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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Sem-Abrigo
Só nos meus pensamentos encontro morada
Abrigo dif'rente não me foi cedido;
Ao próprio lar nunca me vi atraído,
E a tenda pelo vento brutal foi levada
Só nos meus poemas encontro morada,
E, se tal refúgio consigo nos matos,
Em estepes, cidades ou sítios ingratos,
Miséria nenhuma me afectará nada.
Ainda demora, mas há-de chegar
O tempo em que a força me abandonará
E em vão doces ditos irá requerer
Com que eu construía, e em que o chão irá
Guardar-me e eu me inclino para esse lugar
Onde há uma cova no escuro a romper.
J. Slauerhoff (trad. F. Venâncio)
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