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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Correm rumores de que o estado, para afirmar a sua laicidade, vai mandar alterar o nome de todas as escolas públicas que tenham nomes de santos.
É claro que eu não acreditei. Uma tal ideia só poderia vir de gente muito ignorante e inculta – aquele pessoal que não andou muito tempo à escola, como se dizia antigamente – que toma as coisas em sentido literal e não compreende que as referências religiosas, que existem em todos os países, são parte da sua memória e património cultural, e não um atentado à separação de poderes; e que um país sem memória é como uma pessoa sem memória: fica sem a identidade. É claro que isto não pode ser verdade. Senão vejamos, era preciso, depois, mudar o nome do palácio de S. Bento, está claro! E a escola Padre António Vieira? Passar-se-à a chamar escola Toni Vieira? O sermão de Santo António aos peixes será de ensinança proibida? Ou será, doravante, o sermão do Toni aos peixes? E a avenida Infante Santo? Melhor, todas as avenidas Infante Santo deste país? E o ministro Santos Silva? Naturalmente teria de ser dispensado por trazer no nome a marca do poder religioso. E a padroeira de Portugal? A Nossa Senhora da Conceição? Ou o dia 8 de Dezembro será, daqui em diante, o dia da São? Ou vai Portugal perder a sua padroeira de mais de 350 anos, símbolo da nossa independência?
Proponho, para encher os cofres do estado, que se institua a prática de multa a todos os provocadores que utilizem expressões do género, Oh meu Deus!; Ai minha nossa Senhora!; Ai Jesus! Santo António me ajude! Adeus! Etc. Só o dinheiro das multas derivadas dos santinhos(!) que se seguem aos espirros daria para vários aeroportos.
É claro que quando isto acontecer já o dia de Todos os Santos foi substituído pelo dia de todos os bandidos...
(publicado originalmente no Libertismo)
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