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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Até agora este é o melhor artigo que li sobre a questão do acordo nuclear com o Irão.
Esta é uma oportunidade da UE se apresentar como uma referência no que concerne à fiabilidade dos acordos internacionais sem a qual nunca haverá estabilidade e paz e como modelo de ética de trabalho, que é algo que vale dinheiro em forma de investimentos, acordos comerciais, etc. Só que para isso é preciso que a UE esteja disposta a pagar e o pagamento não é só em dinheiro e apoio mas também em pressão para que as as empresas europeias, as tais que pela sua dimensão influenciam e cativam as políticas europeias, ajam olhando para além do mero lucro.
Não tem grande valor a UE bloquear sanções norte-americanas se depois as grandes empresas, os grandes grupos económicos, se retiram do Irão com medo das sanções norte-americanas [o compromisso da UE de manter o acordo nuclear não é compatível com o anúncio da retirada provável [do Irão] de grandes empresas europeias"] porque, como sabemos, essas grandes empresas e grandes grupos económicos têm lobbies poderosos que influenciam as políticas e porque são esses grupos que tornam vantajoso para ambas as partes a manutenção dos acordos.
Portanto, ou os europeus, incluindo aí as grandes empresas, assumem a sua parte na construção do projecto europeu e contribuem para a credibilidade das políticas da UE ou não assumem e a UE continua neste caminho de se americanizar: pôr o lucro e o dinheiro acima de tudo, cada país, cada empresa, fechados no seu umbiguismo e o projecto já falhou.
Esta é uma oportunidade de reconstruir a imagem da Europa como uma zona do mundo onde as questões da paz e as questões éticas não foram esquecidas e atraiçoadas. Digo atraiçoadas porque a Europa, no pós-guerra foi capaz de se reconstruir como um espaço credível com valores, princípios e objectivos éticos de equidade, liberdade, democracia e paz, princípios que neste momento estão a caminho acalerado dos últimos estertores da morte.
Da reconstrução dessa imagem depende a posição europeia como modelo de referência e de influência das políticas que determinam os caminhos do planeta. Sem essa imagem está a UE condenada à progressiva perda de influência a nível global e à vulnerabilidade aos ataque dos que a querem, e estão, a desfragmentar.
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