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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Não sou grande fã de fado, embora goste de ouvir de vez em quando. No entanto, há dois fados que gosto muito e ouço muitas vezes. Um é este, Gaivota, cantado pela Amália nesta interpretação. De há uns tempos para cá parece que foi redescoberto por aí, mas em interpretações que não bastam.
Estas palavras do O'Neill não são para qualquer um dizer, nem são para qualquer um cantar. É preciso ter uma voz como esta, enorme a lembrar o mar, um timbre como este que sobe ao brilhante e desce ao escuro e uma alma como esta capaz de pôr um sentimento de sofrimento magoado nas palavras do poeta.
Se uma gaivota viesse Trazer-me o céu de Lisboa No desenho que fizesse Nesse céu onde o olhar É uma asa que não voa Esmorece e cai no mar Que perfeito coração No meu peito bateria Meu amor na tua mão Nessa mão onde cabia Perfeito o meu coração Se um português marinheiro Dos sete mares andarilho Fosse quem sabe o primeiro A contar-me o que inventasse Se um olhar de novo brilho Ao meu olhar se enlaçasse Que perfeito coração No meu peito bateria Meu amor na tua mão Nessa mão onde cabia Perfeito o meu coração Se ao dizer adeus à vida As aves todas do céu Me dessem na despedida O teu olhar derradeiro Esse olhar que era só teu Amor que foste o primeiro Que perfeito coração Morreria no meu peito Meu amor na tua mão Nessa mão onde perfeito Bateu o meu coração
Alexandre O'Neill
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