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O meu corpo é o abismo entre eu e eu

por beatriz j a, em 23.10.19

 

O meu corpo é o abismo entre eu e eu.

Se tudo é um sonho sob o sonho aberto
Do céu irreal, sonhar-te é possuir-te,
E possuir-te é sonhar-te de mais perto

As almas sempre separadas,
Os corpos são o sonho de uma ponte
Sobre um abismo que nem margens tem

Eu porque me conheço, me separo
De mim, e penso, e o pensamento é avaro

A hora passa. Mas meu sonho é meu.

Fernando Pessoa

 

 Photograph: Suphakaln Wongcompune

via Fernando Pessoa "gosto de palavrar"

 

publicado às 05:10


Quatro linhas de Álvaro de Campos

por beatriz j a, em 24.07.19

 

 

publicado às 21:50

 

Poema de Álvaro de Campos censurado em manual de Português da Porto Editora

Três versos de Ode Triunfal — que contêm linguagem explícita — foram substituídos por linhas a tracejado.

publicado às 07:05


Chove muito, mais, sempre mais...

por beatriz j a, em 26.03.17

 

 

Chove muito, mais, sempre mais... Há como que uma […] que vai desabar no exterior negro...

Todo o amontoado irregular e montanhoso da cidade parece-me hoje uma planície, uma planície de chuva. Por onde quer que alongue os olhos tudo é cor de chuva, negro pálido.

Tenho sensações estranhas, todas elas frias. Ora me parece que a paisagem essencial é bruma, e que as casas (é que) são a bruma que a vela.

 

Uma espécie de anteneurose do que serei quando já não for gela-me corpo e alma. Uma como que lembrança da minha morte futura arrepia-me de dentro. Numa névoa de intuição sinto-me matéria morta, caído na chuva, gemido pelo vento. E o frio do que não sentirei morde o coração actual.

 

Livro do Desassossego por Bernardo Soares. Vol.I. Fernando Pessoa.

 

 

publicado às 18:59


Do Livro do Desassossego

por beatriz j a, em 06.06.15

 

 

 

15-5-1930

 

Uma vista breve de campo, por cima de um muro dos arredores, liberta-me mais completamente do que uma viagem inteira libertaria outro. Todo o ponto de visão é um apice de uma pyramide invertida, cuja base é indeterminável.

 

Bernardo Soares (Fernando Pessoa heterónimo)

 

 

publicado às 22:59

 

 

 

murat ibrahim

 

 

 

Pecado Original

 

Ah, quem escreverá a história do que poderia ter sido?
Será essa, se alguém a escrever,
A verdadeira história da humanidade.

O que há é só o mundo verdadeiro, não é nós, só o mundo;
O que não há somos nós, e a verdade está aí.

Sou quem falhei ser.
Somos todos quem nos supusemos.
A nossa realidade é o que não conseguimos nunca.

Que é daquela nossa verdade — o sonho à janela da infância?
Que é daquela nossa certeza — o propósito a mesa de depois?

Medito, a cabeça curvada contra as mãos sobrepostas
Sobre o parapeito alto da janela de sacada,
Sentado de lado numa cadeira, depois de jantar.

Que é da minha realidade, que só tenho a vida?
Que é de mim, que sou só quem existo?

Quantos Césares fui!

Na alma, e com alguma verdade;
Na imaginação, e com alguma justiça;
Na inteligência, e com alguma razão —
Meu Deus! meu Deus! meu Deus!
Quantos Césares fui!
Quantos Césares fui!
Quantos Césares fui!

Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa

 

 

publicado às 09:09


Aniversários - Fernando Pessoa

por beatriz j a, em 13.06.13

 

 

 

 

 

 

 

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

 

Fernando Pessoa

 

publicado às 21:54


Poesia de Pessoa

por beatriz j a, em 25.06.12

 

 

 

 

Contemplo o que não Vejo

 

(...)
Tudo é do outro lado,
No que há e no que penso.
Nem há ramo agitado
Que o céu não seja imenso.
(...)

 

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"

 

publicado às 05:55


Obrigatório indisciplinar-se :))

por beatriz j a, em 10.02.12

 

 

 

 

Exposição na Gulbenkian

Deixar-se indisciplinar por Fernando Pessoa

Fernando Pessoa é "um poeta português sem sotaque". Esta frase é dita a brincar por Carlos Felipe Moisés, o curador brasileiro da exposição Fernando Pessoa - Plural como o universo, que já pode ser visitada na Fundação Gulbenkian e assinala o Ano do Brasil em Portugal.


publicado às 16:23


do livro do desassossego

por beatriz j a, em 20.11.10

 

 

 

“O maior domínio de si próprio é a indiferença por si próprio.”

 

Bernardo Soares

 

publicado às 19:59


biblioteca de pessoa 'on line'

por beatriz j a, em 21.10.10

 

 

 

 

Biblioteca de Fernando Pessoa disponível online

A partir de hoje a biblioteca particular de Fernando Pessoa passa a estar disponível online. Quem a consultar terá acesso não só aos livros que o autor de "Mensagem" adquiriu ao longo da vida, mas também às anotações que deixou impressas nas suas páginas.

 

O site em http://casafernandopessoa.cm-lisboa.pt. está muito bom e bonito também. Há pessoas a fazer coisas excelentes neste país.

 

 

publicado às 19:59


no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau. mail b.alcobia@sapo.pt

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