Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]





Educação

por beatriz j a, em 19.11.12

 

 

 

 

Andam a sair decretos sobre avaliação de professores... outra vez... ainda não li nenhum e francamente não quero saber disso. Estamos com parte dos salários cortados, sem subsídios, as carreiras congeladas e continuamos obrigados a fazer formações que nada acrescentam e avaliações que nada melhoram...

Neste país parece que os ministros da educação fazem um pacto assim que chegam aos governos de não voltar a falar de educação e só se pronunciarem sobre assuntos periféricos.

A avaliação na educação é como a inspecção da comida: serve para ver se alguma coisa está estragada e é nociva mas, não avalia a sua qualidade gastronómica nem ensina a fazer bons cozinheiros. Enquanto não perceberem isso nunca hão-se ultrapassar este problema. Aulas assistidas aqui e ali... têm mérito no início de carreira, sobretudo as aulas dos orientadores que os estagiários observam para terem modelos de referência de actuação.

Dar aulas é um processo em continuo melhoramento que não se aperfeiçoa com observações exteriores, mas com exemplos. Num ano inteiro de aulas, umas correm bem outras menos bem. Em alturas que andamos cansados às vezes fazemos, ou dizemos alguns disparates. Isso não faz de um professor um mau professor. Quando desacertamos uma aula, temos as seguintes para corrigir.

Eu acho bem que os Directores, que são quem avalia (não os Coordenadores ou outros colegas, o que é um erro tremendo que continua a estragar as escolas), vão assistir a aulas sem aviso, para saber o que se passa nas escolas e o que as pessoas estão a fazer. Agora, aquele teatro de preparar aulas para inglês ver...

Cada vez me interesso menos por essas coisas que não adiantam nada à educação e me concentro mais nas aulas e nos alunos. Se uma pessoa esperasse que o ministério da educação, pela sua acção inteligente e pedagógica nos motivasse ou contribuísse para a nossa evolução profissional, morria na espera.

De ano para ano as políticas do ministério são cada vez mais leninistas (o que causa estranheza uma vez que não temos governos comunistas, antes pelo contrário): os eleitos decidem, arbitrariamente, e depois dão ordens e obrigam toda a gente a obedecer ao seu plano quinquenal, mesmo que desvirtue a Constituição e a própria profissão de professor, assente na liberdade pedagógica e técnica de ensinar e educar os alunos, não duma maneira uniforme como se fossem todos robots a serem formatados em fábrica mas duma maneira responsável, criativa, evolutiva e eficaz.

Confunde-se coerência com uniformidade. Coerência é o acordo interno das partes consigo próprias. Uniformidade é, como o nome indica, todos usarem o mesmo uniforme de modo a ninguém se distinguir de ninguém. Como é que uma profissão que tanto depende da iniciativa e criatividade dos professores pode promover a uniformidade que anula essas qualidades? A uniformidade leva até à incoerência com a própria disciplina que ensinamos. E que preparação damos aos alunos fazendo-os crer que é tudo uniforme e nada nem ninguém se deve distinguir das outras coisas e pessoas? Mas alguém que tenha educação e posses quer os seus filhos educados de maneira a serem incapazes de criatividade e empreendorismo à força de tanta uniformização?

Uma avaliação de professores também não é coerente por ser uniforme.

É uma tristeza cada vez maior assistir a esta destruição leninista da educação pública. E vê-la ser defendida e promovida por pessoas que se dizem defensores da liberdade e dos valores democráticos... algumas que até são de direita... é um sinal dos tempos de ignorância, confusão e desnorte em que vivemos.

 

publicado às 07:25


2 comentários

Sem imagem de perfil

De nuno a 19.11.2012 às 18:38

Olá...eu acho que os ministros da educação só querem o dinheiro, o resto é atirar barro à parede. kisses
Imagem de perfil

De beatriz j a a 19.11.2012 às 18:48

é o que começa a parecer, mas este tinha um tal discurso de seriedade e de democratização das escolas que até faz impressão a reviravolta tão rápida e 'remorsless'

Comentar post



no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau. mail b.alcobia@sapo.pt

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.



Arquivo

  1. 2019
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2018
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2017
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2016
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2015
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2014
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2013
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2012
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2011
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2010
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2009
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2008
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D



Pesquisar

  Pesquisar no Blog

Edicoespqp.blogs.sapo.pt statistics