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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Acho normal que o Presidente o cumprimente. O que não gostei foi de ouvi-lo falar em gratidão ao Sócrates. Ele está ali a representar-nos e tem que ter presente a situação do Sócrates, as suspeitas que sobre ele recaem quanto ao que fez enquanto era ministro e primeiro ministro. Era escusado e é ofensivo para nós.
É isto: o primeiro ministro teve que ser forçado a entregar a declaração e tem inconsistências relativamente ao que tinha anteriormente declarado. Há 7 conselheiros de Estado que não entregam declarações no prazo legal, entre eles, Guterres e Louçã. A acuidade das declarações não é controlada...
Quando os principais responsáveis pelas decisões que a todos nos afectam têm que ser forçados a cumprir a lei que se pode esperar da sua ética política?
Clicar nas imagens para ler.
Cortes na educação por todo o lado. Depois admiram-se da ignorância das pessoas que se deixam manipular pelos media.
The Fallingwater House designed by Frank Lloyd Wright in 1939
CGD. Governo já admite que vai reduzir 2500 trabalhadores
Milhares de pessoas com a vida estragada. Não os que puseram a CGD neste buraco que esses continuarão a delapidar-nos alegremente. Porque é que há má gestão? Porque há inércias que advêm das nomeações para os cargos não terem que ver com competência e provas dadas mas com cunhas, prateleiras douradas, tachos para os boys dos partidos, para os amigos, os primos, os filhos e os netos. Este estado de coisas não é aceitável.
Apesar de não se conhecer o conteúdo da carta o Público adianta que “numa linguagem dura” a actual administração remete para o Governo a responsabilidade pela indefinição que se vive no banco público há meses.
Como é que um banco público desta dimensão está sem administração há tanto tempo...? O que se passa...?
Nautilus shell (cross section)
Classroom chart on linen drawn by Orra White Hitchcock, botanical and scientific illustrator - Amherst College.
Sobretudo na Segunda Grande Guerra, embora pudéssemos recuar até à Primeira Grande Guerra e à antipatia inglesa pelo Kaiser. O sentimento anti-germânico era tão forte no fim da Primeira Grande Guerra que a família real inglesa mudou o seu nome de Saxe-Coburg and Gotha para Windsor para esconder a sua ascendência germânica.
Muitos dos cidadãos britânicos que votaram o Brexit são da época da Segunda Guerra. Não necessariamente dos anos da própria guerra, pelo menos a maioria mas, dos 10, 15, 20 anos seguintes onde ainda se vivia no rescaldo da crise humanitária, económica e política, da guerra. Nasceram e cresceram a ouvir falar da guerra, do Blitz, dos heróis da guerra que, aliás, comemoram em vários acontecimentos anuais, da resistência dos ingleses, da Alemanha ter causado duas guerras terríveis, da sua vontade de poder, etc.
A BBC e os outros canais ingleses passam quase diariamente documentários, séries e filmes sobre a Segundo Guerra, onde se relembram as atrocidades da guerra e os campos de extermínio, onde os alemães aparecem sempre aos gritos com um ar diabólico, frio e cruel. Essa animosidade aos alemães, fantasma das guerras, não é algo de passado, está presente na atmosfera e todos a respiram.
Os ingleses entraram na União da Europa porque tinham de o fazer, à época, porque não fazê-lo seria um acto de má vizinhança, de não reconciliação contrário ao espírito de então mas, entraram contrafeitos e desconfiados, temerosos de um pacto franco-germânico que os viesse a ameaçar. Então, o seu discurso sempre foi, 'okay, nós entramos nesse jogo mas à cautela queremos um pé de fora para poder fugir se for preciso porque não acreditamos nessa Europa alemã'.
É claro que neste contexto em que o Cameron passa dez anos a criticar a UE e a levantar suspeitas sobre o pder alemão, todas as campanhas a dizer que ficar na UE é óptimo ficam votadas ao fracasso e os 'senior citizens', os que vivem com a memória do poder da Alemanha na Europa, sobretudo esses, votaram o fora.
Entretanto a Alemanha, que levou estes anos todos a reconciliar-se consigo mesma e com o seu passado nazi, ressente-se da Inglaterra ainda os olhar como se estivéssemos em 1936 ou 38 e à conta disso houve sempre tensão entre eles e, quanto mais a Alemanha crescia em poder mais a Inglaterra se retraía. É certo que a Inglaterra contribuiu para este estado de coisas justamente com essa política de, 'estou dentro no que me der lucro e no resto não quero misturas com os alemães'. Por outro lado a Alemanha vê esta saída como uma ofensa por entender que é uma recusa da sua liderança, não por ser boa ou má mas, por ser germânica.
O que nem uma nem outra vêem é que a Europa não é só a Alemanha e a Inglaterra. Há muitos mais países, cada um com a sua história pessoal.
Um divórcio conflituoso neste contexto, entre povos com laços familiares muito fortes mas, passados de conflito armado, é perigoso. A Alemanha também devia fazer travão das suas ambições de liderança global. Todos deviam respirar fundo e pensar muito bem antes de tomarem decisões precipitadas. Podiam pedir ajuda a pessoas fora da política, pessoas que têm uma visão dos contextos para além da economia e do jogo de quem perde e quem ganha.
As sociedades não podem ser o resultado, apenas, de decisões de economistas e políticos. Nós que temos que viver com os erros de decisão dessas pessoas temos que poder ter, todos, uma palavra a dizer. Esta é uma altura de diálogo antes que se escolha um modelo que nos comprometa a todos, contra a nossa vontade porque isso é uma faísca em ambiente volátil. As crises são oportunidades quando se percebe o seu alcance.
No meio disto tudo estão os jovens que já não vivem nesse passado e percebem que estão numa economia global onde o isolacionismo é um anacronismo têm os olhos virados para um outro tipo de futuro de cooperação e não de medo. É um sinal de esperança os jovens já não viverem os fantasmas dos pais e avós.
Ainda para mais com a saída da Inglaterra da União é agora a oportunidade de captar os milhares de enfermeiros, médicos e engenheiros que para lá iam e agora pensarão duas vezes e, podendo, captam logo os jovens enquanto formandos para nunca mais voltarem.
Toda a gente sabe que os países da Europa precisam desesperadamente de jovens e toda a gente sabe que preferem os jovens do Sul, da Europa cristã, que os muçulmanos ou os africanos. Sobretudo porque vão para lá a ganhar miseravelmente: mão de obra barata.
Agora já o dizem em voz alta e à descarada! Há muito que sabemos que há interesse, no Norte, em manter-nos sempre em crise para captarem os jovens desempregados e para nos venderem os produtos. O interesse da Alemanha não é uma Europa forte, é uma Europa fraca com uma Alemanha forte.
Se nós não formos capazes de captar outros países para estarem do nosso lado, do lado da construção de uma Europa solidária agora, neste momento, isto depois não tem volta atrás a bem.
O ministro alemão já fez saber que se a Comissão se puser a querer democratizar a Europa em vez de pôr mão de ferro e mostrar quem manda ele passa por cima da Comissão e toma as decisões sózinho mais o Holandês que cometeu fraude no currículo e outros parecidos.
Ministro das Finanças alemão ameaça com decisões intergovernamentais e presidente do Parlamento Europeu quer governo europeu
Wolfgang Schäuble rejeitou a ideia de reagir ao Brexit retirando poderes a Bruxelas e devolvendo-os aos Estados-membros: “Isso não resolve os nossos problemas. Agora não podemos lidar com as mudanças complicadas nos tratados, que exigem a unanimidade”, disse. [Ah! Porque acabar com a Comissão não é uma mudança complicada que implica unanimidade?]
Lagarde também estimou que a UE deve melhorar a sua comunicação. “É preciso trabalhar na realidade económica, mas também nas perceções.” “Se há um abismo enorme entre as perceções dos europeus e a realidade, há um verdadeiro problema de comunicação”, completou. [Ah! Não há aqui problemas reais? Isto reduz-se tudo a um problema de comunicação?]
Oa alemães estão a jogar um jogo muito perigoso.
No fim de semana fui com umas pessoas à Gulbenkian ver a exposição sobre a eleição de Eanes em 1976 (um à parte: mais do que um painel com erros e gralhas. Mau aspecto...). Uma das pessoas era a namorada do filho que não era nascida à época. Olhou para as fotografias do Otelo ainda jovem (tem lá várias fotos e filmes pois ele foi um dos candidatos à presidência) e disse, 'o Otelo é igual ao Sócrates. Podiam ser irmãos'. Fartei-me de rir porque podiam, de facto e, não falo do ponto de vista dos heroísmos... :)))
Quando o jornalista assume que divulga boatos como se fossem notícias...
Félix Vallotton, 1913
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