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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Irritam-me
os mal-entendidos
os tempos perdidos
ou tudo ao contrário,
os tempos perdidos com
mal-entendidos.
As feridas abertas
as portas fechadas
as ruas incertas
dos desenganados
nas horas estagnadas
dos desassossegos
palavras engolidas
insalubres silêncios
sem significado.
O que não é vivído
o que é separado
as lágrimas inúteis
dos que sabem seu fado.
As noites despertas
dos mal amados
os caminhos suspensos
por fins adivinhados.
Des-encontros
dispersos
afastados
pisados
recalcados
acabados
morridos
mortos
por fim enterrados.
E o que era vida
sombras se ergueu
em áridos olhos
tudo se perdeu.
bja
Antelope Canyon by Chris Cilfone
"A Mente e o Cosmos". O autor, Thomas Nagel, um pensador filosófico muito respeitado no mundo académico - e, no das ciências também-, desde que o publicou já foi mais ofendido que o Judas Iscariotes. Todas as semanas saem cientistas a público, em artigos das revistas da especialidade e em grandes jornais a chamarem-lhe nomes: herege, besta... tudo e mais alguma coisa. E porquê? Porque ele ousou discutir e argumentar a sacrossanta teoria reducinista materialista que une, hoje em dia, a física, a química e a biologia evolucionista que os cientistas não admitem que ninguém discuta sob pena de serem logo apelidados de supersticiosos, pobres de espírito, etc.
Mas a mim agrada-me o que já li do livro. Talvez porque vem ao encontro daquilo que penso e sinto já há muito tempo. A vantagem, claro, é que ele dedicou tempo a ler, discutir, organizar e fundamentar as ideias sobre o assunto.
Estou a gostar do que leio.
Basicamente ele argumenta que a ciência não fechou a questão da origem da vida e muito menos, da consciência. A explicação que dá para essas questões -o aparecimento da vida foi o produto de processos químicos regidos pelas leis da física e a evolução posterior é devida a mutações químicas e à evolução natural, ambas consequências super-complexas de princípios mecânicos da física- implica já uma premissa teleológica (a física entrou no campo da história e quer ser uma teoria de tudo e do todo cronológico e pretende ter a chave da inteligibilidade do real), e é reducionista, sendo que as leis da física e da química não conseguem dar conta da complexidade da vida e do problema da consciência.
Para Thomas Nagel, a física, a química e a biologia evolucionista ultrapassaram o âmbito dos seus limites e estão agora como a religião: ambas teorias que pretendem explicar tudo, dogmaticamente acantonadas nos seus exércitos de seguidores, considerando hereges todas as vozes críticas e, diferindo apenas em que uma defende que a consciência deu origem à matéria e a tudo o resto e a outra, defendendo que a matéria deu origem a tudo o resto e à consciência.
Pois ele considera que nem a ciência nem a religião conseguiram fechar a questão e que há espaço para alternativas.
Pessoas, como ele, que não acreditam, nem gostam, da ideia de um Deus, mas que não aceitam, por isso, terem que ser materialistas. Então o livro, embora não diga o que poderá ser essa alternativa, argumenta no sentido de mostrar que ela existe e é uma possibilidade. Que é possível ter-se uma vida espiritual e não se ser materialista, não acreditar que tudo não passa de particulas físicas regidas por leis mecâncias e por processos químicos, sem que isso obrigue a ser teísta.
É isto que me agrada no livro: porque há muito tempo que me parece que a ciência, quando sai do campo da descrição e entra no da especulação sobre a origem do universo tem um discurso e uma postura muito parecida à do dogmatismo da religião. Não é por acaso que os próprios cientistas deram o nome de 'partícula de Deus' ao suposto bosão de Higgs, escrevem livros intitulados, 'a ciência prova que não há Deus' e não admitem nenhum tipo de discussão ou crítica às suas premissas.
Pois eu não sou materialista, muito menos reducionista, a aceito a dimensão espiritual da vida mas também não sou teísta, nem me agrada a ideia de um Deus como explicação.
Ora, como ele e como eu, deve haver uns muitos milhares de pessoas a quem a questão incomoda por ser tão importante e que também não aceitam a falsa dicotomia em que a puseram, de modo que, pela minha parte, vou ler o resto do livro, para avaliar a argumentação dele e ver se me posso encostar nela.
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homem está grávido de gémeos
Eating Poetry
Mark Strand
Ink runs from the corners of my mouth.
There is no happiness like mine.
I have been eating poetry.
The librarian does not believe what she sees.
Her eyes are sad
and she walks with her hands in her dress.
The poems are gone.
The light is dim.
The dogs are on the basement stairs and coming up.
Their eyeballs roll,
their blond legs burn like brush.
The poor librarian begins to stamp her feet and weep.
She does not understand.
When I get on my knees and lick her hand,
she screams.
I am a new man.
I snarl at her and bark.
I romp with joy in the bookish dark.
terraço do Four Seasons, Lisboa
O caso do Chipre está a assustar depositantes por toda a Europa, mas o ministro das Finanças alemão garante que as poupanças estão seguras.
"O Chipre é e continuará a ser um caso único e especial. Os depósitos na Europa estão seguros", garantiu hoje o ministro das Finanças alemão, Wolfang Schauble, em entrevista ao jornal "Bild".
Não é indiferente o tipo de letra que se usa nos livros. A letra realça o significado do conteúdo e dá-lhe uma coerência estética. Quem quereria ler o Doutor Jivago na letra das informações das finanças? Ou da conta do gás? Um livro não é apenas informação. É uma experiência, uma vivência intelectual, emocional, estética. Começa com a capa que é o equivalente a um pequeno 'billboard' publicitário. Se for boa, publicita o conteúdo e estimula o desejo; depois, passa pelo toque do papel, a densidade e a cor; a letra, o arranjo do texto na página (havia uma editora que fazia uns livros de bolso num papel muito ordinário e com o texto em letra feia e minúscula, sem um único parágrafo para poupar dinheiro. Talvez poupasse, mas estragava-nos a experiência da leitura de modo que eram livros que nunca comprava...) as ilustrações, se as tem...
Estabelecemos com os livros que amamos uma relação intíma onde até o cheiro importa.
... last words: when asked by a priest to renounce Satan.
Redução dos preços do bacalhau e diminuição do volume de exportações inquieta noruegueses.
"Antes do Natal, o preço do quilo baixou de 15 coroas (dois euros) para menos de 10 coroas (1,33 euros) coroas... disseram-nos que era por causa da crise na Europa", conta Karl Johnsen, ao leme da traineira Gisloyvaering. Embora não esteja a par dos pormenores da situação financeira ou política, nem nunca tenha visitado o país, este quinquagenário sabe que é para Portugal que vai grande parte do bacalhau que pesca, onde é consumido sobretudo salgado.
Querem que sejamos pobres para não sermos competitivos com eles mas querem, ao mesmo tempo, que sejamos ricos para comprar os seus produtos. As duas coisas ao mesmo tempo não é possível. E, como é que o bacalhau sai de lá a 1,33 euros e é vendido cá a 12, 15 e 20 euros o quilo? qualquer dia está ao mesmo preço que a lagosta, que o caviar, que a trufa...
... e esta é uma das pinturas dele que mais gosto. Um dia fiz-lhe um pequeno texto.
O Lírio de Van Gogh
Pequeno lírio do campo
direito resistes ao vento
puro, vestido de branco
vejo em ti o meu lamento.
Sozinho no prado do tempo
com a verdade por irmão
és dos outros o alento
não tem par teu coração.
bja
(Directamente do FB (via RAA)
Diagrama con los heterónimos más importantes de Pessoa, a partir de un análisis de su traductor Perfecto E. Cuadrado. / FERNANDO VICENTE
liu bolin
Resultado oficial ficou em 4,8% do PIB, contra os 4,5% que estavam nas previsões. Dívida pública também subiu mais do que o esperado e fica num novo recorde de 90,2% do PIB.
foto de José Luís Duque (bosque do palácio da brejoeira)
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