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escultura cinética

por beatriz j a, em 26.03.09

 

 

 

 

 

 

 

Escultura cinética de modelo antigo de BMW, no museu da marca recentemente inaugurado em Munique. As esferas estão imobilizadas no ar. Belíssimo.

 

 

 

 

publicado às 22:51


Da Reflexão dos justos

por beatriz j a, em 26.03.09

 

 

 

(excerto)

 

Não choram somente os fracos.

O mais destemido e forte,

um dia, também pergunta,

contemplando a humana sorte,

se aqueles por quem morremos

merecerão nossa morte.

 

(...)

Ambição gera injustiça.

Injustiça, covardia.

Dos heróis martirizados

nunca se esquece a agonia.

Por horror ao sofrimento,

ao valor se renuncia.

 

E à sombra de exemplos graves,

nascem gerações opressas.

Quem se mata em sonho, esforço,

mistérios, vigílias, pressas?

Quem confia nos amigos?

Quem acredita em promessas?

 

Que tempos medonhos chegam,

depois de tão dura prova?

Quem vai saber, no futuro,

o que se aprova ou reprova?

De que alma é que vai ser feita

essa humanidade nova?

 

Cecília Meireles

 

 

 

publicado às 21:13


O Reino do Arbítrio

por beatriz j a, em 26.03.09

 

 

 

Jornal de Notícias

António Pina Moura

O reino do arbítrio

00h00m

Ministra e secretários de Estado da Educação não foram capazes, na AR, de dizer em que lei consta a obrigatoriedade da entrega de objectivos individuais pelos professores ou a possibilidade de os conselhos executivos se lhes substituírem ou lhes instaurarem processos disciplinares. O mais que conseguiram titubear foi: "Está na lei…". Percebe-se porque contratou Lurdes Rodrigues o eminente jurista Pedroso e lhe pagou 290 mil euros para fotocopiar "Diários da República", trabalho de tal "exigência técnica" e "complexidade" que ele não foi capaz de o completar.

Os números dizem tudo: entre 1820 e 1900, o ME produziu 29 diplomas; de 1900 e 1974 cerca de 500; de 1974 a 1986 mais 900. De 1986 para cá tem sido o Dilúvio: são tantas as leis, decretos, portarias e regulamentos que o pobre eminente jurista, prestes a afogar-se, fugiu a sete pés com o cheque no bolso, deixando para trás um monte de 44 pastas a abarrotar de fotocópias. Diz-se em Direito que "muitas leis, lei nenhuma". Quem se admira que o ME seja o reino do arbítrio? Ali pode fazer-se tudo, que há-de sempre haver uma lei que o permita…

 

 

 

publicado às 11:30


Inglaterra - o que estamos a construir cá...

por beatriz j a, em 26.03.09

 

 

 

 

Professores exaustos, desmotivados, stressados e fartos das pseudos reformas e aulas caóticas.

 

Uma professora substituta filmou as várias escolas onde esteve colocada para um documentário do Channel 4

 

 

 The Guardian

A supply science teacher who secretly filmed unruly pupils for a Channel 4 Dispatches documentary was found guilty of professional misconduct today and suspended from teaching for a year.

Alex Dolan recorded the footage covertly at four schools in London and Leeds in 2005, exposing apparent attempts by the school to dupe Ofsted inspectors.

A General Teaching Council panel found her guilty of taking advantage of pupils, breaching their trust – and that of colleagues – and abusing her position.

Dolan was praised at a hearing of the panel last week for showing integrity, and acting as a whistleblower to expose conditions in the schools in which she had taught.

 

 

 

 

 

 

 

publicado às 11:13


Vanitas Vanitatum, Omnia Vanitas

por beatriz j a, em 26.03.09

 

 

 

 

 

 

O pecado da auto-admiração cega os olhos

Toda a minha alma, e as partes todas do meu corpo;

E pr'a tal pecado não há nenhum remédio,

Tão fundo ele se entranhou no meu coração.

Não penso haver rosto tão gracioso como o meu,

Nem forma tão perfeita, bela, e verdadeira,

Desta forma defino, eu próprio, o meu valor,

Como se a todos meu valor ultrapassasse.

Mas quando o meu espelho me mostra aos olhos meus,

Vencido, curtido, de anos encanecido,

O meu amor o contrário me revela:

Amar-me deste modo, a mim mesmo, é iníquo.

 É a ti (eu próprio) que por mim eu exalto,

 Pintando os meus anos co' a beleza dos teus.

 

 Shakespear

 

 

 

 

 

publicado às 10:07

 

 

 

 Não sei o que choca mais na notícia dos três indivíduos criminosos que atacaram uma garota de 12 anos, deficiente: se foi o facto de violarem a garotinha, se foi o facto de a violarem uma segunda vez ao filmarem o acto e distribuirem como se fosse uma piada. 

 

O que assusta também é a sensação de impunidade que se adivinha nos criminosos, pois se não se achassem impunes, ou se não soubessem que neste País os crimes são punidos com penas ridículas, não teriam o gesto arrogante de distribuirem o filme assinando o acto com publicidade.

 

Sendo indivíduos de 26, 19 e 17 anos, o acto que fizeram deve ter a pena máxima pois que o fizeram com dolo, disso não há dúvida. Choca pelo desprezo que mostram pela vida humana.

 

Não me parece bem que tipos como estes, verdadeiros predadores associais, se possam mover na sociedade no meio dos outros homens, e muito menos, de mulheres...

 

Porque é que em Portugal não existe prisão perpétua?

 

 

 

 

publicado às 22:20


ne sont pas des vaches

por beatriz j a, em 25.03.09

 

 

 

 

 

 

 

 

Ceci ne sont pas des vaches

 

 

 

 

 

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publicado às 21:34


Que gente é esta?!

por beatriz j a, em 25.03.09

 

 

 

 

A Ministra da Educação e os seus acólitos foram mais uma vez ao Parlamento chamar nomes aos professores e ameaçá-los (as únicas pessoas que lhes merecem elogios são eles próprios e o outro que é irmão do outro e que tira cópias a 300.000 euros).

Como é que se explica que se mantenha à frente duma pasta uma pessoa (ou três) que faz questão de destruir os trabalhadores que têm que fazer o trabalho? Quem é a pessoa inteligente ou competente que destrói a máquina da qual precisa para fazer o trabalho?

 

Alguém me explica que regra de gestão é esta: destruir os trabalhadores de todos os modos possíveis e depois dizer que espera que trabalhem excelentemente e com alegria!

Isto não é normal!

 

É que nem uma única vez, que eu saiba, essa mulher e os outros dois foram capazes de se referir aos professores com respeito. É sempre a ofender como se fossem bandidos e a ameaçar como se fossem putos.

Pergunto a mim própria: com quem é que ela estaria habituada a lidar? Que educação lhe deram, como lidaram com ela? Quem lhe incutiu os tiques de professora primária salazarenta? Só lhe falta a régua na mão.

A senhora não é um pesadelo de incompetência? Grande paradigma de toque de Midas ao contrário que estraga tudo em que toca? Tudo?!  É da minha vista ou sempre que aparecem os três fica tudo, de repente, ordinareco e vulgar?

 

 

 

publicado às 17:46


Herrar é o mano

por beatriz j a, em 24.03.09

 

 

 

 

 

 

 

 

C - O que é isso?

F - É um fax pra ti. Toma-lo.

C - Não me digas que ainda é por causa do Freepor!

F - Oh pá! Cala-te com isso que inda te ouvem.

C - Quer lá saber! Sou eu que mando aqui. Calha bem.

R - Olha isso era o que também pensava. Que mandava e podia dizer e fazer tudo. Vê lá no que isso deu!

C - Prontos! Tá bem. Herrar é o mano.

F - Qual? O do filho do tê tio?

C - O quê? Mas de quem falas?

F - Ora, do mano Herrar!

C- Arre! Já disseste isso mas não sei do que falas.

F - Ai ai ai! Tás parvo? E logo aqui em frente de toda a gente?

C - Ai eu é que tou parvo? Tu é que tás aí com uma conversa dum mano. Eu não tenho manos.

F - Bem! Então quem é o Herrar?

C - És memo parvo. Eu disse que HERRAR É O MANO!

F - Outra vez? Mas qual mano?

C- O MANO grande estúpido! Ainda te mando outra vez pra donde vieste! O MANO. Como se diz das pessoas q fazem as coisas mal feitas.

F - Ahhhhhhhhhhh! Tu queres dizer HUMANO, de HOMEM?

C - Claro. O que é qavia de ser?

R - Tu falaste muito mal! Onde é que aprendeste a falar assim?

C - Foi com o Magalhães.

R - Logo vi. Essa mania do Magalhães é que nos lixa. A culpa disto tudo é tua.

C - É tua.

R - É tua.

C - É tua.

R - É tua.

F - Parem com isso, já! E tu, tás proibido de mexer no Magalhães.

C- Vocês serem muito maus pra mim. Não basta chamarem-me nomes os outros ainda tenho de vos ouvir-los a vocês. Herrar é o mano, pá!

 

 

 

publicado às 18:43


Futuros governantes

por beatriz j a, em 24.03.09

 

 

 

Tenho aí uma meia dúzia de alunos talhadinhos para as cadeiras do poder.

Escrevem mal e têm vocabulário muitísssimo reduzido (todas as palavras lhes são estranhas e riem-se muito delas - divã, por exemplo, provocou risos desenfreados e perguntaram se eu não estaria enganada ou a inventar palavras!) mas não se coibem de corrigir o meu português, ou o dos filósofos e outros pensadores; aliás, também são especialistas em dar opiniões que, naturalmente, são, de longe, muito mais importantes que as reflexões de qualquer pensador, cientista ou filósofo, já para não falar das minhas.

Não estudam, são cábulas profissionais, mas negam sempre a prevaricação. É claro que a culpa dos maus resultados é notoriamente minha, até porque se escreveram disparates nalgum teste só o fizeram porque foi tal qual o que eu disse nas aulas, sendo que a prova provada é que está escrito naquele objecto enrolado e puído de tanto encher o bolsos de trás a que chamam caderno.

O objectivo imediato deles é passar sempre sem terem de estudar e a seguir arranjar emprego que dê muito dinheiro sem que seja necessário trabalhar.

São mal educados, não tanto por malícia mas por ausência de consciência das coisas - «não se medem», têm aquela arrogância um bocado confrangedora de quem, para explicar que andou neste ou noutro curso, fala da sua carreira académica...

Enfim, são cerca de meia dúzia entre os dezassete e os dezanove anos. Quando olho para eles parece-me estar já a ver sócretinos, moreiras, rodrigues, lemos, pedreiras e afins em potência.

 

 

 

publicado às 13:15


Por cá, Bandidos 1 - Povo enganado 0

por beatriz j a, em 24.03.09

 

 

 

Jornal de Notícias

 

Fraude/Madoff: Dinheiro recuperado já ultrapassa os mil milhões de dólares - advogado do liquidatário

Nova Iorque, 24 Mar (Lusa) - Um advogado do responsável pela liquidação dos bens do gestor norte-americano Bernard Madoff, acusado de uma fraude de 64,8 mil milhões de dólares, anunciou que os fundos recuperados já superam os mil milhões de dólares.

O advogado David Sheenan afirmou que foram localizados 75 milhões de dólares numa conta bancária em Gibraltar, elevando assim o valor recuperado para mais de mil milhões de dólares.

David Sheenan falou aos jornalistas após uma audiência num tribunal civil em que o liquidatário dos bens do gestor requereu uma procuração para obter poder sobre as operações internacionais de Bernard Madoff.

 

O gestor e ex-presidente da bolsa de valores Nasdaq está em prisão efectiva há cerca de duas semanas, após declarar-se culpado de todas as acusações, que incluem branqueamento de capitais, fraude e falsificação de documentos, enfrentando agora a possibilidade de ser condenado a até 150 anos de prisão, quando no próximo dia 16 de Junho for decretada a sentença.

NM.

 

E por cá? Quanto dinheiro se recuperou? Quem está a ser responsabilizado pelos roubos, pelas fraudes que deram origem a esta desgraça que atinge milhares de pessoas? Para além do Oliveira e Costa, ninguém. Tanto quanto sabemos até podem estar a ser premiados com milhões, ver o ordenado dobrado, duas reformas completas, etc., etc.

Lá os bandidos são presos; cá, diz-se ao povo: não sejam invejosos que se vocês pudessem tinham feito o mesmo.

 

 

 

 

publicado às 03:07

 

 

 

 

 

Dado o carácter do jornalismo actual, a profissão de espião deixou de fazer sentido.

 

Uma máscara diz-nos mais que um rosto. Somos cada um o nosso próprio demónio. E fazemos deste mundo o nosso inferno.

 

Quando um homem diz que esgotou a sua vida é porque a vida o esgotou.

 

Raros homens encontram o seu ideal uma vez. Nunca duas vezes.

 

A prudência inscrita na covardia tem o nome de senso comum.

 

É fácil simpatizarmos com o sofrimento e difícil simpatizar com o pensamento.

 

A memória é o diário que levamos connosco para toda a parte.

 

Tudo o que é moderno na nossa vida devemo-lo aos gregos. Tudo o que é anacrónico se deve à Idade Média.

 

O prazer superior é literatura, é realizar o que não existe.

 

Os poetas sabem quanto ajuda nas vendas uma paixão utilmente divulgada. Hoje em dia, de um coração desgarrado tiram-se várias edições.

 

Viver é o que há de mais raro. A maioria apenas existe.

 

  

 

 

publicado às 22:42


Dia mundial do escolante...

por beatriz j a, em 23.03.09

 

 

 

 

  Parece numa discoteca, não parece? É numa escola.

 

 

Amanhã comemora-se o dia mundial do estudante.

E porque não o dia mundial do Escolante? Indíviduo/a que pratica o acto de ir à escola, estar na escola, divertir-se na escola, ter prazer na escola...enfim, aquelas actividades tão do agrado da equipa ministerial.

Repare-se que não choca com o dia do Estudante, indivíduo/a que pratica o verbo estudar. Não, não, o Escolante como produto legítimo é uma invenção recente e em grande expansão em Portugal. Porque não dar-lhe relevo já que está praticamente institucionalizado? Alargá-lo à escala mundial.

 

Já inventámos os Descobrimentos, porque não inventar os Escolantes? Eles já cá estão! Era uma questão de aproveitar a oportunidade. Até se podia pensar, quem sabe, na próxima cimeira europeia, o primeiro ministro com uns autocolantes a distribuir aos parceiros europeus uns folhetos de promoção ao Escolante. Afinal, quem melhor que ele para tal promoção...

 

Aqui fica a proposta.

 

 

publicado às 12:52


O estatuto do aluno...

por beatriz j a, em 23.03.09

 

 

 

Na última reunião de D.T.s fiquei a saber que um aluno que falte tanto que tenha de fazer uma prova para que decidir-se se pode continuar a estudar, esse aluno, se tirar uma positiva nessa prova, vê as suas faltas voltarem ao zero. Para que se entenda melhor: pode começar do início a faltar à toa. Ou ainda, ficará em situação beneficiada relativamente a outro aluno que não tenha o hábito de faltar e tenha apenas duas ou três faltas, pois a este ninguém lhe perdoa as faltas: a não ser que se torne um mau aluno e comece a faltar à toa - aí tudo lhe é relevado.

 

Dizendo ainda de modo mais claro: o estatuto do aluno não promove a responsabilidade dos alunos, não premeia os melhores alunos, os mais responsáveis. O estatuto do aluno premeia os prevaricadores e é um modo de obrigar os professores a não poderem exercem a sua função implícita de educadores.

 

Já nada disto espanta, vindo deste trio 'parece que não andou muito tempo à escola' como se dizia antigamente. O que espanta é não vir nenhum artigo no estatuto do aluno dizendo que o aluno que não goste de ir à escola tem o direito que o professor, depois do serviço na escola, vá a sua casa dar-lhe aulas particulares. Ou ainda, que deve abrir-se inquérito ao professor que tenha sido agredido, para que se apure o que há de errado com o professor, o que é que ele fez para o aluno não gostar dele.

 

Os vírus penetram no sistema por todos os lados. A quem interessará esta destruição da escola pública?

 

 

 

publicado às 09:53


As crises são horizontes de oportunidade?

por beatriz j a, em 23.03.09

 

 

 

Agora leio esta frase em tudo quanto é sítio. Já tive amigos a dizerem-me que até é uma sorte vivermos neste tempo porque já passámos por uma revolução e agora por esta crise que há-de ser um 'princípio de mudança', porque todas as crises são 'oportunidades de mudança' e é excitante e tal, e tal... Isto faz lembrar aqueles argumentos segundo os quais as guerras são momentos de grandes invenções em que o espírito humano se ultrapassa a si mesmo. Como se as invenções que se fazem durantes as guerras tornassem as guerras acontecimentos positivos, ou com uma faceta positiva! Como se, sem guerras, o espírito humano perdesse a capacidade inventiva, como se não fosse possível, e até desejável, que o espírito inventivo dos homens se volte para iniciativas pacíficas e geradoras de desenvolvimento positivo.

Dizer que esta crise é uma oportunidade de mudança, é dizer que não é possível ao Homem evitar que pavões incompetentes sem escrúpulos como o Sócrates, o Vítor Constâncio, a Mª Ludes Rodrigues, o Dias Loureiro, o Armando Vara, o João Rendeiro, o Oliveira e costa (e outros internacionais ainda maiores), etc., etc., etc., assaltem o poder e actuem como um tsunami, uma onda de destruição. Mais, é dizer que isso é inevitável e que até tem um lado positivo, que é o de gerar crises! Como se não fosse possível inovar sem as crises geradas pelos parasitas do sistema.

Os países estão, neste momento, como um organismo doente com SIDA, vulneráveis e sem defesas contra o vírus que se introduziu no sistema pela mão da classe política. As pessoas estão a ceder ao vírus, quer dizer, estão a empobrecer, a ficar sem os empregos, etc., e os mesmos que foram, e são, os vírus do sistema querem impigir-nos a ideia de que isso até é positivo? Estão a gozar?

Positivo era que os Constâncios e outros devolvessem os prémios de produtividade e afins que receberam neste últimos anos. Os prémios foram indevidos, as pessoas que os receberam não têm mérito, têm demérito.

Hoje leio nos jornais as empresas de têxteis a dizer que precisam de despedir pessoal para sobreviverem. Até pode ser verdade mas, antes de se despedirem trabalhadores que sempre trabalharam com mérito tem que despedir-se, e pedir os prémios de volta, todos os que à frente de cargos públicos e empresas públicas infectaram o sistema com doença mortal. Não o fazer é perpétuar no sistema os bichos que o corroem e matam.

 

 

 

publicado às 09:05


O escritor impressionista

por beatriz j a, em 22.03.09

 

 

 



 

Carta de Wenceslau de Moraes a um candidato a escritor. Tirada desse livro aí em cima:

 

«Ponha a sua alma toda no que escreve[...] Não tenha vergonha do que disser. [...] Vibre todo inteiro quando escrever, faça vibrar o coração de todos os que o lêem. O realismo de Zola, nu e cru, não presta, fez banca rota. Quer-se mais, quer-se a observação psicológica, quer-se a nota aguda, aguda como um punhal, que nos fira e vá ferir os outros. Nojo, cólera, asco, ódio, horror, amor, paixão, enlevo, idolatria, desespero, tristeza, etc., etc., etc., tudo serve; o que se quer é que exprima a impressão do que vê com uma palpitante emotividade do sentir, de maneira a ir comover fortemente os leitores. [...] Para se escrever, é preciso a gente encontrar-se num estado especial, de concentração, de extâse, de hipnotismo. Afinal de contas, exige-se que o escritor, como qualquer outro artista, seja um doente de espírito. [...] O indivíduo acostumado a escrever consegue, sem auxílio de drogas, esse estado vibrátil, subtil, impressionável, sem o qual não se pode escrever nada de jeito. Repito, o escritor impressionista tem que ser um doente; a arte impõe isto.»

 

Que texto! Extraordinário!

 

 

 

 

 

publicado às 20:27


Se alguém perguntasse...

por beatriz j a, em 21.03.09

 

 

 

Porque é que continua na educação? Responderia com as palavras de Castoriadis, tiradas daqui:

 

 

 

«(...) se considerarmos a actual situação, não de crise mas de decomposição e de descalabro das sociedades ocidentais, encontramo-nos perante uma antinomia de primeira grandeza: aquilo que se tornou verdadeiramente necessário é imenso (...)

 

Dada a crise ecológica, a extrema desigualdade na partilha das riquezas entre países ricos e pobres, a quasi-impossiblidade do sistema para prosseguir a sua presente corrida, aquilo que é necessário é uma nova criação imaginária de uma importância nunca vista no passado, uma criação que colocaria no centro da vida humana outros significados para além da expansão da produção e do consumo, que designaria diferentes objectivos para a vida que pudessem ser reconhecidos como valendo a pena para os seres humanos. É evidente que isso exigiria uma reorganização das instituições sociais, das relações laborais, económicas, políticas e culturais. Ora esta orientação está... longe daquilo que pensam e, talvez, daquilo que os seres humanos actualmente desejam. Esta é a imensa dificuldade que temos de defrontar. Deveríamos querer uma sociedade na qual os valores económicos deixassem de ser centrais ou exclusivos, em que a economia voltasse a ser posta no seu devido lugar enquanto simples meio e não enquanto finalidade última da existência humana, em que renunciaríamos a esta louca corrida rumo a um consumismo sempre acrescido.

Isto não só é necessário para evitar a destruição definitiva do ambiente terrestre, mas também, e sobretudo, para tirar da miséria psíquica e moral os nossos contemporâneos.

 

(...)Há alturas na História em que tudo aquilo que se possa fazer no imediato é um longo e lento trabalho de preparação. Ninguém pode saber se estamos a atravessar uma breve fase de estado de sonolência da nossa sociedade ou se estamos a entrar num longo período de regressão histórica. Mas não é por isso que fico impaciente.»

 

O sublinhado é meu: para sublinhar o que me mantém, a mim e a muitos outros, acho, nesta luta, neste remar contra a maré...

 

 

 

 

 

publicado às 17:16


A educação....para onde agora?

por beatriz j a, em 21.03.09

 

 

 

Começa a ser extremamente difícil falar da educação, pelo menos neste País, porque os considerandos estão todos feitos e já todos os compreenderam. Quero dizer, já ninguém, das pessoas que estão minimamente por dentro dos problemas, tem dúvidas que as reformas dos últimos dez anos, ou mais, foram erradas, assentaram em pressupostos errados, e deram péssimos resultados. Em relação aos resultados, até quem é estranho a estes problemas percebe que as coisas foram muito mal pensadas.

 

Já toda a gente percebeu, também, que a pasta da Educação tem estado entregue a pessoas completamente que é mais o que ignoram que o que sabem do assunto, desde os tempos da Ana Benavente (quem iniciou a moda de chamar 'as crianças' a tudo quanto é aluno, mesmo que tenham 18 ou 20 anos), passando pelo SS com a ajudante Margarida Moreira e outros até chegar às pérolas de sabedoria que são esta equipa que lá está.

 

Que resta agora fazer? A quem podemos falar, se os do poder são surdos e cegos? Não falo apenas dos professores, mas do País! O que podemos fazer quando sabemos, todos sabemos, que as coisas estão a ser muito mal feitas por gente muito incompetente e ninguém quer saber?

O que se pode fazer quando as autoridades, desde o Presidente aos responsáveis da tutela não estão incomodados pelo aumento da violência nas escolas? Não estão incomodados com o facto de os assuntos da Educação estarem nas mãos de gente do...?

 

Ou o poder volta atrás com o ECD, o mais depressa possível, ou isto já tem remédio, nem emenda, pelo menos nos próximos vinte e cinco ou trinta anos.

É mais ou menos como o efeito de radiação das bombas nucleares: depois que a contaminação se infiltra no solo impregna-se a tudo o que nasce durante décadas. As coisas continuam a nascer a cescer, mas tudo contaminado e infértil. É o que está a acontecer na educação - estamos na fase de contaminar o solo, e a mim o que me confunde, é que ninguém queira saber. Que se estejam nas tintas para a falta de horizontes no futuro do País.

 

publicado às 16:05


Filhos de Portugal

por beatriz j a, em 21.03.09

 

 

Sinto o corpo do meu País

são minhas todas as partes

das florestas de Montesinho, a leste

ao verde puro do Minho, no oeste;

do sol a morrer no Douro

às terras profundas do Bouro;

dos picos agrestes da Estrela

ao litoral da Figueira

e de Castelo Branco a Lisboa

seguindo a linha do Tejo;

mais que tudo é sentido

no coração amado

o recorte da Arrábida

que vigia o azul do Sado.

Do Alentejo sinto o rubro dourado

no calor do campo debulhado

e no Algarve o imenso mar

na imponente ponta de Sagres

donde saíram a navegar

os valentes e o grande poeta

(alguns para não mais voltar)

a descobrir belas ilhas

- a Madeira de águas quentes

e os Açores verdejantes -

que lá de longe nos lembram

que em todo o sítio e lugar

onde alguém fixar o mar

com a saudade no olhar

está viva um pouco da alma

dos filhos de Portugal.

 

beatriz j a

 

 

 

publicado às 13:47


Poema

por beatriz j a, em 21.03.09

 

 

PAVÃO

 

É impressionante notar

certas tendências humanas

vê-las atravessar

qualquer estrato social

e cruamente desmascarar

a falsa superioridade

da riqueza ou da antiguidade.

 

Não cessa de espantar

como os padrões se repetem

nivelando a sociedade

na linha da vulgaridade.

É uma certa mentalidade

que atravessa a sociedade

- tanto ataca o iletrado

como o mais bem educado.

 

Falo das aspirações

e desejos inconfessados

que se revelam nas acções

dos menos e dos mais abastados.

A vaidade de mostrar

só para outros impressionar;

a obsessão com a moda

( do vestir, do falar e do pensar )

só pelo prazer de ver outros invejar;

o sentimento de superioridade

por nos outros poder mandar;

a raiva mal disfarçada

o temor e a incompreensão

por aqueles que não se esforçam

e se podem até evitam

entrar nesta procissão.

 

Neste auto-deslumbramento,

oferecem-se para qualquer cargo

mesmo os mais altos do Estado

e à medida que promovem

uns e outros de seu clã

convencem-se que são dotados,

génios pré-destinados.

Patéticos, sórdidos e ridículos

se por seus discursos e actos

não dessem origem ao trágico.

Por trás de cada um desses tipos

autênticos só nos simulacros

esconde-se uma mentalidade novelesca

que guia toda a acção

sempre com a mesma intenção

de exibir seu sucesso

tal qual como um pavão.

 

 

beatriz j a

 

 

publicado às 10:54



no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau. mail b.alcobia@sapo.pt

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