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Os professores não são gangs

por beatriz j a, em 19.11.08

 

 

Não consigo aceitar o silêncio do senhor Presidente da República a propósito de toda esta questão dos professores.

Já por mais de uma vez o senhor Presidente veio a público defender a senhora ministra e as suas pseudo-reformas mas, nem uma única vez se dignou falar aos professores ou saber das suas razões.

Isto a mim, pessoalmente, ofende-me bastante, e calculo que ofenda também muitos outros professores. É como se os professores fossem um gang perigoso que não merece nenhum tipo de consideração.

Ora, os professores são um grupo social que presta um serviço fundamental à Pátria.

São pessoas instruídas, informadas, que se preocupam com os filhos dos outros e, na sua maioria, estou convencida, cumprem os seus deveres.

Mas poderá alguém pensar, seriamente, que 120.000 pessoas, ou mais, saem à rua, com sacrifício pessoal, só para agitar, por teimosia, por serem retrógrados, por terem medo, por serem comodistas?

Ou, pensará alguém, seriamente que cento e tal mil pessoas são todas manipuladas?

Eu, como muitos outros professores, nunca tive cartão sindical, nunca fui entusiasta de greves e manifestações, nunca andei a reboque de partidos ou facções.

Gosto de trabalhar com os alunos. Acredito convictamente que o único modo de mudar uma sociedade positivamente é através da educação, orientando as pessoas para a autonomia, para a responsabilidade, para os valores da verdadeira democracia.

Acredito que, por isso, presto um serviço nobre e útil, à minha Pátria e tenho orgulho no meu trabalho.

Que o senhor Presidente vote ao silêncio e a um certo desprezo toda uma classe profissional que serve o país e a constituição que ele jurou cumprir e fazer cumprir como se fossem pessoal menor é coisa que incomoda profundamente.

Não sou uma pária. Eu sou do povo deste país, acredito na democracia e votei.

Mais, nos dias que correm, os professores parecem ser o único grupo social consciente dos sinais dos tempos e que mostra estar disposto a lutar pela manutenção da vida democrática.

Lutamos contra quem, com tiques de professora primária salazarista, quer dobrar os professores à subserviência.

Que diabo! Somos herdeiros da civilização das luzes e da revolução de Abril. Não estamos habituados a mendigar o que é nosso por direito próprio.

Estou muito desiludida com o nosso Presidente.

 

 

publicado às 20:03



no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau. mail b.alcobia@sapo.pt

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