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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Hoje li no "Público" uma reportagem sobre professores que se vão reformar. Os protagonistas são pessoas que têm 60, 56, outra vez 56 e 55 anos de idade (a mesma que eu) e que trabalham, respetivamente, há 37, 36, 35 e 33 anos. Começaram, portanto, relativamente jovens. Vão-se reformar porque o futuro é incerto. Mas o que mais se nota é desmotivação. Esta geração de professores, que estão no sistema desde a "explosão" da escola de massas, acumularam muitos saberes. Agora, quando as gerações diminuem e entram menos alunos nos anos iniciais de escolaridade, o Ministro diz que não fazem falta tantos professores. O Ministro, que aceita sê-lo apesar dos humilhantes cortes no Orçamento do seu ministério, não percebe o essencial. Não há professores a mais. Há é alunos a menos (ele próprio trata de os reduzir). Se quisermos combater o insucesso escolar e assegurar a escolaridade até que os jovens concluam o secundário, e se quisermos que os adultos regressem à escola para se qualificarem, depois de terem, quando eram jovens, sido excluídos, então precisamos destes professores. E os indicadores já não falarão de rácios professor/aluno inaceitáveis, porque teremos aumentado o denominador, como é essencial que se faça.
Além disso, estes professores estarão no auge das suas potencialidades. São ainda jovens. A reforma precoce é, por isso, má para o sistema de ensino, mas também má para a sustentabilidade dos sistemas de pensões. Este governo está a cometer um erro duplo: mina os pilares básicos da solidariedade e desinveste naquilo que o país mais precisa de investir, as qualificações. Não me conformo.
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