Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Três perguntas + uma:
1. Se não tem efeitos práticos, então para que a querem?
2. O que são serviços mínimos? Os exames poderem ser vigiados por apenas um professor? Se é possível os exames funcionarem com um professor, ou um número reduzido de professores, porque razão todos os anos obrigam a um grande aparato que mobiliza tantos professores e transforma aquilo num circo jurídico?
3. O chumbo do Tribunal Constitucional são os professores que têm que o pagar?
+ uma: e o ministro? Quando percebe que atraiçoou tudo o que dizia e todas as pessoas que nele confiaram?
Associações compreendem luta dos docentes mas pedem que ponham os interesses dos alunos em primeiro lugar.
Os sindicatos têm que fazer melhor . O que fazem não chega.
É preciso que os pais compreendam que é o interesse dos alunos o que está em causa. Que o despedimento de professores leva a uma sobrecarga de trabalho para os outros, que nenhum professor pode ser bom professor e ajudar alunos se tiver com carradas de turmas a abarrotar de alunos como sardinhas enlatadas, porque isso obriga a um trabalho de debitar informação de um modo superficial. A isso acresce todo o trabalho burocrático mais a preparação das aulas e trabalho de avaliação. Que, se um professor for mandado de uma ponta para a outra do país dar aulas, será às suas custas e não terá ordenado que chegue, sequer, para pagar uma casa mais comida e que isso afecta muito negativamente os alunos com quem terá de trabalhar. Que, à medida que piorarem as condições de trabalho nas escolas e dificultarem o trabalho dos professores mais mal preparados chegarão os alunos às Universidades. Os que lá chegarem!
Mesmo os alunos que estão agora a fazer os exames do 1º ano para entrarem na Universidade não estão livres destas políticas que já afectam o ensino superior.
É preciso que os sindicatos sejam capazes de mais do que vomitar os slogans políticos do costume.
“I have never in my life learned anything from any man who agreed with me.”
–Dudley Field
The Wind by Van Gogh
Gosto das minhas turmas do 10º ano. Mesmo daquela que já aprontou muita parvoíce. Esses são incoerentes. Trabalham a sério nas aulas mas não estudam quase nada em casa e, se os deixamos um minuto sem controlo geram o caos. Tem lá uns exibicionistas e umas miúdas que, quando fazem asneiras põem um ar de inocência angélica que convencia um cínico se não as conhecesse já de ginjeira (que raio de expressão...).
Hoje acabei a matéria do ano numa das turmas. Finalizei o trabalho do ano, só me faltando avaliar trabalhos e ponderar as notas.
Faltavam 45 minutos para tocar. Como detesto engonhar e ainda tenho mais um bloco de aulas com eles (o último é para entregar trabalhos, falar de notas e do ano que vem) deixei que escolhessem o que fazer no resto desta aula e na próxima. Resolveram ver um filme: mandaram dois à Mediateca buscar filmes. Vieram de lá com 3 filmes, votaram e escolheram o Oliver Twist. Isto tudo durou entre 7 a 10 minutos... é tão giro ver os miúdos quando estão concentrados a tomar decisões e organizar iniciativas... são... intensos e empenhados (se fossem assim a estudar era só grandes notas). Isto porque é uma turma em que os professores puxaram muito por eles e eles responderam bem e porque tenho uma relação bestial com esta turma. Trabalhamos e rimos e divertimo-nos e gosto imenso da turma e acho que eles também engraçam comigo.
Geography is no longer our master.
Só agora tive tempo de ver o episódio de ontem à noite. Morreram montes de personagens importantes! Estou chocada!
... foi dia de ir à ópera: 'Otelo', em versão concerto, na Gulbenkian. Como foi o concerto de encerramento da temporada da Orquestra e, porque fazem 50 anos de inestimáveis serviços à cidade de Lisboa, houve uma pequena cerimónia no início em que o presidente da Câmara lhes entregou a medalha de ouro de mérito da cidade.
O Otelo é uma ópera muito exigente em termos de vozes -como são, por costume, as óperas do Verdi. Foi muito bem tocada e muito bem cantada, excepto o Otelo... de quem gostei mais foi da soprano russa que fazia de Desdémona. Uma voz verdiana vibrante, muito expressiva, com um enorme alcance e cheia de lirismo. Uma coisa linda. O Iago, um americano enorme, foi sempre em crescendo e achei-o muito bom. O Cassio com uma voz perfeita para... Cassio. O Otelo é que desiludiu (embora à minha frente umas pessoas estivessem em delírio com ele, o que mostra que nunca ouviram um Otelo a sério): uma voz sem nuances que só cumpria quando cantava a plenos pulmões; sempre que cantou em dueto com a Desdémona não foi capaz de pôr, nem doçura, nem ironia, na voz, só agressividade. No dueto com o Iago, ouvia-se o Iago por cima dele... sem presença em palco... quer dizer, no final, quando entra no quarto dela para matá-la, a música com aquele tom de ameaça e ele muito pequenino onde tinha de ser intimidante e ameaçador... só gritava; depois de matá-la naquela cena de ciúmes, quando a música retoma o 'leitmotiv' do romance deles, aquela coisa linda e ondulada que acompanha as palavras dele, 'um beijo, só mais um beijo' e o homem a dizer aquilo como se estivesse com soluços.
Mas tudo o resto fio muito bom. Adorei a Desdémona e a orquestra tocou com grande nível. A música é uma coisa que sendo deste mundo, não é deste mundo... (suspiros...) Bem, como fiquei naquele estado de euforia em que se fica depois de uma grande ópera/concerto, bem tocada e cantada, amanhã devo estar linda para ir trabalhar...
O Marques Mendes diz que é uma falta de respeito a greve dos professores. É preciso descaramento para acusar os professores, tão espezinhados desde a Lurdes Rodrigues, de faltar ao respeito, sendo que são os únicos (para além dos pais) que se preocupam com os alunos e a educação deste país.
Já decidi que, para além da greve aos exames também vou fazer greve às avaliações. Chega de despedimentos! Chega de fazer dos alunos sardinhas em lata e dos professores soldados de políticas de morte!
Há quem use os sentimentos
como medalhas, ao peito.
Exibem, de corpo inchado
as mágoas que coleccionam
testemunhos de um passado.
O sentir mais magoado
é sentido em privado.
(...)
bja
... são tentativas de vencer a morte: a brilho da infância, quando o tempo não tinha tempo; o cientista que ambiciona na teoria científica a lei eterna; a religião que busca a vida eterna; a obra de arte intemporal; o amor eterno... tudo são tentativas de vencer o absurdo inevitável da morte.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.