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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Advogados e empresário constituídos arguidos. Em causa estão 80 milhões de euros.
80 milhões de euros. Será este o valor de uma nova fraude descoberta pela Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) no Banco Português de Negócios (BPN).
"Ex-deputado do PS acusado de 19 crimes de corrupção", processo em que Carlos Lopes é um dos visados na investigação à campanha autárquica de 2005
Todos os dias notícias novas de roubos de milhões e de corrupção daqueles que gerem os dinheiros do país e decidem da nossa pobreza. Essa gula incontrolável dos dirigentes à custa do sacrifício dos outros fez de nós, mais do que um país pobre, um país de miseráveis. Mas não somos todos miseráveis nem é verdade que 'a culpa seja de todos nós' como muitos gostam de dizer. Não, não, alguns, muitos, trabalharam e cumpriram os deveres e continuamente alertaram e mostraram o que as coisas era e com as palavras e os actos resistiram, enquanto outros condescenderam com tudo. De cada vez que compactuaram foram cúmplices, senão activos, passivos. Vejo muitos colegas queixarem-se do estado disto tudo, mas votaram no Sócrates. Não uma, mas duas vezes!
cornelis springer
Podemos ter nostalgia de pormenores de épocas que já passaram. Melhor, de atmosferas que já passaram. Já uma vez fiz o percurso à borda do Reno. Ainda está cheia de castelos, dum lado e doutro, de modo que a atmosfera romântica que a pintura nos transmite ainda é a mesma. A luz é essa mesma, brilhante e dourada, a evocar o ouro do Reno e a Loreley. Na primavera, no entanto, tudo é verdejante.
Esta semana fiz teste às turmas todas. Estão aqui todos para corrigir. Mais uns trabalhos da semana passada. Tenho 3 sites para mexer e actualizar, dois de Filosofia e um de Psicologia. Começar a fazer pesquisa de imagens para a revista. Arranjar cenas de actividades do passado para a Inspecção que vai fazer a avaliação externa da escola. Preparar material para a aula do 10º (uma é já amanha às 8.20h). Arranjar um filme para a questão dos marcadores somáticos do Damásio, para a aula de Psicologia. Arranjar umas cenas de arte para uma aluna que me pediu. Ler a documentação do PEE. No meio disto tenho de arranjar tempo para os amigos, para ler, estudar, escrever, ver um filme, olhar para o mar, para as estrelas e sonhar. Só para sonhar precisava de uma licença sabática!
Um dos piores legados destas sociedades contemporâneas é a ausência duma cultura de trabalho. Hoje falava disso com umas colegas. Comparávamos experiências dos primeiros anos que trabalhámos. Eu, por exemplo, levanta-me todos os dias às cinco e trinta da manha para apanhar o comboio das seis e vinte para ir dar aulas numa escola do Barreiro. Chegava a casa às oito e tal da noite com trabalho ainda para fazer. Isto durante dois anos. As outras tiveram experiências de ir trabalhar para longe da família. Uma delas estudava e trabalhava ao mesmo tempo. Hoje em dia isto seria quase impensável. Poucos estão para fazer sacrifícios. Querem tudo, e já! Os miúdos são alimentados com ideias de Novas Oportunidades, de passar de ano ficando a dormir em casa e faltando continuamente às aulas, dos professores serem os responsáveis pela sua agressividade ou falta de educação. Claro que em adultos estão à espera que alguém lhes ofereça um 'emprego' ou um subsídio. Qualquer coisa que não obrigue a produzir muito para não cansar..
Educam-se as pessoas para não terem nenhumas expectativas sobre si próprias mas a esperarem tudo dos outros. A virtude da educação está na transformação interior que se opera na pessoa com a progressiva apropriação de conhecimentos e experiências. Sedimenta os conhecimentos, alarga os horizontes pessoais e sociais, fornece instrumentos teóricos e práticos para lidar com a profissão e a vida. É um processo lento mas fecundo se for realizado a sério. Senão, é nada. Absolutamente nada. Prepara ninguém para coisa alguma.
Disse-me o André que só numa Universidade 9000 alunos desistiram das candidaturas a bolsa já a meio do processo de tal modo a burocracia torna quase impossível aceder-lhes. Isto, só em uma Universidade.
È isto: somos um dos países mais corruptos e enquanto se enterram biliões em bancos e uns se entretém a roubar outros baixam ao nível de pobres e perpétuam a condição de pobreza da qual as famílias começavam a sair.
Como diz uma amiga da Cecília, este pessoal do PS, nem para organizar uma sardinhada servem.
Zona junto ao rio, onde funcionou estaleiro naval, será requalificada e permite regresso da praia da Saúde.
Grande som tem esta banda! Grandes guitarras e ritmo! E o tipo que canta, Dougy Mandag, tem uma voz feérica...sexy
Oliver Sacks publicou um novo livro. Fala sobre pessoas que têm dificuldades em reconhecer caras e pessoas que perderam parcialmente a visão e do modo como compensam essas dificuldades. Sendo ele um neurologista genial e um escritor muito bom, os livros dele são sempre fascinantes pelos casos que conta e pelo modo como os conta. Quando pensamos que este indivíduo pôs cegos a ver, recuperou catalépticos profundos e esclareceu o funcionamento da mente em inúmeras doenças e que continua, sem parar, a tentar perceber o funcionamento do sistema nervoso no comportamento, ficamos com a sensação de que fazemos pouco na vida...
Brainbow, o cérebro em arco-íris.
Para estudar a arquitectura do sistema nervoso, cientistas inventaram o método de colorir os neurónios podendo assim seguir o caminho que cada um deles faz no seu percurso de comunicação.
Todos travamos uma batalha com a vida. Umas vezes ganhamos à vida, outras ganha-nos ela a nós.
O juiz Mouraz Lopes, membro da direcção da Associação Sindical dos Juízes Portugueses, argumentou que o facto de a remuneração dos magistrados ser superior à média é uma tendência europeia para proteger o princípio da independência.
Que descaramento! Então um juíz que não ganhe muito é desonesto? Tem que ganhar muito? O resto do país que faça sacrifícios que eles têm que manter os privilégios? Aquele argumento é a falácia da falsa causa. Dá ideia que a causa dos juízes serem honestos é o facto de ganharem muito, pois que se não ganharem muito perderão logo a independência...leia-se, isenção, imparcialidade, ou, em português claríssimo, a honestidade.
Se raciocinarmos como este juíz temos que aceitar que os políticos deveriam ganhar fortunas. E os fiscais das finanças. e os de todas as fiscalizações. E os médicos. e os professores. E os tipos das armas. E todos em geral que tenham alguma autoridade que implique tomadas de decisão que por força das circunstâncias favoreça ou prejudique pessoas.
É com estes vergonhosos argumentos que dão razão a quem os acusa de serem, ou quererem ser uma classe de previligiados intocáveis, acima dos princípios que regem a democracia. Na realidade, esta atitude é típica do senhor Sousa e dos seus boys...parece que estas coisas de não ter um pingo de vergonha se pegam...
Ganhar dignamente não é igual a ter de ganhar muito...e a independência garante-se doutros modos, mais de acordo com o regime em que - ainda - vivemos.
O economista e antigo ministro brasileiro Luiz Carlos Bresser-Pereira diz que é "errado combater a dívida pública" com "ajustes fiscais" e considera que o BCE deveria seguir o exemplo dos EUA.
Falta coragem e a Alemanha não quer, porque enquanto houver países pobres manda em todos como quer.
Ouça-se alto.
Ontem vi um bocadinho daquele programa onde 4 pessoas à volta de uma mesa dizem coisas que lhes vêm à cabeça sobre qualquer assunto que seja. Então criticavam a iniciativa dos juízes de quererem saber como é que os políticos gastam os dinheiros públicos. Criticavam, sobretudo, as declarações de um juíz que disse algo como, 'o governo está a retaliar os juízes por terem incomodado os boys do PS'. Diziam que tais declarações eram o fim da democracia e tal...
Ninguém ali se lembrou de pensar que o que causa mossa à democracia é o facto do Estado, nos seus mais altos representantes, estar corroído por casos de corrupção, tráfico de influências, desvios de dinheiro e compadrios com bandidos...ninguém percebeu que foi uma maneira do juíz dizer que o Sócrates não conseguiu abalar a independência dos juízes como talvez quisesse...
Que o porta voz do PS neste assunto seja Ricardo Rodrigues, o deputado ladrão que continua intocável no seu posto depois do que fez.. é no mínimo irónico.
Dito isto, não compreendo uma coisa nas declarações do juíz: se pensa que os cortes nos seus salários só se dão por retaliação, isso significa que pensa ser anormal que os juízes contribuam também com o seu sacrifício para as contas públicas? O normal seria então serem isentados de cumprir o seu dever como os outros funcionários públicos e que tal só sucede mesmo por vingança? Normalmente seriam intocáveis?
Fiquei com esta dúvida.
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