Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Goya, Saturno devorando um filho
Conta-se que Saturno na sua sede de poder, para reinar no lugar de Titã, seu irmão mais velho, acordou com este em sacrificar todos os seus filhos e filhas para que não houvessem rivais pretendentes ao trono. E assim foi.
Saturno é muitas vezes comparado a Cronos, o deus grego do tempo, fazendo desta narrativa de Saturno uma metáfora para a condição humana, sujeita à inexorável voracidade do Tempo, que tudo como e consome.
Quem nos governa hoje pensa que ao fazer algo dramático, na educação, por exemplo, irá ficar para a História, ou algo do género. Até arranjaram uns corredores e penduraram lá uns quadros com as suas próprias facies. É um engano de ignorantes, claro. Antes de virarem cinza e pó já estarão completamente esquecidos e daqui a duas gerações ninguém saberá sequer quem são. Pessoas muito mais marcantes da nossa História, alguns ainda vivos, já foram engolidos por esse grande Devorador.
O que queria dizer é o seguinte: não valia a pena terem dado cabo do país e da educação do país, numa vã esperança de se engrandecerem - o que perdurará serão os grandes Devoradores, para os quais andaram a trabalhar: Pobreza, Ignorância, Injustiça, Miséria, Desespero, Mediocridade, etc..
Dos devorados não reza a História, a não ser por uns tempos, nos seus filhos de sangue, que viverão com a vergonha da memória do que fizeram seus pais aos outros.
Não os invejo.
MINISTRA GARANTE QUE NÃO VAI RECUAR
Enquanto em Lisboa metade da classe docente protestava contra as políticas do Governo socialista, em Vila do Conde a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, entregava diplomas a alunos de um Centro de Novas Oportunidades. Sobre a manifestação, a ministra referiu que "os professores têm o direito a manifestar a sua insatisfação e o Governo tem o dever de prosseguir com as políticas públicas em defesa das escolas públicas".
Há uns meses escrevi o que se segue. Está tudo na mesma. Como se previa. Porque já então ela dizia que não cedia. Não porque estivesse certa, mas apenas porque pode.
A ministra não está impressionada e não cede!
Mas então, pergunto eu, a que é que ela cede?
Os professores têm tentado fazer-se ouvir, utilizando os meios próprios das democracias: falaram, avisaram que as coisas nas escolas estavam a resvalar perigosamente; escreveram, pediram aos seus representantes para alertarem o poder, denunciaram a violência, a indisciplina, a artificialidade dos resultados escolares, os perigos e custos da desagregação dos professores por causa dos efeitos preversos que a promoção política de uns professores a chefes dos outros, fixada no Estatuto da Carreira Docente veio gerar; alertaram para o absurdo e injusto campeão da revolta que é este modelo de (não)avalição dos professores.
Nada disto teve eco junto da senhora. Foi como chocar contra uma parede. A ministra nem se dava ao trabalho de fingir que ouvia os professores - dizia, com o maior despudor, não ligar às vozes dos professores, porque não passavam de rebanhos de sindicatos e chamava-nos 'professorzecos'. Que vergonha!
Ela se calhar não sabe, mas os professores são, na sua esmagadora maioria, pessoas com formação académica superior, com estágio profissional e ainda com inúmeras formações mais ou menos especializadas, que são obrigados a fazer sob pena de terem avaliação negativa e não progredirem na carreira (avaliação, sim).
Bem, como nada a demoveu, os professores resolveram fazer uma manifestação, que era um modo de mostrar que estas posições e juízos sobre a educação não eram obra de uns grupos, antes constituiam a visão da quase totalidade dos profissionais da educação.
Não quis saber. Desvalorizou?! Como é que uma pessoa que é chefe duma equipa de profissionais educados e especializados com os quais tem de trabalhar, se dá ao luxo de os desvalorizar? Se isto é uma regra de Gestão eu não a entendo.
Então, eu tenho uma equipa para realizar um trabalho e a primeira coisa que faço é maltratá-la de todos os modos possíveis de maneira a que ninguém consiga identificar-se comigo e com os meus objectivos? Tento pô-los uns contra os outros de modo a que já não consigam colaborar e fazer o trabalho? Faço de modo a que ninguém, na equipa, me tenha lealdade? LOL
Não percebo, mas se é esta a ideia de competência que anima os nossos governantes, muita coisa fica imediatamente explicada.
Mas, voltando à vaca fria, como costuma dizer-se, os professores ainda fizeram uma segunda manifestação, e uma terceira, para mostrar que a luta não era por poderes político-sindicais mas pela sobrevivência da escola. A senhora desvalorizou. Disse que eram agitadores.
Bem, como forma de luta radical fizemos greve, que é assim uma maneira de dizer: olha que estamos todos de acordo e isto significa que a questão é mesmo grave, é necessário olhar para a situação e corrigir o que pode ser corrigido.
Qual foi a resposta? A ministra não cede a ultimatos!! Mas então o que é preciso para que ouça?
Algo de muito errado se passa quando numa democracia nenhum processo democrático funciona.
Penso que a ministra da educação despreza os professores.
Talvez por vivermos numa sociedade em que o sucesso é medido pelo dinheiro que se tem, pelo poder económico, a maioria do povo pensa que ter este tipo de sucesso e ter qualidade são sinónimos.
Por essa ordem de ideias, raciocinam deste modo: se os professores não são (ou não foram) capazes de ter sucesso na vida (ganhar dinheiro e ter muito poder, entenda-se), segue-se claramente que são pessoas sem qualidade.
Deste tipo de raciocínios duas coisas ficam claras:
1ª, quem assim pensa, pensa também que ser professor e dedicar-se à educação é uma profissão menor já que não dá acesso àquele sucesso tão valorizado na sociedade.
A minha pergunta é: como é que alguém que tem em tão baixa estima a educação e a profissão de professor pode estar à frente duma equipa de professores a ditar políticas para a educação? É um contra-senso.
2ª, quem assim pensa não tem uma mente educada no conhecimento da História, por um lado, e na reflexão, por outro. É que a História mostra-nos muitos casos em que as sociedades foram tomadas de decadência das suas virtudes justamente por terem permitido que o sucesso aparente baseado na lógica do simulacro substituisse o saber real. E quem tem hábitos de reflexão descortina isso, por si mesmo, vendo como em tantos casos do quotidiano, pessoas cheias desse sucesso (enchem as televisões) exibem uma confrangedora ignorância a respeito dos assuntos de que falam.
A minha pergunta é esta: como é que se evita que as democracias acabem sempre nisto?
É claro que estas perguntas não são novas. Grandes pensadores já se questionaram sobre elas e sendo tão complexas, não têm respostas simplex.
Enfim, para quem pensa.
A manifestação de ontem foi uma bofetada na ministra, e no primeiro ministro, se é que ainda têm cara...
Pelas contas mais baixas estavam lá 55.000 mil professores. Isso, é uma enormidade de gente na situação actual. Estamos mesmo no fim do ano lectivo na semana(s) do ano em que há mais trabalho para milhares de professores; é a 5ª manifestação em menos de dois anos; muitos professores ficaram pelo caminho, subornados e 're-subornados' com títulos, após cada manifestação, com cargos e benesses para que desistissem da contestação; muitos o fizeram e estão bem contentes nos cargos merdosos que foram criados apenas para a destruição dos professores. Pois mesmo assim ainda lá estavam mais de um terço da totalidade dos professores.
Um terço duma classe profissional enorme como a nossa, é muita gente. Se lhes juntarmos todos aqueles que quereriam ir e não puderam, por motivos de trabalho, doença, etc., vemos claramente que a classe dos professores está quebrada a meio. Há uma divisão profunda e insanável entre os professores por causa deste ECD e da avaliação estúpida praticada entre membros pares, onde uns foram escolhidos para destruir os outros.
Só um cego, completamente cego, não vê que o cancro que injectaram na classe profissional dos professores, aos destruí-los a eles, destrói, simultameamente, o próprio sistema educativo.
O primeiro ministro, a ministra da educação e os besuntos satélites queriam todos os professores iguais a eles. Conseguiram alguns, que hoje se refastelam nos cargos. Mas é sempre assim, nestes casos.
Na minha escola há os que gritaram contra a entrega dos objectivos e falaram muito em ética, e até aparecem aí no blogue de quem tem mais visibilidade entre todos os bloggistas, como grandes resistentes, e afinal foram dos primeiros a entregá-los. Mas andam por lá de boa cara como se nada fosse. Alguns, quando se soube que não eram necessários, foram pedi-los de volta, também às escondidas.
Mas estes são alguns e não, nem de perto nem de longe, todos; e essa fractura entre os professores é fatal.
Qualquer besta vê isto. Até mesmo aquela gente que andam por aí como vírus ambulantes, a infectar tudo à passagem.
PÚBLICO
O Tribunal de Vila Verde condenou um ex-aluno da escola secundária local pelo crime de injúria agravada a um professor ao pagamento de 300 euros de multa e de 500 euros de indemnização, disse hoje fonte judicial.
A fonte adiantou à agência Lusa que na sentença, agora transitada em julgado, o tribunal deu como provado que em Junho de 2006, João N., agora com 19 anos, dirigiu palavras injuriosas ao professor de Matemática — nomeadamente dois adjectivos, considerados popularmente como "palavrões" — por ter sido chamado à atenção quando brincava com o telemóvel na sala de aula.
O docente, segundo a sentença, "havia, repetidamente, chamado a atenção do aluno — do 10.º ano de escolaridade — que brincava constantemente com o telemóvel e não realizava os exercícios que lhe eram apresentados".
"O arguido ignorou as várias advertências que lhe foram apresentadas até que, ao ser mais uma vez chamado à atenção pelo seu comportamento indevido, se levantou, arrumou o material escolar na mochila e abriu a porta da sala insultando o professor antes de sair da aula", refere o juiz que julgou o caso.
A condenação do ex-aluno foi baseada, entre outros factores, no depoimento de três ex-colegas de turma.
O tribunal concluiu que, ao proferir expressões insultuosas, "o arguido lesou a honra e consideração" devidas ao professor, tendo agido com dolo directo, ou seja, com vontade de o ofender.
Contactado pela Lusa, o queixoso — que solicitou anonimato — disse que apenas recorreu aos tribunais porque o aluno não lhe quis pedir desculpas pelo seu comportamento incorrecto, apesar de lhe ter dado oportunidade para o fazer.
Acresce que, acentuou, depois de ter decidido castigar o aluno com dois dias de suspensão, o Conselho Executivo da Escola anulou a pena, argumentando que o professor tinha deixado passar 12 dias antes de apresentar queixa, o que viola os regulamentos.
"Deixei passar alguns dias porque dei tempo ao aluno para reflectir e pedir desculpa, e, depois, porque tive um funeral de família", afirmou, frisando que pensou também que o Conselho Executivo iria agir autonomamente por, entretanto, ter tomado conhecimento do facto.
Ora até que enfim! Era bom que os alunos e os seus pais se mentalizassem do dever de respeito pelos professores, a quem chamam qualquer coisa, desde que a ministra da educação tratou de desrespeitar, ela mesma, os professores.
Os Conselhos Executivos em geral também têm tendência a ter medo de desagradar aos pais, de tal modo que desculpam tudo aos alunos, para não perderem popularidade.
Como se vê também neste caso em que anularam a pena, não por o rapaz ter pedido desculpa ou ter mostrado arrependimento, mas por o professor ter deixado passar uma semana e meia. Cúmplices cobardes destes indivíduos que não respeitam ninguém!
O Vital Moreira diz que estamos a asistir a revolução na educação!
O Almeida Santos quer que o povo do planeta pague imposto!
A grande paradigma do dom de Midas ao contrário diz que está muito satisfeita com o trabalho que fez!
Às vezes penso que voltámos aos anos 60 e 70 quando as pessoas alucinavam com LSD. Não vejo outra explicação.
Quem é que escreveu o guião deste país? Nem para telenovelas isto serve.
Quando nos veremos livres destes pesadelos humanos?
VISÃO online
Presidente da Câmara de Pombal quer tratar a homossexualidade
Luís Ribeiro 18:02 Terça-feira, 26 de Mai de 2009 |
No seu discurso de encerramento das I Jornadas Ibéricas sobre Violência, na quarta-feira, 21, o autarca de Pombal confessa que gostaria que "houvesse terapeutas para tratar todas essas causas que dão origem a problemas complicados, e aquelas causas contraproducentes àquilo que é a essência da vida humana, toxicodependência, práticas contraproducentes, homossexualidade e pedofilia", conforme citado pelo jornal Notícias do Centro.
E vai mais longe: "Não se facilite, em termos democráticos, aquilo que é contranatura, aquilo que não está na essência daquilo que a gente pretende, em termos de história, de dignificar aquilo que é a pessoa humana."
O social-democrata Narciso Mota terá ainda posto a homossexualidade no mesmo saco do alcoolismo e da falta de carácter. "Encontramos neste mundo contemporâneo muitos tipos de violências: a violência provocada por aquelas pessoas que são toxicodependentes, a violência das pessoas que são alcoólicas, a violência das pessoas sem rosto, sem carácter, sem ética, que mandam blogs anónimos, mandam cartas anónimas, entrando na privacidade das famílias e das pessoas, a violência da pedofilia e a violência da homossexualidade, que não está em sintonia com aquilo que é a razão natural da vida.
E são estes idiotas broncos que enchem os bolsos nas autarquias que vão mandar na educação. Eles e os outros amigos da ministra da educação, essa grande paradigma do dom de Midas ao contrário.
Do MEP (movimentoescolapublica.blogspot.com/2009/05/encontramo-nos-sabado.html)
1) Este governo desfigurou a escola pública. O modelo de avaliação docente que tentou implementar é uma fraude que só prejudica alunos, pais e professores. Partir a carreira docente em duas, de uma forma arbitrária e injusta, só teve uma motivação economicista, e promove o individualismo em vez do trabalho em equipa. A imposição dos directores burocratiza o ensino e diminui a democracia. Em nome da pacificação das escolas e de um ensino de qualidade, é urgente revogar estas medidas.
2) Os professores e as professoras já mostraram que recusam estas políticas. 8 de Março, 8 de Novembro, 15 de Novembro, duas greves massivas, são momentos que não se esquecem e que despertaram o país. Os professores e as professoras deixaram bem claro que não se deixam intimidar e que não sacrificam a qualidade da escola pública.
3) Num momento de eleições, em que se debatem as escolhas para o país e para a Europa, em que todos devem assumir os seus compromissos, os professores têm uma palavra a dizer. O governo quis cantar vitória mas é a educação que está a perder. Os professores e as professoras não aceitam a arrogância e não desistem desta luta: sair à rua em força é arriscar um futuro diferente. Sair à rua, todos juntos outra vez, é o que teme o governo e é do que a escola pública precisa. Por isso, encontramo-nos no próximo sábado.
Correio da Manhã, hoje
Em 2005, o eurodeputado britânico Nigel Farage denunciava que Durão tinha passado as férias do Verão de 2004 (já indigitado para a CE) a bordo do iate de um magnata grego. Este ano, veio a Portugal receber um prémio na Fundação Luso-Brasileira a bordo de um jacto privado pago pelo BPP.
Portanto, o BPP, aquele banco só para ricos que anda a chupar o dinheiro de todos em ajudas que o primeiro ministro lhe dá aos milhões enquanto condena os portugueses à miséria, porque, coitados, os queridos do banco agora estão mal e precisam etc., continua a manter um jacto a funcionar, e até oferece viagens a outros.
Pois claro, é para isto que precisam dos milhões perdidos ao jogo - para os aviões a jacto, 'yates', limusinas, casas de recreio, férias nas maldivas, compras em Rodeo Drive, etc. etc.
No que respeita aos trabalhadores, penso que podemos dividi-los em duas grandes categorias: os que trabalham tendo como prioridade a melhoria da sua posição dentro do sistema/ empresa/local de trabalho, e os que trabalham tendo como prioridade encontrar soluções para melhorar o próprio sistema/empresa/local de trabalho.
Os primeiros trabalham com vista a promoções ou a uma melhoria das suas condições pessoais de trabalho. Não significa que não se interessem pelo resultado final do trabalho, mas estão menos conscientes dele porque a primazia vai toda para o seu perímetro de vida pessoal e aí encontram a sua motivação. Estas pessoas continuam a trabalhar com razoável satisfação num sistema que deixou de fazer sentido ou que se tornou ineficaz e injusto, desde que o seu esquema de carreiras e promoções e aumentos continue a funcionar razoavelmente, porque de qualquer modo a sua ideia de trabalho é fazer o suficiente para se safarem. Rápida e imediatamente se ajustam às novas ordens ou a um novo esquema de chefias ou a novas exigências - só querem saber o que há a fazer, quantas vezes e, sobretudo, a quem se deve mostrar.
Os segundos -que são uma minoria, penso- estão sempre a aferir da eficácia do trabalho relativamente ao todo em que se insere. Não significa que não se interessem pelas suas carreiras ou que não sintam a injustiça da promoção dos piores; significa que têm uma visão mais alargada do sistema e que vão buscar a sua motivação a um sentimento interior de satisfação ligado à certeza de estarem a contribuir para a melhoria real do sistema e, só nessa medida, encontrarem sentido e utilidade no que fazem.
Estes segundos dificilmente se adaptam a uma mudança do sistema que não traga benefícios ou que vá ao ponto de anular as virtudes do sistema pondo em causa o seu resultado final. Isto é, é-lhes díficil continuar obedecer à ordem de alimentar de carvão a máquina de um barco que se está a afundar, pois não vêem sentido ou utilidade nessa tarefa. Mais, não compreendem a azáfama dos demais que, em vez de procurarem solução para salvar o que for possível, a começar pelas pessoas, andam de um lado para o outro a olear as máquinas como se não vissem que o barco está já a pique.
O que fazer numa situação destas? Saltar do barco só, arriscando uma morte quase certa? Continuar o trabalho sabendo que se está a alimentar um sistema pernicioso, preverso, destrutivo e inútil, destinado de antemão ao fracasso?
Como é possível agora o trabalho?
Como é possível o trabalho quando se vê, em cada ordem, em cada documento, em cada directiva o fortalecimento da estupidez medíocre do sistema?
E, no meio de tudo isto, os que criaram este sistema dão uns aos outros dinheiro e honrarias e auto-elogiam-se tristemente sem terem noção do que são.
Fico perplexa!
Ontem ou antes de ontem, já não sei ao certo, passei por um canal da TV onde se falava, nesse momento, do caso da professora a quem pais e alunos armaram uma cilada. Estavam a entrevistar um inspector do Ministério da Educação e perguntavam-lhe se as inspecções funcionam mesmo, porque se ouve dizer - afirmava o entrevistador - que levam imenso tempo a fazer qualquer coisa. Responde o inspector algo do género: 'não, não, não é nada lento, a nossa justiça é até bem célebre'. Não foi gralha ou engano pois que repetiu a palavra 'célebre', querendo dizer 'célere', evidentemente.
Pois é - digo eu -, é este o nível dos inspectores da educação, que têm hoje um poder enorme em avaliar e ajuizar do trabalho dos professores. Eles e todos os titulares de aviário (que são a grande maioria).
jornal SOL
A ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, afirmou hoje que «faltou uma resposta pronta» ao problema relacionado com o comportamento da docente suspensa numa escola de Espinho.
«Como já tive oportunidade de dizer, trata-se de um caso excepcional, de grande desequilíbrio.
lenga-lenga: se uma desequilibrada incomoda muita gente, duas desequilibradas incomodam muito mais.
jornal SOL
Ministério do ambiente?
Trabalhinho bem feito?
... alguém está feliz...
Não é a crise que nos destrói. É o dinheiro
Mário Crespo, Jornal de Notícias
Nada no mundo me faria revelar o nome de quem relatou este episódio. É oportuno divulgá-lo agora porque o parlamento abriu as comportas do dinheiro vivo para o financiamento dos partidos.
O que vou descrever foi-me contado na primeira pessoa. Passou-se na década de oitenta.
Estando a haver grande dificuldade na aprovação de um projecto, foi sugerido a uma empresária que um donativo partidário resolveria a situação. O que a surpreendeu foi a frontalidade da proposta e o montante pedido.
Ela tinha tentado mover influências entre os seus conhecimentos para desbloquear uma tramitação emperrada num labirinto burocrático e foi-lhe dito sem rodeios que se desse um donativo de cem mil Contos "ao partido" o projecto seria aprovado.
O proponente desta troca de favores tinha enorme influência na vida nacional.
Seguiu-se uma fase de regateio que durou alguns dias. Sem avançar nenhuma contraproposta, a empresária disse que por esse dinheiro o projecto deixaria de ser rentável e ela seria forçada a desistir. Aí o montante exigido começou a baixar muito rapidamente. Chegou aos quinze mil Contos, com uma irritada referência de que era "pegar ou largar".
Para apressar as coisas e numa manifestação de poder, nas últimas fases da negociação o político facilitador surpreendeu novamente a empresária trazendo consigo aos encontros um colega de partido, pessoa muito conhecida e bem colocada no aparelho do Estado. Este segundo elemento mostrou estar a par de tudo. Acertado o preço foram dadas à empresária instruções muito específicas. O donativo para o partido seria feito em dinheiro vivo com os quinze mil Contos em notas de mil Escudos divididos em três lotes de cinco mil. Tudo numa pasta.
A entrega foi feita dentro do carro da empresária. Um dos políticos estava sentado no banco do passageiro, o outro no banco de trás. O da frente recebeu a pasta, abriu-a, tirou um dos maços de cinco mil Contos e passou-a para trás dizendo que cinco mil seriam para cada um deles e cinco mil seriam entregues ao partido.
O projecto foi aprovado nessa semana. Cumpria-se a velha tradição de extorsão que se tornou norma em Portugal e que nesses idos de oitenta abrangia todo o aparelho de Estado.
Rui Mateus no seu livro, Memórias de um PS desconhecido (D. Quixote 1996), descreve extensivamente os mecanismos de financiamento partidário, incluindo o uso de contas em off shore (por exemplo na Compagnie Financière Espírito Santo da Suíça - pags. 276, 277) para onde eram remetidas avultadas entregas em dinheiro vivo. Estamos portanto face a uma cultura de impunidade que se entranhou na nossa vida pública e que o aparelho político não está interessado em extirpar. Pelo contrario. Sub-repticiamente, no meio do Freeport e do BPN, sem debate parlamentar, através de um mero entendimento à porta fechada entre representantes de todos os partidos, o país político deu cobertura legal a estes dinheiros vivos elevados a quantitativos sem precedentes. Face ao clamor público e à coragem do voto contra de António José Seguro do PS, o bloco central de interesses afirma-se agora disposto a rever a legislação que aprovou. É tarde.
Com esta lei do financiamento partidário, o parlamento, todo, leiloou o que restava de ética num convite aberto à troca de favores por dinheiro. Em fase pré eleitoral e com falta de dinheiro, o parlamento decidiu pura e simplesmente privatizar a democracia.
11.Maio.2009
O ministro das Finanças assinou a portaria que permite o acesso dos bancos a quatro mil milhões de euros para recapitalização, sujeitando as instituições financeiras a regras apertadas designadamente na remuneração da administração, informou hoje o Ministério das Finanças. "A portaria que regulamenta os procedimentos necessários à execução da Lei 63-A/2008, de 24 de Novembro, que estabelece as medidas de reforço da solidez financeira das instituições de crédito, foi ontem assinada pelo ministro de Estado e das Finanças", diz o gabinete de Teixeira dos Santos, em comunicado. Esta portaria é assinada numa altura em que o Banco Privado Português já entregou ao Banco de Portugal o plano de recuperação da instituição, que, segundo a imprensa, prevê a injecção de 150 milhões de euros no capital do banco. Isto não é possível! Não há esperança para este país enquanto os indivíduos que decidem não mudarem. 4 biliões?! Para dar de presente aos banqueiros para que eles possam continuar a obesar enquanto fazem de usuários emprestando dinheiro ao povo a juros proibitivos? E chamam-lhe recapitalização! 150 milhões para aquele banco que era tão selecto que só aceitava ricos. Quem é que recapitaliza os milhares de desempregados e todos os que ficaram em aflição pela incompetência e corrupção dos que andam pelos corredores do poder? Os deputados juntaram-se todos para se aumentarem no financiamento em milhões enquanto perseguem professores e falam em despedir, em contenção de despesas para os trabalhadores...chular, é o que estes indíviduos fazem! Não é isso um chulo? Alguém que explora outros(as) para viver à pala? Até já falam em bloco central - um arranjinho para dividir o saque que os do PSD estão a ficar impacientes de nunca mais chegar a vez deles. DN hoje
Teixeira dos Santos desbloqueia 4 mil milhões de euros
Notícia do JN de hoje:
Morreu a sobrevivente do sismo de 1909 em Benavente
Quer isto dizer que houve sobreviventes mortos?
Jornal Expresso
Caso Freeport
A primeira tranche, que ao câmbio da altura correspondia a 80 mil euros, foi transferida do
E não se demite! Este indivíduo que nos governa - ele e os seus apoiantes que têm assento nos lugares de poder públicos duma ponta à outra do país e que estão envoltos em fumos negros e pestilentos de corrupção, práticas sexuais infames, abuso de poder, etc., abriram um grave precedente ao não se demitirem em face da gravidade das acusações que sobre eles pesa.
Não falo de acusações daquelas que surgem ao serviço de oposições com agendas eleitorais como motor - falo de acusações com indícos fortíssimos: videos, gravações, acordãos repetidos de tribunais sobre condutas infames, contas cheias de dinheiro que não sabem explicar, casas compradas com dinheiros inexplicáveis, vidas de luxo com ordenados públicos, etc.
O sistema do país permitir que, face a tais acusações com tão fortes indícios a apoiá-las, os visados continuem a exercer o poder, abre um precedente para as próximas legislaturas: temo que a partir de agora, nenhum primeiro ministro ou ministro ou autarca seja demitido ou se demita, seja porque razão for. Talvez se for apanhado em flagrante a matar alguém: e mesmo assim poderá alegar que é uma montagem, um holograma ou qualquer absurdo que lhe apeteça.
Uma das coisas que mais me impressionou quando li o Arquipélago de Gulag de Soljenitsine - li-o há muitos anos, era ainda adolescente - foi o relato que ele faz do transporte dos presos políticos para os campos e das celas de algumas prisões. Eram misturados com criminosos comuns -assassinos de toda a espécie, inclusivé canibais- e a viagem era feita sob o comando daqueles criminosos. Faziam-no de propósito: era para que percebessem, desde a primeira hora, que não podiam esperar justiça ou sequer decência, da parte de quem os tinha condenado.
Ultimamente lembro-me muito destas passagens deste livro, talvez pela trágica ausência de esperança que releva um sistema onde cada vez menos podemos esperar justiça e onde sabemos que já não há decência naqueles que dela deviam dar exemplo.
Jornal Expresso
Na escola, nem as professoras das duas turmas filmadas sabiam a verdade. Laura Cardinho até gravou um depoimento sobre as vantagens pedagógicas do pequeno portátil, pensando que a reportagem tinha sido encomendada pelo Ministério da Educação, tal como lhe foi dito pelo Conselho Executivo e pela própria equipa de filmagens.
"Sinto-me utilizada. Se eu ou a minha colega tivéssemos a mínima suspeita de que era para um tempo de antena, a equipa de filmagens nunca teria sequer entrado na sala de aulas", disse ao Expresso a professora.
Laura Cardinho conta ainda como algumas das respostas dadas pelos alunos no tempo de antena, transmitido na RTP no dia 22, foram "conduzidas" pelos entrevistadores. "Queriam que um menino dissesse que fazia muitas pesquisas na Internet com o Magalhães. Aí eu não deixei porque era uma mentira. Nem o menino nem a sala de aula sequer têm Internet", relata a professora.
Mais uma intervenção da Ministra sem escrúpulos que destrói a educação para por os pais contra os professores e que não entende o conceito de acção fora do autoritarismo ignorante e de tiques salazarentos, ao serviço do partido do 'big joke' que nos governa - aquele que desonra o nome do grande filósofo, que acima de tudo prezava a verdade e o respeito pela lei e por elas morreu.
Mas não se demitem, nem um nem outro, coladinhos que estão ao poder e às benesses que dele chupam.
Correio da Manhã
Faltam documentos na escritura da casa da mãe de José Sócrates. A notícia foi avançada pelo ‘Jornal Nacional’, na TVI, citando o ‘Sol’. Os documentos em falta dizem respeito ao pagamento da Sisa e à identificação da procuradora que vendeu o imóvel, uma offshore sediada nas Ilhas Virgens britânicas, segundo o semanário. Em 1998, altura da venda, era notária Maria de Lurdes Menezes, que em 2006 foi condenada a três anos de prisão por falsificação de documentos.
O perímetro humano que rodeia o primeiro ministro é tudo gente que, ou está na cadeia, ou está a caminho da cadeia, ou está a ser investigada por crime (dos mais variados géneros) ou está dentro de uma mala de carro a fugir para Espanha...Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és...
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.