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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Estou cansada. As turmas estão tão grandes, tão grandes que, mesmo quando o trabalho corre bem, ficamos esgotados. Este ano gosto das turmas todas, os miúdos trabalham, uns melhor que outros mas todos trabalham. Damo-nos bem, divirto-me nas aulas... no entanto, saio de lá estourada. Trinta pessoas a quererem perceber, a fazerem perguntas, a porem o braço no ar para intervir... depois, estou a dar Lógica e tenho que fazer sempre muitos exercícios de repetição e, é claro que os exercícios têm que ser corrigidos porque é aí que surgem as dúvidas e temos oportunidade de fazer os esclarecimentos necessários. Isso faço na aula, embora perca aí muito tempo, porque não dá para trazer para casa centenas de exercícios todas as semanas para corrigir. É esgotante. Para não gastar muito papel em fotocópias inventei uma única ficha que deu para trabalhar metade da matéria da Lógica.
Como as coisas estão acho que devia acabar-se com as formações obrigatórias, burocracias, avaliações, reuniões disto e daquilo... cortam-nos o salário, aumentam-nos o tempo de trabalho e inventam-nos obstáculos, não há carreira... se tivessem o mínimo de decência acabavam com muitas merdices que temos que fazer.
2 comentários
De Maria Araújo a 17.10.2013 às 14:48
Parabéns pelo destaque.
Pedi a aposentação antecipada, levei um corte bastante grande (a última sibida de escalão foi em 2005) mas decidi deixar o ensino e descansar, pelos motivos que escreveu, e muito bem, neste seu post.
As minhas turmas nunca chegaram a ter 30 alunos (máximo 28), mas é desgastante quando queremos atender a todos, ou à maioria que pretende trabalhar, e os outros que não querem nada da escola.
A meio da manhã estava esgotada e quando tinha aulas de tarde, não sei, sinceramente, como arranjava fôlego para continuar.
Depois, eram os fins de semana a trabalhar, corrigir, preparar...E a tratar desta burocracia que mais não faz que tirar-nos o tempo que precisamos para dedicar à nossa vida profissional e privada.
Adorei o que fiz durante 23 anos (trabalhei 15 anos na empresa da família antes de ir para o ensino), mas a decisão que tomei foi acertada.
Gostaria de lhe dar uma palavra de alento, no meio destas medidas todo as que o governo toma, mas não sei que dizer.
Desejo-lhe um ano letivo o mais positivo possível e vamos pensar que tudo isto há-de mudar (desculpe, mas esta coisa do acordo ortográfico faz-me escrever das duas formas).
Pedi a aposentação antecipada, levei um corte bastante grande (a última sibida de escalão foi em 2005) mas decidi deixar o ensino e descansar, pelos motivos que escreveu, e muito bem, neste seu post.
As minhas turmas nunca chegaram a ter 30 alunos (máximo 28), mas é desgastante quando queremos atender a todos, ou à maioria que pretende trabalhar, e os outros que não querem nada da escola.
A meio da manhã estava esgotada e quando tinha aulas de tarde, não sei, sinceramente, como arranjava fôlego para continuar.
Depois, eram os fins de semana a trabalhar, corrigir, preparar...E a tratar desta burocracia que mais não faz que tirar-nos o tempo que precisamos para dedicar à nossa vida profissional e privada.
Adorei o que fiz durante 23 anos (trabalhei 15 anos na empresa da família antes de ir para o ensino), mas a decisão que tomei foi acertada.
Gostaria de lhe dar uma palavra de alento, no meio destas medidas todo as que o governo toma, mas não sei que dizer.
Desejo-lhe um ano letivo o mais positivo possível e vamos pensar que tudo isto há-de mudar (desculpe, mas esta coisa do acordo ortográfico faz-me escrever das duas formas).
De beatriz j a a 17.10.2013 às 15:17
Obrigada! É exactamente como diz. Por muito que se goste é difícil quando os obstáculos crescem e as gratificações descem...
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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau.
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