Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Hoje todos vocês viram.
Como um raio enorme
O universo iluminado.
Foi o planeta azul,
No fim da Via Láctea.
A Pátria da espécie,
Que se suicidaram uns aos outros.
Chamavam-lhe "pessoas"
Ninguém conseguiu o suficiente.
O seu Deus chamou-lhe dinheiro.
(...)
Do seu planeta,
Só tirado,
Nunca foi dado.
Até ele estar quase morto.
Para o resto das migalhas,
Do seu mundo,
Guie guerras cruéis.
Norbert Tímido in, Elogio fúnebre do universo.
«(...)
Também causam sonolência
Os livros dos grandes mestres;
Eu hoje aos frutos da ciência
Prefiro amoras silvestres.
Nos livros há muita asneira.
Nos campos muita razão:
Caiu de uma laranjeira
A lei da gravitação.
Viva a loucura! Minerva,
Ergue um pouco os teus vestidos
E vem rolar sobre a erva
Dos belos campos floridos!
Toda a manhã, que martírio!
Tem andado além defronte
Um melro a ensinar a um lírio
Os versos de Anacreonte.
(...)»
Guerra Junqueiro, Manhã de Abril
roubado à Luísa B. no FB
Dado que a música de Bach é pura poesia, a união dos dois acontecimentos é mais que feliz 💕
O google tem um doodle muito giro para celebrar o nascimento de Bach onde podemos fazer música que o computador harmoniza.
So much a loss, but a beginning,
Taken from the harmonics of a hand,
Infinite and holy, a pair of hands
A figure for the unimagined flesh
Numinous skin of the Divine at work.
“The Small Books of Bach,” by David Wright
link na imagem
We have broken all the blackboards
We have broken all the blackboards
so the teachers cannot write.
We have painted all the toilets black
and all the lockers white.
We have torn up all the math books
and we've locked the school's front door.
There won't be school no more.
Glory, glory hallelujah!
School is closed now, what's it to ya?
There won't be no more homework
and there won't be no more tests.
There won't be school no more.
by Bruce Lansky
Khalil Mair, the champion, recites the poem "Wolf Lake" by Elizabeth Bachinsky at the 2014 Griffin Poetry Prize awards ceremony.
In 1964, when Joseph Brodsky was 24, he was brought to trial for “social parasitism.”
BRODSKY: I did work during the intervals. I did just what I am doing now. I wrote poems.
JUDGE: That is, you wrote your so-called poems? What was the purpose of your changing your place of work so often?
BRODSKY: I began working when I was fifteen. I found it all interesting. I changed work because I wanted to learn as much as possible about life and about people.
JUDGE: How were you useful to the motherland?
BRODSKY: I wrote poems. That’s my work. I’m convinced … I believe that what I’ve written will be of use to people not only now, but also to future generations.
A VOICE FROM THE PUBLIC: Listen to that! What an imagination!
ANOTHER VOICE: He’s a poet. He has to think like that.
JUDGE: That is, you think that your so-called poems are of use to people?
BRODSKY: Why do you say my poems are “so-called” poems?
JUDGE: We refer to your poems as “so-called” because we have no other impression of them.
(excerto)
Ezra Pound, fragmento, Canto 81
(tradução de Augusto dos Campos…)
Florbela Espanca nasceu em 8 de dezembro de 1894 e suicidou-se no mesmo dia e mês 36 anos depois. Escrevia assim:
"E é amar-te, assim, perdidamente
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!"
(ensina.rtp.pt)
Ripenso il tuo sorriso, ed è per me un’acqua limpida
scorta per avventura tra le petraie d’un greto,
esiguo specchio in cui guardi un’ellera i suoi corimbi;
e su tutto l’abbraccio d’un bianco cielo quieto.
Codesto è il mio ricordo; non saprei dire, o lontano,
se dal tuo volto s’esprime libera un’anima ingenua,
o vero tu sei dei raminghi che il male del mondo estenua
e recano il loro soffrire con sé come un talismano.
Ma questo posso dirti, che la tua pensata effigie
sommerge i crucci estrosi in un’ondata di calma,
e che il tuo aspetto s’insinua nella mia memoria grigia
schietto come la cima d’una giovinetta palma…
Eugenio Montale
É um festival de Poesia e feito com poetas, mas é pensado de forma a que todos possam desfrutar dele e inclui muitas outras artes. O "Poesia a Sul" começa esta sexta-feira e vai celebrar este género literário não só em Olhão, mas também em Lagos, Castro Marim e Ayamonte, na vizinha Espanha, até 28 de outubro.
Je t'ai donné un livre et je t'ai dit
c'est ça la vie
t'ai-je dit en te donnant le livre
que je ne l'avais pas lu
c'est ça la vie
dire et ne pas dire
faire comme si de l'un à l'autre
il y avait un chemin clandestin
je t'ai donné un livre et je suis
entré dans la clandestinité
le livre est passé d'une main à l'autre
et je me demande
si celui que je t'ai donné
ressemble à celui que tu as reçu
Jean Portante
Às vezes andamos tão absorvidos com os problemas e o mundo da outra realidade, a aparente -as políticas do dia a dia, os agravos e isso- que esquecemos que temos acesso à poesia e que demorar-se na poesia é um acesso directo à paz que vem com a tranquilidade. Agora há pouco fui dar com o blog de RAA que já não visitava há um certo tempo e dei de caras com estes versos transcritos em baixo. Entra-se logo num estado de espírito de acesso a uma dimensão diferente.
De vez em quando esqueço que também sei escrever um verso e que a demora na poesia infunde uma sensação de profunda tranquilidade e paz.
Esta camisa
perfeitamente passada
pelas rugas
da minha mãe
Daniel Jonas, Bisonte 8(2016
.......
O teu Produto Interno
é Bruto.
Filipa Leal, Vem à Quinta-Feira (2016)
fui ao outro blog, o da poesia, ver o que andava a escrever há 10 anos. Escrevia muito nesses anos. em 2008 escrevi 157 textos poéticos. Muitos podia tê-los escrito hoje. Outros, não, são muito atormentados, alguns revoltados.
escrito a 25 de Setembro de 2008 às 16:22
Mucho faz' el dinero, mucho es de amar:
al torpe faze bueno e ome de prestar,
faze correr al coxo e al mudo fablar,
el que non tiene manos, dyneros quier' tomar.
Sea un ome nesçio e rudo labrador,
los dyneros le fazen fidalgo e sabydor,
quanto más algo tiene, tanto es de más valor;
el que non ha dineros, non es de sy señor.
Sy tovyeres dyneros, avrás consolaçión,
plazer e alegría e del papa ración,
comprarás parayso, ganarás salvaçión:
do son muchos dineros, es mucha bendiçión.
(...)
''Poetry lifts the veil from the hidden beauty of the world, and makes familiar objects be as if they were not familiar.'' Percy Shelley
Eu hoje estou cruel, frenético, exigente;
Nem posso tolerar os livros mais bizarros.
Incrível! Já fumei três maços de cigarros
Consecutivamente.
Dói-me a cabeça. Abafo uns desesperos mudos:
Tanta depravação nos usos, nos costumes!
Amo, insensatamente, os ácidos, os gumes
E os ângulos agudos.
Sentei-me à secretária. Ali defronte mora
Uma infeliz, sem peito, os dois pulmões doentes;
Sofre de faltas d’ar; morreram-lhe os parentes
E engoma para fora.
Cesário Verde
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.