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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Safonkin
Esta semana esteve em Lisboa um Professor de Harvard: veio falar de felicidade no trabalho. Disse que os trabalhadores motivados são muitissimo mais produtivos. Que as empresas prósperas têm o cuidado de manter nos seus trabalhadores 'felizes', isto é, motivados; que essa motivação passa pela consideração pelas pessoas e por incentivos de variadissima ordem.
A revista Exame, uma vez por ano, traz uma lista das empresas portuguesas onde melhor se trabalha ao nível da satisfação pessoal e motivação. Não é coincidência serem as empresas onde a produtividade e os lucros são maiores.
Com tanta conversa de boas práticas e boa gestão, o ministério da educação fez, nestes 4 anos, o oposto do que se defende para aumentar a produtividade: desmotivou os professores, tratou-os como bandidos, incentivou o desrespeito e a desconsideração pela dignidade das pessoas, tratou-as como lixo, ao ponto de as obrigar a trabalhar até à morte - três ou quatro professores morreram por lhes ser negado o direito de doença.
Atirou com professores para o desemprego, pôs uns contra outros, os pais contra os professores... não teve escrúpulos ao tentar quebrar as pessoas. As escolas são hoje barris de pólvora cheias de violência e agressividade prestes a explodir.
E ainda não estamos no pior: quando vierem os abusos das direcções, as avaliações de colegas, as pessoas a terem que aceitar ordens idiotas e absurdas, etc. etc. aí é que as coisas entrarão na pior fase.
Os professores, nestes quatro anos que passaram, mostraram ser o único grupo profissional que assume a cidadania no seu pleno, que sacrificou carreira e vencimento para lutar pelo que sabe ter valor não venal - a educação pública com os seus ideais democráticos - que não abdica dos seus direitos de pessoas emancipadas e livres que se recusam a submeter à tirania dos cegos e dos venais.
Espero que amanhã tirem o poder às aves rapaces que descarnam o povo sem remorso.
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