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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Tem que ouvir-se mesmo alto...
O Encantador de Mulas
- Mas que se passa aqui? Pergunta o S. José à Nossa Senhora.
- Uma confusão! Estamos a querer escolher um burro para a fotografia do presépio e não é possível porque todas as mulas querem ficar na fotografia. Já acordaram o menino e tudo! Não há paciência!
- Já sei o que fazemos: chamamos o encantador de mulas.
- Quem é esse?
- É o senhor S. (o senhor Sorrisos)
- Ah, aquele burro que tem a mania que é da nobreza?
- É esse mesmo. Dizem que não há melhor para falar às mulas.
(Passado pouco tempo chega o senhor S., encantador de mulas, a dar à cauda.)
- Então qual é o problema para eu resolver?
- Estás a ver aquelas mulas? Desde manhã que escoceiam para ficarem todas na fotografia do presépio, mas só temos lugar para uma.
- Vou já resolver isso!
(O senhor S. (Sorrisos) aproximou-se do grupo das mulas. Contou quatro: o S.S. (Sorrisos Sonsos); o P.S.P. (Sorrisos Só Parvos); a I.A. (Imbecil Apalermada); a M.L.R. (Mula Largo Rabo).
- Mas o que é que se passa com vocês?
- Queremos aparecer na fotografia para a posteridade.
- Nem pensar! Quem vai fazer de burro sou eu! _ disse o senhor S.
- Essa é boa! Mas porque é que hás-de ser tu? Perguntou o S.S.
- Porque sou o chefe!
- Mas porque é que hás-de ser o chefe?
- Porque sou burro! Não sou um híbrido como vocês! Não, não. Sou burro puro!
Eles pareceram ficar convencidos, com excepção da M.L.R.: mas olha lá, mas quem és tu para dizer que és burro puro?
- Sou o chefe! Ora, essa!
- Pronto, está bem, mas fico chateada, porque já me estava a ver na fotografia para a posteridade.
- Não seja por isso! Se quiseres arranjo maneira de fazeres de vaca.
- Quero! Quero!
E assim se resolveu o problema dos animais do presépio.
Em Auvers, no dia 27 de julho de 1890 Vincent dispara um tiro contra si mesmo. Uma possível razão para a sua atitude pode ter sido querer deixar de ser um encargo para o seu irmão Theo, que além de sustentar Vincent sustentava também a sua jovem família e sua envelhecida mãe.
Vincent faleceu dois dias mais tarde, na presença de Theo, recusando-se a submeter-se a qualquer cirurgia.
Poucos dias depois, no dia 30 de julho, Theo entrou numa profunda depressão.
Após uma tentativa infrutifera de persuadir a galeria Durand-Ruel a realizar uma exposição memorial retrospectiva das pinturas de Vincent, Theo improvisa no seu antigo apartamento em Paris uma primeira retrospectiva póstuma das obras de seu irmão, realizada em 20 de setembro de 1890 com o auxílio de Emile Bernard.
Em outubro de 1890, a pedido de seu cunhado Andries Bonger, Theo foi internado no asilo de Auteil.
A pedido de sua esposa, foi transferido, em Novembro, para a "Instituição Médica para Insanos" na Holanda. Lá faleceu dois meses depois, com 33 anos de idade. Inseparáveis em vida, inseparáveis na morte, estão sepultados lado a lado em Auvers-sur-Oise, a 30 km de Paris.
Excerto do livro de Judith Perrignon:
"Basta virar-me e já vagabundeio através do linho um pouco áspero da nossa infância, através da confusão dos nossos cabelos ruivos, misturados e brilhantes debaixo das velas do presbitério de Zundert, depois até ao quarto número 5, metido nos lençóis húmidos de febre onde vi aproximar-se a morte, e deixei-me levar pela recordação sem tréguas. Desde aquela noite em Auvers que passei deitado junto a Vincent, só sei olhar para trás ou para o chão onde o meu irmão se dissolve. Se levanto a cabeça sinto vertigens.
O que será que me liga a meu irmão, a ponto de não conseguir avançar sem ele? Nós não éramos gémeos, pelo contrário. Chegámos a ser incapazes de viver entre as mesmas paredes! A que se devem então estas queimaduras nos olhos desde manhã? Quem tinha as pupilas fixas e incandescentes era ele! E estas ausências da vida comezinha? Os desatinos, a dependência, os sonhos grandiosos, a impossível fricção com a existência, eram dele!
Muitas vezes pensei nele sem mim, mas nunca me preocupei com o inverso. Sem o ter ao alcance das minhas palavras, perco o equilíbrio. Há uma metade de mim que está vazia."
Van Gogh, Auvers-sur-oise (os corvos, a anunciar o que vinha...?)
Talvez amanhã
não tenha conhecido o mundo de perto
talvez amanhã seja de novo mar navegável
em vez deste imenso deserto.
bja
A minha vizinha de baixo veio aqui deixar, há meia hora, uma taça com dúzia e meia de sonhos...meu deus(!)... são pesadelos para a linha. Os sonhos dela são só os melhores que já comi em toda a vida. Vou ter que andar muitos quilómetros depois destas férias...e beber litros e litros de água...
Silva Pereira diz que Cavaco fez 'uma acusação muito grave' à CGD
«Foi feita de facto uma acusação muito grave à actual administração da CGD porque é ela a actual responsável pela gestão do BPN. Compete à administração CGD defender a sua honra e eu espero que o faça porque os contribuintes não podem ficar com essa dúvida», afirmou Pedro Silva Pereira.
. A new world
. My old friend
am I asking too much?
A chuva cai aqui com tanta força que faz uma espécie de neblina. Só apetece chá e mantas.
Por Paulo Moura
Não há ninguém na serra. Basta subir da Covilhã para as Penhas da Saúde, e daí até à nave de Santo António, para que dos seres humanos desapareça qualquer vestígio. O nevão da noite fechou a estrada para a Torre, só é possível seguir em direcção a Manteigas, dobrando a curva do Covão da Ametade, onde nasce o Zêzere, em jorros do peito rochoso do Cântaro Magro, continuando pelo vale glaciar do rio, cavado por 20 mil anos de degelo.
A neve acentua os contornos dos pinheiros e das rochas, do matagal de fetos e giestas, das escarpas húmidas ensombrando a turfa de cervum, as imensidões de urze, argençana, orégãos e zimbro rasteiro, cobrindo tudo de estranhas tonalidades azuis e rosa. Ninguém. A temperatura desceu para os quatro graus negativos, as nuvens deslocam-se no céu a uma velocidade frenética.
Subindo de Manteigas para as Penhas Douradas, e daí acompanhando o vento rumo a Gouveia, cortando para Seia, e enveredando pelo Sabugueiro, experimenta-se a solidão altiva e soberana de um mundo inabitável. Um planeta onde a vida, há milénios extinta, ensaiasse agora um absurdo recomeço. Dá a impressão de que a serra foi abandonada. Corrompida no ancestral equilíbrio que dava aos homens também o seu lugar. E que dessa traição ela se vingou, abandonando os homens também.
(continua)
Este desenho exemplifica à perfeição o que penso da notícia abaixo. O evolucionismo é a nova religião. O homem é todo ele genes e não tem intelecto ou razão... querem ver que isto de não votar e não poder com o Sócrates estava nos meus genes? O chato são aquelas pessoas, como eu, que não são de direita nem de esquerda e que preferem votar nas pessoas e nos projectos que defendem, consoante entendem que que eles respeitam, valorizam e desenvolvem, ou não, certos valores que influenciam positivamente o futuro das sociedades. Será que não temos genes? E acho piada que a notícia diz que quem tem a amígdala mais desenvolvida (a amígadala é a sede mais primária das respostas agressivas) é de direita e os outros (os mais dóceis?) são de esquerda...deixa-me rir...
Balada da neve
Batem leve, levemente,
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Augusto Gil, Luar de Janeiro
Les hommes ont oublié cette vérité, dit le renard. Mais tu ne dois pas l’oublier. Tu deviens responsable pour toujours de ce que tu as apprivoisé.
(Saint-Exupery)
mais-valia
muitas das vezes
procuro a excelência
sou apaixonada pela vida
a vida é um dom maravilhoso
acima de tudo devemos ser amáveis
A consequência da vertente comercial dos sindicatos é o desprezo com que voltaram a ser tratados. O M.E. vomita cá para fora decretos, circulares e o camandro sem lhes passar cartão. É verdade que eles também pouco se ralam. Então agora o horário diurno, de repente, vai até às dez da noite? Os professores não são mais pessoas com direitos: são verbos de encher! Tudo é e será permitido enquanto estes tipos estiverem no poder.
Que os sindicatos não se ralem com isso percebemos: o trabalho deles não é nas escolas! Agora os directores, por exemplo, como é que aceitam tudo e mais alguma coisa? Isto é desesperante. Todos os dias há pelo menos uma notícia desesperante para as escolas e para os professores: hoje foi esta, mais aqueloutra que avisa que vamos descontar ainda mais para a Caixa de Aposentações da qual nunca beneficiaremos. Só falta decretarem que cada professor, à entrada nas escolas, deve levar um enxerto de pancada diário.
E a cena da Parque Escolar passar a ser dona das escolas! Mas isto tem algum sentido? É como se eu contratasse um empreiteiro para me fazer obras em casa e ele depois ficasse dono da minha casa e eu tivesse que lhe pagar uma renda para continuar aqui!
Onde será o limite? Uma pessoa quer acreditar e ter esperança mas a razão mostra-nos claramente o que as coisas são.
Resta-nos, penso, pelo menos, resistir dignamente com algum apoio de outros como nós, porque uma pessoa lúcida e sozinha no meio de vesgos e parvos ensandece.
É que o Camilo escreve divinamente: com uma riqueza e fluência de vocabulário, umas analogias requintadísimas de humor e inteligência tais que vamo-nos deleitando com as palavras a querer ler mais e mais. Eu leio, ou para me divertir ou para aprender. Sou capaz de ler um autor que não escreva muito bem se quero muito saber o que ele pensa sobre certo assunto, mas se não estou muito interessada nas opiniões da pessoa, não estou para fazer o frete de ler algo mal escrito, ou sem graça alguma. Ora, para quem já leu os filósofos e os clássicos e os grandes autores/pensadores, a maior parte do que se publica não tem grande coisa a dizer que proporcione aprendizagem. Em contrapartida, umas páginas bem escritas ensinam sempre qualquer coisa, quanto mais não seja, refinam o olhar, a linguagem e a imagética literária tão necessária para dar côr à vida. Pois o Camilo é mestre nisso. E vê-se que o faz com naturalidade e não para armar ao erudito. E escreve tão bem, com tanto espírito e graça, e acutilância também, que nos põe constantemente um sorriso de cumplicidade nos lábios. Ele gosta disso, de fazer do leitor um cúmplice. Ao mesmo tempo que é elegante a escrever tem aquele sarcasmo tipicamente português.
Da Introdução à História da Égua (excerto)
_ Ainda fazes romances? _ perguntou-me o meu amigo.
_ Ainda...Sedet aeternus que sedebit. Infelix... faço romances e expio os pecados de meus avós, neste incessante rodar do penedo ao alto do monte, e resvalar com ele ao fundo.
_ Estás magro, homem! - observou ele apalpando-me o pescoço, provavelmente com o tacto magistral de quem ajuizava da nutrição dos potros pela fibra atochada e nediez do pescoço.
_ Deixa-te desse modo vivente, se não aspiras à mumificação. Olha que a natureza fez homens, não fez literatos. O Criador, quando expulsou Adão do paraíso, teve a piedade de lhe não dizer: «Serás escritor!» O que lhe disse foi: «Viverás trabalhando até suar». Considera amigo que é necessário suar para viver. E o escritor não sua: logo, morrerá anazados qual te vejos pobre homem! Saíste das prescrições da natureza: torna sobre ti e corrige o vício.
O primeiro ministro húngaro, que tem uma maioria que lhe permite mudar a constituição, desde que foi eleito que ataca todas as instituições que escapam ao seu controlo, incluindo a Presidência, o STJ (como o senhor Sousa tentou fazer por cá...) e o Banco Central. Como se não chegasse, aprovou leis que lhe dão o controlo dos media nomeadamente através de um Conselho que tem autoridade para passar multas de 700.000 euros os meios de comunicação por notícias que considere 'parcias' ou 'ofensivas da dignidade humana'. Os jornalistas são obrigados a revelar as fontes e os editores a mostrar todas as transacções comerciais. O New York Times chama a isto a 'Putinização da Hungria'. A Hungria vai estar na presidência da UE proximamente. Não se percebe é como é que estas coisas se passam na Europa sem que ninguém reaja. Quer dizer, afinal isto de se juntarem os países da Europa numa comunidade era só para ganhar dinheiro? Para a França completar o trabalho do Carlos Magno? Para a Alemanha ganhar finalmente a guerra, como dizem alguns?
A Universidade do Minho (UM) anulou um doutoramento que tinha sido obtido no ano passado com base numa tese que plagiava parte do trabalho de um investigador brasileiro. A doutoranda era professora no Instituto Politécnico do Porto (IPP) e pediu a demissão na sequência da denúncia do caso. Esta é a primeira vez que uma universidade portuguesa anula um grau de doutor concedido por causa de um plágio.
Hoje foi um dia em cheio todo à volta da Arrábida. Fomos ver o nascer do dia à Figueirinha e ao Portinho da Arrábida, fizémos a serra até Azeitão para tomar um pequeno almoço de leite com café e croissants verdadeiros, e depois mais serra até Sesimbra. Andámos lá às voltas até ao almoço. Fomos ao mercado e depois almoçámos um peixe. Voltámos a Setúbal, metemo-nos a caminho de Palmela e fomos à Serra do Louro pela estrada dos barris e depois pela das antenas. Sempre a tirar fotografias. Tudo à volta de Setúbal é lindo. A serra está verdejante. Em Palmela já as fotografias apanham o pôr-do-sol. Voltámos a Setúbal e fomos à beira rio aproveitar os restos de luz nas fotografias. Depois fomos beber um aperitivo ao Três 15 Dias e a seguir jantar à Champanheria um menu de degustação com 5 entradas (as ostras à bulhão pato e umas caixinhas com gelado de limão com tempura de camarão estavam deliciosas) acompanhado de espumante da Ermelinda de Freitas.
Um dia de serra, céu e mar de encher os olhos e limpar a alma. No meio da serra a cimenteira a desfear toda a zona em que está...obrigada Sócrates, por permitires queima de resíduos perigosos e por estenderes o contrato da Secil numa serra de paisagem única protegida!
Vou deixar aqui meia dúzia de fotografias, desde o nascer do dia ao pôr-do-sol:
nascer do dia na Figueirinha
madrugada na Arrábida
no Portinho
Portinho ao nascer do dia
na praia do Portinho
Convento de s. Francisco
Serra da Arrábida, a caminho de Azeitão
Sesimbra
meio dia em Sesimbra
estrada dos Barris ao fim do dia
pôr do sol na serra do Louro (parece uma pintura)
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