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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
No trailer, Reich aparece a explicar que uma forma fácil de medirmos as desigualdades é através da comparação entre o salário do trabalhador americano médio e o de um americano num dos lugares de topo. Um gráfico animado começa a comparação em 1978, ano em que um trabalhador médio recebia cerca de 48 mil dólares, enquanto alguém que fizesse parte do 1% no topo receberia algo como 393 mil dólares.
O gráfico avança depois rapidamente para o ano de 2010: o trabalhador médio ganha menos do que ganhava em 1978 (33 mil dólares), enquanto o do topo ganha 1101 mil dólares. No final Reich repete: “Pensem nisto, hoje 400 pessoas têm tanta riqueza como 150 milhões, metade da população americana”. E mais: os seis herdeiros da cadeia de distribuição Walmart possuem uma fortuna maior do que a do conjunto de 33 milhões das famílias americanas mais pobres.
Carole Cadwallard, jornalista do Observer, diz que Inequality for All foi um sucesso inesperado em Sundance, ao defender a tese de que o capitalismo norte-americano abandonou a classe média, tornando os mais ricos super-ricos. A força do documentário está em grande parte na figura de Reich – aliás, o filme, dirigido por Jacob Kornbluth, segue as aulas do economista na Universidade da Califórnia em Berkeley, em 2012. E Reich não é um economista desconhecido. Hoje com 66 anos, foi secretário de Estado do Trabalho na Administração de Bill Clinton entre 1992 e 1996.
O que o filme de Kornbluth conta, explica Cadwallard, é a história de como a classe média foi ficando cada vez mais privada do bolo económico. Uma situação que não é benéfica para ninguém, sublinha Reich. Dado que 70% da economia depende do poder de compra desta classe média, se esta não puder comprar, a economia não pode crescer. É a mesma mensagem que outros economistas têm repetido, mas Reich fá-lo de uma forma particularmente clara, e, segundo a jornalista do Observer, divertida.
Os americanos não têm vivido acima das suas posses”, defende, num dos posts do seu blogue. “O problema é que as posses deles não têm acompanhado o crescimento da economia”. O filme apresenta também essa realidade através de casos concretos, e muitos dos espectadores em Sundance confessaram ter chorado ao ouvir alguns dos testemunhos.
Reich considera que um dos momentos decisivos para explicar a actual situação foi o desinvestimento feito na educação na década de 70. A partir daí, diz o economista, as oportunidades para as classes mais baixas reduziram-se, e a força de trabalho americana começou a perder terreno.
Trágico é que, o que os americanos fizeram que os pôs nesta situação é o que estamos a começar a fazer por cá... nomeadamente na educação: desinvestir e tornar a educação um privilégio de quem tem dinheiro.
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