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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
abola.pt
Redacção
Francisco Louçã assume a ambição de levar o Bloco de Esquerda (BE) à dimensão de partido maioritário e garante o seu «objectivo é disputar a liderança política nacional com o PS e o PSD».
A ambição foi confessada em entrevista ao ‘Expresso’ e o líder do BE defende que a fasquia não está demasiado elevada:
«Desde o princípio até agora, o Bloco multiplicou por seis os seus resultados eleitorais. Se assim continuar, o problema fica resolvido em pouco tempo», argumenta.
Relativamente à estratégia de curto-prazo do BE, Louçã volta a rejeitar qualquer hipótese de coligação com o PS: «Não faço parte desse Governo, nem o apoio ou aprovo as suas políticas. Não participamos num governo com o qual estamos totalmente em desacordo em questões estruturantes da política», garante.
Para Louçã, «o PSD não ganhará claramente as eleições. O PS pode ganhá-las mas é absolutamente certo que perderá a maioria absoluta».
Um prognóstico que atribui, em parte, à sua acção política: «Sócrates perdeu muito a meu favor», assegura.
Ó pá! Espero que não, que isso seria sair da lama para cair no atoleiro.
Confesso que o Louçã me faz sempre lembrar um padre na homilia. Acho que é sobretudo pelo tom de voz e pelo modo como fala, com aquelas tiradas politico-morais do género, 'não participaremos porque estamos em desacordo em questões estruturantes da política'.
Eu confesso a minha ignorância, mas não faço a mínima ideia, nem sabia que o BE tinha uma estruturação política própria.
São de proveniência ou inspiração trotskista, isto sabemos; estão sem discurso político para os dias de hoje, também sabemos, e que querem substituir esses termos do antigamente, porque estão esvaziados de sentido e porque o pessoal abaixo dos 30 anos, salvo raras excepções, nem sabe do que é que eles estão a falar; dedicaram-se a causas: a eutanásia, o aborto, os homossexuais, etc. (ultimamente também à avaliação dos professores e nesse aspecto com boa prestação, diga-se de passagem).
Mas, que eu saiba, não há ali ideologia estruturadora duma política própria, identitária.
Aliás, sei que, pelo menos nestes últimos meses - provavelmente porque perceberam que estavam a subir nas sondagens e que teriam de ter, justamente, algum discurso político coerente e diferenciado do PS e do PCP e dos PCPTs e MRPPs- têm tentado recrutar em algumas faculdades estudantes universitários com algum pendor para a reflexão política numa tentativa de arranjar futuros 'ideólogos' ou, pelo menos, perspectivas ideológicas que possam apresentar ao eleitorado na hora de dizer: 'nós defendemos este ou aquele modelo de sociedade'. Ou seja, parece que estão a precisar, com urgência, de uma ideologia política a tempo das eleições.
Ao que sei, essas sessões tipo 'brainstorming' nem sempre correm bem.
Pessoalmente, acho que é um excelente partido para ter na oposição. Fazem crítica cerrada e mantém os governos alerta.
Ora, se é nisso que são bons, é deixá-los nesse posto...
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