunas, embora agora já não me aventure a ir tomar banho à noite como fiz umas poucas de vezes.
A sensação de enfiar os pés na finíssima areia branca, que nos refresca do ar quente da noite e de ouvir o restolhar das ondas com aquele céu por cima é uma coisa difícil de descrever. Uma dessas vezes, a caminho da praia, numa altura em que ia a olhar o céu, vi uma explosão duma estrela - enfim, penso que foi o que vi, não vejo outra explicação. Um enorme clarão repentino de explosão muito longe no meio de um polvilhado de estrelas. Fica-se tocado pelo espectáculo pela consciência de estarmos a ver um fenómeno que já aconteceu há muitos anos - 100, 500, mil anos? - e cuja imagem só agora chega a nós.
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